25 de Maio: Começa a integração da América do Sul

Fontes em Buenos Aires afirmaram à Pravda.Ru que se o ambiente anti-Menem prevalece, dando a vitória nas eleições presidenciais a Nestor Kirchner, a cerimónia de 25 de Maio poderá transformar-se numa espécie não oficial de cimeira da América Latina para preparar a integração política e económica da região. Pravda.Ru tem informações firmes que a presença dos presidentes do Brasil, Venezuela e Chile já está certa enquanto as presenças do presidente Fox de México e Fidel Castro da Cuba estão quase dados como garantidas.

Nestor Kirchner, o candidato melhor posicionado para assumir a presidência da Argentina na segunda volta das eleições presidenciais argentinos em 18 de Maio, tem insistido no desenvolvimento de laços mais estreitos entre os países da América Latina. “O nosso futuro está na integração política da América Latina, não no alinhamento automático com os EUA”, disse Nestor Kirchner na véspera da sua visita ao presidente Lula do Brasil.

Não é por acaso esta visita. Desde que Lula subiu à presidência no início do ano, o seu governo lançou uma ofensiva diplomática para construir o MERCOSUL, por isso abrindo uma nova frente diplomática visando a cooperação com o seu parceiro principal neste bloco económico, a Argentina. No presidente Duhalde, Lula encontrou um apoio importante para as suas ideias e agora, Brasil vê em Nestor Kirchner uma continuação desta política e uma oportunidade de prosseguir a integração económica dos dois países. No entanto, há planos para expandir o MERCOSUL fora da área geográfica de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai e estender a sua influência integrando Bolívia e Chile e pelo menos estabelecendo um acordo de comércio livre com a Venezuela.

Os movimentos dos presidentes destes países apontam para este cenário: Lula encontrou-se com Chavez recentemente em Recife e Chavez ratificou as intenções da Venezuela de se juntar ao MERCOSUL. Simultaneamente, importantes acordos bilaterais foram assinados entre as firmas Petrobras (Petróleo Brasileiro SA) e PDVSA (Petróleos de Venezuela SA). Foi o terceiro visita ao Brasil de Chavez na presidência de Lula, que começou no dia 1 de Janeiro de 2003, mas foi a primeira reunião em que se discutiu seriamente questões políticas e empresariais.

Também houve movimentos durante esta semana em Brasília e Buenos Aires no sentido de criar uma moeda comum. As duas partes admitem que é um longo caminho, no entanto o quadro macro-económico nos dois países aponta para a possibilidade do mesmo.

Naturalmente, a criação de MERCOSUL e ao fortalecimento da integração política na América Latina enfraquece o papel dos EUA e cria problemas para um entendimento rápido sobre a ALCA, favorecida pela Casa Branca. As negociações entre os países latino-americanas podem até adiar a criação da ALCA.

Por isso, fontes da Pravda.Ru apontam para um movimento frenético na Embaixada dos EUA em Buenos Aires no sentido de empurrar Carlos Menem para a presidência, dado o seu historial pro-americano, que poderia impedir o estabelecimento dum bloco forte na América Latina.

Se Kirchner for eleito presidente da Argentina, Lula terá mais espaço para expandir o MERCOSUL. A casa Branca sabe disso e teme que os seus aliados na região, Colômbia e Perú, estarão forçados a abordar a posição dos seus vizinhos para não ficarem de fora.

De acordo com as estatísticas oficiais, o acordo do MERCOSUL, assinado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai constitui hoje a quarta economia do mundo, atrás da ALCA a EU e Japão. Numa tentativa de substituir Japão no terceiro lugar, Brasil e Argentina irão tentar segurar Chile, Bolívia e Venezuela num acordo plenário para serem membros deste clube da América Latina.

Hernan Etchaleco PRAVDA.Ru BUENOS AIRES ARGENTINA

Traducido por Marcia MIRANDA

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