A voz da oposição

O jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, deitado nos seus quase 50 anos de militância política, jornalística e todas as outras militâncias, em seu papo diário do Heródoto Barbeiro na CBN, definiu bem o que foi a conversa entre os presidentes Lula e Bush no encontro desta semana, no México.

Encontro social, sem assunto na pauta e nada a dizer. Então o presidente brasileiro apresentou ao presidente americano uma solicitação que, a rigor, nada teria a ver com ele, e sim com os responsáveis pela política diplomática: o controle da chegada de americanos no Brasil, e de brasileiros nos Estados Unidos. Com os debates sobre a Alca em total evidência entre os países envolvidos, levar a Bush questão burocrática sobre vistos de passaporte pode ser considerada questão pequena, assuntos que o mundo diplomático resolverá sem a presença dos presidentes. É de se admirar como a badalada assessoria diplomática do ministro Celso Amorim tenha permitido que se desse ao presidente essa missão. O autor dessa brilhante idéia deveria ser fichado e fotografado, o governo vai se lembrar dele sempre.

Governo falha e índio morre em RO

O governador de Roraima, Flamarion Portela, que é do PT, acusa com todas as letras o governo Lula pela morte de um índio no sábado passado no Estado. O governador, em matéria publicada no jornal Folha de São Paulo de hoje, cita que "Se ao menos o governo federal houvesse apresentado soluções alternativas para os problemas que possam vir a ocorrer, com a demarcação contínua, talvez os índios estivessem mais calmos", diz ele.

Nada pelo social, sempre

O governo, que ano passado já tinha cortado as verbas do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), reduziu em 80 por cento a verba para o programa este ano. Eram 500 milhões de reais em 2002 e serão apenas 100 milhões em 2004. Crianças retiradas dos lixões, garimpos e pedreiras estão voltando a essas atividades. Enquanto isso o presidente Lula diz que é um homem feliz. É, pode até ser...

Fiasco agrário, reforma zero

Em editorial publicado no Jornal Folha de São Paulo de hoje, página 2, caderno A, uma triste e real constatação: o saldo do primeiro ano do governo Lula, no que toca à reforma agrária foi lamentável. Diz o editorial, que nada do que foi prometido em campanha, pelo PT, foi seguido. Diz o texto, em um trecho: "de olho nas urnas, o lider petista não hesitava, durante a campanha, em anunciar ambiciosos aumentos de assentamentos e em assegurar que as metas seriam atingidas de forma pacífica". Segundo o editorial, no final do ano, o aumento que o governo colheu foi o de número de invasões e de mortes no campo. De um total de 103 em 2002, as invasões passaram a 222 em 2003. E as mortes subiram de 20 para 42. E encerra: para um país que ouviu do presidente renovadas promessas de que assistiria a reforma agrária do século 21, o tempo vai passando e deixando no ar mais apreensões de que esperança.

PSDB

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