Menor que um grão de feijão

O nosso meio está doente, apodrecido. É natural que o espírito humano ceda, caia em desgraça, se perca. Por onde olhamos, encontramos um mundo destruído, corroído, corrompido, perdido.

Ao redor das grandes cidades, a vida se equilibra entre o nada e o abismo do sem fim. Dentro das casas, a tela como janela nos revela um mundo fabricado e pavimento com todas as nossas mazelas, pronto para suavemente nos destruir. Nas ruas, a violência que não descansa.

Nas escolas, o universo promissor que não decola. Os meninos que aprendem como fazer sexo, como usar drogas, como brigar e quase nunca como amar a vida e respeitar o próximo, o seu semelhante. Este é o mundo que comungamos Brasil afora, seja ao norte, ao sul, ao leste ou ao oeste. Tudo, dominado...

O homem coroado nos grandes valores humanos, neste frio mundo moderno, se vê qual ilha, rodeado por um mar de sombras e de águas salgadas pela indigência de um mundo que foi devastado por ondas e ondas de mentiras, ganância e promiscuidade. Isolado, ele não se reconhece no universo que o cerca. Se for honesto, será chamado de otário. Se ele for bom, será batizado de iludido e se for sincero, será incompreendido.

Nós fabricamos o mundo que fabrica os assassinos do dia a dia. Por detrás do ladrão, está a exclusão social; aquela que não permitiu ao menino sonhar um mundo melhor. Por detrás do traficante, está o jovem de classe média que consome drogas com os amigos de faculdade. Por detrás do menor infrator, está a banalização da vida. E na frente da família brasileira; o revolver carregado, apontado e empunhado pela mão herege da corrupção política, pelo despudor dos congressistas, pela farsa encenada dia a dia em Brasília, que de hora em hora acerta uma bala perdida bem no coração das nossas esperanças.

Nós fabricamos o Brasil de agora; por omissão, culpa ou servidão. Nós financiamos este mundo de tanta riqueza ancorado em tanta pobreza. Nós contribuímos para que a violência seja o programa principal das tevês. Nós contribuímos para que a beleza não seja reconhecida, para que as coisas que nos humanizam sejam convertidas em aberrações e passem a habitar os guetos das nossas frustrações, das nossas vidas sociais e culturais.

A grande verdade é que as pessoas não foram terminadas e dia a dia, elas recebem uma nova pitada de inveja, cobiça, ganância, ódio, luxuria e muito pouco amor. Tudo, dosado pela mão vil do deus negro das sombras, aquele que atua livremente enquanto nós não acreditarmos nele. Faz treva, eu quase me curvo. Mas antes, faço um registro; solitário, calado, e mudo, das coisas que vi, ouvi e vivo.

Ao mundo de hoje, prefiro acreditar no do Joãozinho, aquele menininho maluquinho que trocou algumas moedas podres pelo infinito guardado dentro das sementinhas de feijão, que nasceram, cresceram, floresceram e o levaram ao céu. Com a paz de Deus!

Petrônio Souza Gonçalves

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