A hora e a vez de Luiz Inácio

Tenho escrito reiteradas vezes sobre a sorte do presidente Lula, dirigindo o país. Os seus outros feitos não podem ser creditados à sorte isolada, mas principalmente ao seu esforço pessoal.

Chegou a hora de a onça beber água! Diante da crise mundial, Lula está aparentemente confiante numa vitória brasileira. Isto é bom. Muito bom. Mas difícil.

Aproveito-me do título do mais famoso conto de Guimarães Rosa, que modifiquei o nome final, para observar se o presidente tem mesmo esta sorte que qualquer mortal gostaria de ter.

O Brasil caminhava sem problemas. A cada mês que passava, mais divisas na economia do Tesouro e dos empreendedores. Mais carteiras de trabalho assinadas, melhor toda a produção nacional. Como presente, a descoberta de um lençol petrolífero de maiores proporções. É tudo o que um presidente quer.

Mas a molecagem dos bancos que dominavam o mercado imobiliário norte-americano começou a fazer água. Em seguida, a Marryl Linch, maior corretora da bolsa de Nova Iorque, explode.

Foi o que bastou para Wall Street levar um trambolhão de maior gravidade, carregando atrás todas as bolsas do mundo, como não poderia deixar de acontecer.

A Bovespa está com ações cujo valor está aproximadamente 50% menos do que no começo do ano – atenção especuladores: hora de fazer uma compra.

E o sonho de progredir indefinidamente acabou. Estamos em plena crise, o G20 preparando uma reunião de emergência, Lula como sempre falando muito, e esta solução para a crise financeira e econômica não deve ser resolvida com a reunião dos presidentes dos países mais desenvolvidos, com a participação dos principais emergentes, Brasil incluído.

Chegou a hora, Luiz Inácio. Se a sua estrela brilhar de verdade, fazendo com que o país sofra somente um arranhão, tipo daqueles que a mãe passa mertiolate no joelho do pirralho e estamos conversados, acredito que o senhor merecerá destaque muito maior do que tem atualmente.

Vai realmente dar as cartas do baralho. Aqui e no mundo dos emergentes.

Não estou de troça; meu nome e minha idade não me permitem brincadeiras.

Desejo boa sorte, Luiz Inácio. “O Brasil espera que cada um cumpra com o seu dever.” As palavras do almirante Barroso, na batalha naval do Riachuelo, nunca foram tão necessárias.

Jorge SADER

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