A Voz da Oposição

Os tucanos Walter Feldman (SP) e Zulaiê Cobra (SP) acusaram ontem a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, de promover o aparelhamento político das subprefeituras da cidade de São Paulo, prática constante no governo petista, a exemplo do ocorrido este ano no Instituto Nacional de Câncer (Inca) e outros órgãos da administração federal.

Os parlamentares manifestaram preocupação com o projeto de lei da prefeitura paulista, aprovado recentemente, que cria - sem abertura de edital para concurso - 465 novos cargos de confiança para serem distribuídos entre as 31 subprefeituras da cidade.

SEM-CONCURSO - "Quem fizer um levantamento verá que quase 100% das novas vagas serão ocupadas pelos petistas. Este é um governo péssimo e incoerente. Tudo que o PT criticava no governo Pitta e Maluf, ele está fazendo ainda pior. Além dos sem-terra e dos sem-teto, que fazem o que querem no governo petista, a prefeita Marta acaba de criar uma nova classe: a dos sem-concurso", constatou Zulaiê.

Para Feldman, a criação de novos cargos de confiança às vésperas das eleições municipais soa como "escândalo". "Desde o início do governo Marta, essa é uma prática cotidiana. Até agora, já foram criados mais de 1.200 cargos de confiança. Uma boa gerência pública hoje prima pela redução dessas vagas e aumento de servidores concursados, ao contrário do que o PT está fazendo. Creio que o correto seria promover uma redistribuição dos cargos de confiança já existentes ou, se for o caso, a abertura de edital para concurso", avaliou.

Gastos administrativos do Fome Zero

O deputado Custódio Mattos (PSDB-MG), primeiro vice-líder tucano na Câmara, classificou o Fome Zero de "mera continuidade de programas do governo FHC". A afirmação foi feita durante debate que contou com a participação do assessor especial da Presidência Frei Betto. "O que o governo Lula fez? Reuniu esses projetos em um só - o Bolsa-família - e atrasou sua execução. Levou 10 meses discutindo o que ia fazer, paralisou os programas e agora retomou gradualmente, apenas no semi-árido nordestino". Ele também lembrou que até agora o Fome Zero recebeu R$ 4,5 milhões em doações, mas gastou quase oito vezes mais - R$ 35 milhões - em ações administrativas.

PSDB defende investigações em Stº andré "até a última gota"

Os deputados Alberto Goldman (PSDB-SP) e Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP) consideraram ontem "positiva" a retomada pelo Ministério Público Estadual paulista das investigações sobre a morte do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel (PT).

ESQUEMA - "O fato do Ministério Publico ter reunido indícios que o fizeram reabrir o caso mostra que houve falhas nas investigações. É preciso ir até o fim com este caso para que o país saiba os motivos que levaram o ex-prefeito Celso Daniel, figura importante da política nacional, a ser assassinado", avaliou Pannunzio, presidente do PSDB em São Paulo.

O deputado Alberto Goldman defendeu a instalação de uma CPI no Congresso para investigar o episódio na prefeitura paulista. "Sou favorável à criação de uma CPI para investigar a suposta formação de quadrilha que captava recursos para financiar campanhas do PT. Esse assunto deveria ser objeto de uma CPI, ainda mais porque existem indícios de falha na apuração do caso", disse o parlamentar paulista.

Para Goldman, independente do caso ter relação com esquema de propina na prefeitura de Stº André, o episódio precisa ser apurado "até a última gota". "Politizar o caso significa não apurar. Me parece que é exatamente isso que o PT pretende", avaliou o tucano.

CPI Mista investigará reforma agrária no Brasil

O Congresso instala hoje às 14 horas, na sala 2 da Ala Nilo Coelho, no Senado, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para investigar a reforma agrária. A primeira reunião tratará da eleição do presidente e dos vices-presidentes e da designação do relator. O PSDB indicou os seguintes tucanos: como titulares, o deputado Sebastião Madeira (MA) e os senadores Alvaro Dias (PR) e Sérgio Guerra (PE); como suplentes, o deputado Nilson Pinto (PA) e a senadora Lúcia Vânia (GO). A CPI pretende abordar a questão da estrutura fundiária e as ocupações de terras e prédios públicos.

Estagnação industrial era esperada

O deputado Mendes Thame (PSDB-SP) considerou "natural" o anúncio de que a produção industrial caiu 0,5% em setembro e que o crescimento acumulado do setor, em 10 meses, é de 0%. "É o que se poderia esperar depois de quase um ano de política econômica de um governo meditabundo, que apenas pensa, mas nada faz de concreto", afirmou.

Segundo Thame, a estagnação da indústria é resultado de falta de investimentos, juros altos, câmbio desestimulante e aumento da carga tributária. "Se Lula restabelecer as condições que permitam o crescimento, talvez tenhamos resultados positivos em 2005.

Infelizmente, 2004 já está comprometido", concluiu.

Virgílio pede informações sobre a quebra de safra do café

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio(AM), encaminhou dois requerimentos de informações à Mesa da Casa. O primeiro, enviado ao Ministério da Agricultura, pede detalhes sobre notícias de quebra da safra de café deste ano. Cálculos oficiais recentes contradizem a previsão inicial do próprio ministério feita em março passado.

CLIENTELISMO - " Os números finais deste ano não seriam nem equivalentes ao total colhido em 2003, quando a safra cafeeira do país bateu recorde com 48,5 milhões de sacas. No campo, estamos andando para trás", disse o líder tucano. O segundo requerimento de informações foi encaminhado ao ministro do Planejamento,Guido Mantega, e se baseou em denúncias da imprensa sobre o fato de o governo Lula usar critérios políticos e práticas clientelistas para a liberação de verbas parlamentares do Orçamento da União. Virgílio justificou sua iniciativa com uma reportagem publicada na edição de 2 de dezembro do Correio Braziliense, a qual denuncia que o PT utiliza a velha prática de governos clientelistas para liberação de recursos públicos.

Balanço da CPI dos Grupos de Extermínio

Os crimes ocorridos contra jovens em todo o Nordeste não são desvendados por causa da falta de interesse do poder público em punir os assassinos. A avaliação é do deputado Bosco Costa (PSDB-SE), presidente da CPI dos Grupos de Extermínio que investiga há 60 dias as execuções patrocinadas por milícias privadas nordestinas. Ontem, o tucano se disse "surpreso" com o arquivamento das investigações de um número expressivo de homicídios ocorridos na região. Segundo ele, a maioria das vítimas é pobre e jovem, com idade entre 15 e 25 anos.

VIOLÊNCIA - "São dados gravíssimos. Se as autoridades competentes não punirem os culpados, a violência no país continuará a crescer assustadoramente", destacou Bosco Costa. O deputado cobrou também empenho do Planalto na elucidação dos crimes. "Se não houver envolvimento do governo federal, não vamos chegar a lugar nenhum", disse o deputado. De acordo com o tucano, a CPI já ouviu delegados, juízes e políticos da Bahia, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. "O próximo passo das investigações será a realização de audiências públicas nos estados do Nordeste", anunciou o deputado. Bosco Costa considerou ainda "preocupante" a participação de policiais e ex-policiais nos assassinatos da região. "Os depoimentos dos convidados em audiência aberta revelaram que quem deveria estar combatendo o crime está, na verdade, à margem da lei.

Isso é assustador", afirmou. Os tucanos Helenildo Ribeiro (AL), Vicente Arruda (CE), Carlos Sampaio (SP) e João Campos(GO) também integram a CPI dos Grupos de Extermínio.

Sonolência do governo elevou desemprego

O vice-líder do PSDB no Senado Alvaro Dias(PR) disse que a sonolência do governo Lula foi a responsável pelo crescimento do desemprego no Brasil. "Em oito meses, nós tivemos 21,7% a mais de desempregados. Estamos falando do crescimento dramático do desemprego no país", disse o tucano.

Segundo ele, o IBGE aponta uma taxa de desemprego no mês de outubro de 12,9%, com queda de renda e aprofundamento da crise social. O senador disse ainda que não importa a maquiagem mercadológica feita pelo governo, porque um em cada cinco trabalhadores da região metropolitana de São Paulo está sem emprego.

REALISTA - "Em que pese os gastos com publicidade, a população sente na pele os efeitos nocivos de um governo paralisado, que não consegue retomar o crescimento econômico para atender as demandas sociais", afirmou. O senador disse que o programa de geração de empregos do PT, apresentado durante a campanha eleitoral, não era realista.

Para criar dez milhões de novos empregos em quatro anos de mandato, segundo Alvaro, o país precisaria crescer 6,7% ao ano. "Lula prometeu que o país cresceria já no primeiro ano de seu mandato 5%. Este ano, o crescimento foi medíocre, de 0,2%. É evidente que a promessa do governo Lula é inatingível", sentenciou.

O senador paranaense avisou que a oposição não deixará de lembrar ao presidente Lula da promessa que fez durante a campanha eleitoral, quando "vendeu" ao país uma "fórmula mágica" para criar 10 milhões de empregos. "Este é o papel da oposição: acordar um governo."

Yeda critica declarações de Benedita da Silva

Um governo não precisa de símbolos, mas de gestores de política social. A constatação é da deputada Yeda Crusius (PSDB-RS), que comentou a entrevista da ministra da Assistência Social, Benedita da Silva, publicada na Folha de S. Paulo de ontem. Às vesperas de uma reforma ministerial que pode lhe custar o cargo, a petista se classificou como um "símbolo" do governo Lula. Para Yeda, o trabalho da ministra e de toda a gestão petista é decepcionante. "A maior fraqueza do Planalto é justamente a área social", disse. Segundo ela, o PT mudou muito desde que chegou ao Planalto. "O PT não governa usando os símbolos que usou para se eleger. O partido mudou para pior", avaliou.

Eu sei o que vocês prometeram na eleição passada

"Se eleito, o BNDES inverterá seu papel e aumentará a liberação de crédito para pequenas e médias empresas."

- Candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em 6 de junho de 2002, quando anunciou uma guinada na atuação do maior banco de fomento no Brasil.

Estudos realizados por técnicos da instituição, no entanto, desmentem o presidente e demonstram que 60% dos empréstimos do BNDES-Exim - responsável pelo financiamento de empresas exportadoras - foram destinados à Embraer e a multinacionais do setor automobilístico.

Herança Bendita

O crescimento da produção nos laboratórios farmacêuticos públicos (federais e estaduais) no governo Fernando Henrique Cardoso favoreceu a população mais carente. O número de unidades farmacêuticas (como comprimidos e cápsulas) saltou de 2,18 bilhões em 1997 para 3,99 bilhões em 2001 - um aumento de 92%.

Números

465 É o número de novos cargos de confiança criados pela prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, que serão preenchidos sem concurso público, dentro do projeto de descentralização administrativa em curso.

0% Foi crescimento da produção industrial brasileira acumulado de janeiro a outubro. Novo adiamento do espetáculo do crescimento.

US$ 1.650 Foi o custo, segundo o jornalista Cláudio Humberto, dos serviços de tradução pedidos pelo ministro Guido Mantega em sua última viagem a Washington . Quem pagou a conta foi o Ministério das Relações Exteriores. Nesse ínterim, o Itamaraty acumula uma dívida de quase R$ 2 milhões em contas de luz não pagas.

0,25% É a nova previsão do mercado para o crescimento do PIB em 2003. A reavaliação do setor financeiro para o crescimento econômico na era Lula se tornou uma verdadeira contagem regressiva. Nas últimas semanas, as estimativas foram de 0,98%, 0,40%, 0,35%, até a mais recente, de 0,25%.

PSDB

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