O Movimento Médicos pela Escolha realizou hoje uma conferência denominada "O aborto em França e as práticas actuais", com a presença da Dra. Elizabeth Aubény , médica ginecologista/obstetra, membro fundador e presidente honorária da FIAPAC (Federacion Internacionale des Associations de Professionals de Avortement et de la Contracepcion).
Num momento em que se discute a despenalização da prática de aborto até às dez semanas no nosso país, as conclusões desta conferência de extrema relevância, permitindo clarificar algumas questões e desfazer alguns mitos, veiculados no debate em curso, sobre as potenciais implicações da alteração da lei. Assim, das conclusões do encontro, pode destacar-se:
Os 30 anos de prática de Aborto legal em França levaram a que esta realidade fosse profundamente estudada, permitindo a produção de conhecimentos científicos, a simplificação das técnicas e procedimentos, que resultaram na redução drástica dos riscos associados à Interrupção Voluntária da gravidez. Verificou-se também que a legalização não levou ao aumento do número de abortos naquele país, tendo sido eliminadas as consequências do aborto clandestino (infecções generalizadas, infertilidade e morte)
Segundo Elizabeth Aubény, os custos da IVG para o Estado Francês são bem menores do que os custos do tratamento das complicações derivadas do aborto clandestino. Actualmente o preço das técnicas médicas (que recorrem a fármacos) e das técnicas cirúrgicas (que implicam internamento de curta duração, com anestesia geral ou local) variam entre 191 e 238 euros, valores bastante inferiores aqueles que, nos últimos dias, têm sido estimados como custos para o SNS em Portugal.
Sublinhe-se que, no contexto Francês, 70% das interrupções são realizadas por unidades públicas (hospitais e clínicas especializadas), sendo garantida comparticipação estatal nos restantes casos que se realizam dentro da lei. Estes valores contemplam as intervenções realizadas por equipas multidisciplinares que garantem, o aconselhamento na tomada de decisão, a técnica de interrupção e o aconselhamento psicológico e de contracepção das mulheres.
Apesar da legalização do aborto em França, onde em 2004 se realizaram 210664 interrupções, este país tem a 2ª maior taxa de fecundidade da União Europeia, fruto das políticas de apoio à família, encetadas durante os anos 80, que permitiram o aumento da maternidade e paternidade desejadas.
Médicos pela Escolha
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