Paulo Portas, líder do Partido Popular, que faz parte do governo de Portugal em coligação com o PSD de José Barroso, é um animal político predador e perigoso mas acima de tudo, um protagonista absurdo e já perto do abismo de onde saiu.
Na re-entrada do seu partido este final de semana, declarou que quer ver a entrada de estrangeiros restringida, pelo menos enquanto a crise económica durar. Foi um discurso de pequenez de estatura e de ideias, foi um acto de cegueira política aguda, foi um apelo para despertar o pior no povo português, o seu xenofobismo latente.
Se vedar a entrada de estrangeiros é mostrar “hospitalidade à portuguesa” então Paulo Portas não só se mostra com falta de sentido de Estado (como acusa a oposição) mas um pêssimo exemplo do seu país.
Se vedar a entrada de estrangeiros em Portugal é a resposta deste homem aos males do seu país, que nem seu partido nem o PSD consegue curar, evidentemente, então demonstra que o comboio da direita ou está a chegar ao fim da linha ou está a faltar já o diesel.
Se Paulo Portas defende uma política de imigração mais restritiva, esquece que Portugal deve a sua existência à politica da expansão, que vai de mãos dadas com a emigração portuguesa para os quatro cantos do mundo.
Se Paulo Portas defende que deverão ser introduzidas normas para dificultar a entrada de estrangeiros em Portugal, está a esquecer a história e está a ignorar a realidade: quantos portugueses têm emprego no Reino Unido, no Brasil, nos EUA, em Canadá, em França, no Luxemburgo, na Suiça, na Alemanha, na África do Sul, na Austrália?
O que seria do país de Paulo Portas se por cada estrangeiro barrado à entrada, fosse um português enviado para trás?
O Paulo Portas não entende, nem percebe, nem é capaz de perceber, que muitas vezes o imigrante já é desprotegido quando chega. Acrescentar a este o estatuto de desrespeito e tratá-lo como se estivesse aquí a mais é mostrar uma frieza desumana, cruel e canalha e é uma demonstração mais uma vez do divórcio do estado de Paulo Portas com a realidade.
A crise económica em Portugal deve-se a dois factores: o cenário internacional e também a política deste governo da direita política e o discurso de alarmismo com que entrou o Primeiro Ministro, discutivelmente o pior na história deste país em todos os aspectos.
Paulo Portas, na sua frenética busca de protagonismo, esquece que os imigrantes em muitos casos fazem os trabalhos que os portugueses não fazem, os mesmos empregos que os portugueses fazem no estrangeiro. Responder à hospitalidade dos outros com um atitude destes revela que Paulo Portas é mal criado, maldizente e maldoso.
Finalmente, deveria lembrar este pequeníssimo político do seu partido diminuto no seu pequeno país, que Portugal faz parte da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, que tenta desde a sua criação em 1996 estabelecer um sentido de livre circulação de pessoas entre os países da comunidade (Brasil, PALOPs, Timor Leste e Portugal).
Os seis acordos de Brasilia, assinado em 30 de Julho de 2002, visam a Concessão de Visto Temporário para Tratamento Médico a Cidadãos da CPLP, o Estabelecimento de Balções Específicos nos Postos de Entrada e Saída para o Atendimento de Cidadãos da CPLP, a Concessão de Vistos de Múltiplas Entradas para Determinadas Categorias de Pessoas entre os Estados Membros da CPLP, o Estabelecimento de Requisitos Comuns Máximos para a Instrução de Processos de Visto de Curta Duração, Cooperação entre os Estados Membros da CPLP no combate contra o HIV/SIDA e a Isenção de Taxas e Emolumentos Devidos à Emissão e Renovação de Autorizações de Residência para os cidadãos dos países da CPLP.
As afirmações de Paulo Portas vão contra o espírito deste documento, publicado no Diário da República em Portugal há dois meses, vão contra o teor de uma política democrática e humana e apresentam uma previsão muito clara do seu futuro: para Portas, a porta estará definitivamente fechada num futuro muito próximo.
Orgulhosamente e microcefalicamente só, esta figura absurda é um anacronismo aberrante.
Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru
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