O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabeleceu a reforma agrária como prioridade para o segundo semestre deste ano, em encontro que teve hoje com representantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra). A afirmação é do ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), que participou da reunião.
Rossetto disse ainda que Lula considerou o encontro com o MST muito positivo, segundo informou a Agência Brasil. "Estamos trabalhando na política de assentamentos no segundo semestre, vamos priorizar as famílias que estão há mais tempo nos acampamentos, sempre construindo uma reforma agrária com qualidade e com capacidade de produção", disse o ministro.
O ministro anunciou ainda que, em 30 dias, o governo vai apresentar as terras públicas que poderão ser utilizadas para a reforma agrária. O "estoque" de terras que serão disponibilizadas permitirá, segundo o ministro, assentar neste ano 60 mil famílias. A determinação do governo é acelerar a desapropriação de terras públicas e, dentro do processo de desburocratização, quer reduzir para no máximo um ano a liberação das terras públicas para a reforma agrária.
"Agora sai"
Os líderes do MST, que apresentaram uma pauta de reivindicações ao presidente, deixaram a reunião otimistas quanto à realização de uma reforma agrária ampla já a partir deste segundo semestre.
Eles qualificaram o encontro como altamente produtivo e prometeram levar aos trabalhadores rurais uma mensagem de esperança para aliviar as tensões no campo. "Saímos confiantes. Agora sai [a reforma agrária]: essa é a palavra de hoje que levaremos aos nossos assentamentos, acampamentos e bases", disse Gilmar Mauro, coordenador nacional do movimento.
Entre os avanços saudados pelo MST estão o compromisso do governo de fortalecer o Incra e o estudo para a criação de um crédito especial para a reforma agrária.
A jornalistas, o coordenador do MST afirmou que "sempre que for necessário" poderá haver novas invasões de terras, marchas e ações contra os latifúndios. "Não discutimos trégua nem sobre não haver ocupações. Se elas acontecerem, não afrontam o compromisso construído com o presidente", ressalvou o dirigente.
Em relação aos saques a caminhões promovidos por militantes do MST acampados em Pernambuco, Gilmar Mauro afirmou que a ação foi isolada e não reflete o compromisso do movimento com a realização de reforma agrária pacífica no país.
Segundo Gilmar Mauro, os trabalhadores decidiram saquear os caminhões porque estavam com fome, depois de esperar, por mais de dois meses, uma ação concreta do Incra de Pernambuco. Mauro disse que o Incra distribuiu apenas duas mil cestas básicas para as 16 mil famílias acampadas na região. "A fome é um problema lastimável. As pessoas que perderam a sensibilidade de se indignar com a fome, perderam uma parte do ser humano. Quando há fome, é direito legítimo das pessoas buscar onde há (comida)", defendeu Mauro.
Partido dos Trabalhadores
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