Lula: Só Estado não sabia que pobre não dá calote

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta terça-feira, no Palácio do Planalto, da solenidade em comemoração à abertura da conta de número 500 mil da "Caixa Aqui", modalidade simplificada de conta corrente destinada à população de baixa renda.

A conta simplificada não exige depósitos mínimos nem comprovante de renda ou de endereço. A meta da Caixa era abrir 500 mil contas até o final do ano. O número foi atingido em menos da metade do tempo. "Preparem-se porque nós ainda vamos ter muitas surpresas e milhões de brasileiros vão procurar a Caixa", afirmou Lula dirigindo-se ao presidente da CEF, Jorge Mattoso. "O que significa dizer que nós vamos poder dobrá-la até dezembro, se mantivermos uma abertura média de 150 mil contas por mês, quase sete mil por dia. Não é milagre. É formular a política certa para atender às verdadeiras necessidades da população", continuou.

A população de baixa renda poderá ter acesso a empréstimos pré-aprovados no valor de R$ 200,00, com juros mensais de 2%. Para ter direito ao crédito, o correntista deve manter a conta "Caixa Aqui" por pelo menos três meses e não possuir restrição cadastral. A Caixa tem, inicialmente, R$ 100 milhões disponíveis para esse tipo de crédito.

Em seu discurso, Lula afirmou que só o Estado brasileiro não tinha percebido ainda que as pessoas de baixa renda pagam suas contas e não dão calote. Segundo o presidente, isso se deve ao fato de que o único patrimônio que o pobre tem é seu próprio nome. "Se só o Estado brasileiro não havia percebido isso ainda é porque, de certa forma, desconfiava do povo. Porque levava calotes bilionários, tomava tombo de R$ 1 milhão, mas não emprestava R$ 200 para as pessoas mais pobres por pura desconfiança", disse.

Segundo o presidente, a política de microcrédito proposta pelo governo já possibilita o acesso de pessoas de baixa renda ao crédito, o que ajudará a criar um mercado de consumo de massa, fortalecerá a industria, a agricultura e ajudará a promover o desenvolvimento mais sustentável. "Na economia, não existe panacéia, não existe truque, nem carta na manga. O que existe é o compromisso político desse governo de promover a justiça social, democratizando as oportunidades", afirmou Lula. Para ele, o microcrédito é fundamental para a retomada da cidadania da população carente.

Ele ressaltou que um país não pode ter cidadania pela metade e que o povo não pode viver dividido entre "os que comem e os que passam fome, os que moram e os que se escondem, os que têm conta em bancos, créditos, financiamentos e os pobres, aqueles que, mesmo quando ganham algum dinheiro, precisam guardar embaixo do colchão, porque banco nenhum se interessa por eles". Isso criou no Brasil, segundo Lula, dois tipos de dinheiro: o do rico e o do pobre. "O dinheiro do rico fica protegido no banco, dorme lá. Rende juros, serve de aval para conseguir mais recursos, créditos, financiamentos, coisas que os pobres não têm", acrescentou.

O presidente lembrou que a exclusão bancária agrava a concentração de renda e que foi por esse motivo que o governo decidiu fazer "uma revolução" no microcrédito do país. "E para fazer essa revolução a primeira providência foi ampliar o volume de recursos e o acesso dos pobres à rede bancária. No total, destinamos quase 4 bilhões de reais ao crédito popular", contou.

Catadores incluídos

Na cidade de São Paulo, informou o presidente, existem cerca de 9 mil moradores de rua e quase 20% deles são catadores de papel, de alumínio e plástico. Por meio de um projeto social criado pela prefeitura e dirigido a eles, 230 catadores já abriram sua conta bancária em dois meses. "Essa gente pobre, embora viva na rua, ganha o seu dinheirinho honestamente e jamais, até então, teve qualquer chance de ter acesso a serviços bancários."

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