Jean-Bédel Bokassa II

É estarrecedor. Parece que estamos revivendo a antiga República Centro Africana. Para os que não acreditam que uma pessoa possa ressuscitar, eis a prova:

A Anac aprovou a liberação do Aeroporto Santos Dumont para voos regionais, algo que é muito natural e que irá com certeza desenvolver o Rio de Janeiro. Mas, esta decisão contraria os interesses de alguns grupos envolvidos em altas negociatas, digo, negociações para arrendar o Aeroporto do Galeão.

Ora, se houver concorrência entre o Santos Dumont e o Galeão, é óbvio que isto não interessará aos envolvidos nos negócios, interessará apenas aos milhões de habitantes do Rio. Qual é o habitante do Rio que prefere o Galeão ao Santos Dumont? Só os que gostam de viver perigosamente, que gostam de presenciar assaltos e tiroteios na Linha Vermelha.

Com a decisão da Anac, o governador da província do Rio, num ato de desequilíbrio, declara para todas as redes de televisão que na qualidade de IMPERADOR da província, irá aumentar os impostos relativos ao Santos Dumont. Será que ele acredita ser o novo BOKASSA II, se auto-nomeou o novo Imperador que tem poderes ditatoriais para fechar o aeroporto porque quer que só se realizem operações com o Aeroporto do Galeão. É estarrecedor, mas no período mais duro dos anos de chumbo nenhum general ousou tamanha façanha. Segundo Bokassa II, isto é visando a Copa de 2.014. No seu destempero, esqueceu que a Copa do Mundo de 2.014 é em todo o Brasil e não somente no Rio. No Rio haverá apenas uma etapa.

Diz o imperador que a decisão da Anac é apenas pressão da Azul. Deveria ser pressão da azul, da verde, da amarela e de todas as cores, porque para nós que moramos no Rio, o ideal é que houvesse Santos Dumont, Galeão e Jacarepaguá, e, não apenas o aeroporto que o Bokassa II tem interesse.

O mais importante, onde estão os deputados do Estado Rio que se omitem? Por que se omitem? Esses políticos representam o povo ou um comércio?

O que sabe o prefeitinho que assumiu agora para se manifestar a favor de seu chefe imediato?

E a nossa imprensa que está apenas divulgando o ato ditatorial de um desequilibrado. O desequilíbrio é tanto que chamou um brasileiro e paulistano, o Senhor David Neeleman, dono da Azul de gringo e lobista. Gringo por quê? Só por que viveu muitos anos fora? Neste caso todos os brasileiros que estiveram exilados seriam também, gringos.

Lobista? Ora, quem está fazendo lobby é o Imperador.

O fato é que nossas escolas não têm professores, nossos hospitais não têm médicos, nossas estradas estão esburacadas, a criminalidade vem aumentando em uma progressão geométrica, nossa polícia só sabe prender veículos com IPVA atrasado e motoristas que consumiram dois bombons de licor, pois estes não são bandidos, portanto não reagem. Enquanto isso, o povo preocupado com esses problemas não terá tempo para ver o que o Imperador está fazendo.

Para o imperador nossa polícia é ótima, a bandidagem está dentro da normalidade, e enquanto nós nos preocupamos com os assaltos, o nosso imperador tenta vender o Galeão. Para completar, o governador procura usar a mídia para anunciar um ou outro assalto em um país qualquer da Europa dizendo que lá também a criminalidade é algo assustador. Esquece propositadamente de informar que os assaltos na Europa são ocasionais e lá os bandidos são presos, inclusive os políticos ladrões.

Por que blindar os “quiosques” da polícia? Para que eles possam ficar tranquilos? Antes sem a blindagem, eles eram obrigados a ficar atentos. Por que não blindar a população? Por que não temos policiais a pé? O Imperador sabe que o policial no “quiosque” ou na viatura não atende aos anseios da população.

Com a crise econômica mundial a mídia vem enfrentando sérios problemas em todo o mundo, exceção apenas no Brasil que continua vivendo um eldorado. Mas também pudera no Brasil o maior patrocinador da mídia são os governos.

Durante 10 anos, desde 1.966 quando deu o golpe, Bokassa procurou desmoralizar a suprema corte de seu país. Em 1976, quando não mais havia resistência e todos estavam subjugados ou mortos, transformou o país num império e se auto-intitulou imperador. Aqui no Brasil dois ex-presidentes já tentaram, mas não tiveram paciência, se precipitaram e acabaram perdendo o bonde.

Na fábula da rã do escritor e filósofo Olivier Clerc, podemos ver o que acontecerá em nosso país. Estamos sendo cozinhados lentamente. A nossa sorte é que a vaga de imperador é só uma e temos vários candidatos.

Por falar nisso, vocês sabem como capturar porcos selvagens? A história é igual a da rã. A UNE e a quase totalidade de nossos políticos já estão no cercado.

Vamos acordar enquanto há tempo.

Rio, 05 de março de 2.009.

Antonio Antunes

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