As autoridades de Portugal insistem em dizer que "não há razão para alarme", mas a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves garante que pode-se "esperar pela gripe aviária nas próximas duas ou três semanas".
Numa aparição rara com a Comissão de Acompanhamento da Gripe Aviária, o ministro da Agricultura, Jaime Silva, afirmou ontem que "o Governo continua a acompanhar a situação" e apelou aos veterinários que "vão dizendo às autoridades o que fazer". O director-geral de Veterinária, Agrela Pinheiro, admitiu que "o nível de preocupação da DGV era menor quando não havia registo de qualquer caso na União Europeia".
Apesar de o H5N1 estar a ganhar terreno na UE - onde Grécia, Itália, Áustria e Alemanha confirmaram esta semana a presença desta estirpe mortal -, a atenção dos peritos em rotas migratórias vira-se agora para África. É que a gripe das aves foi detectada a semana passada na Nigéria, "o que representa maior perigo para a Península Ibérica", diz Ivan Ramires, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). Ele sintetizou: "A probabilidade de a gripe das aves chegar a Portugal existe e a acontecer chegará por uma rota migratória africana." Mais: "O principal ponto de entrada é o estreito de Gibraltar, no entanto, milhares de aves entrarão pela Ponta de Sagres." Para Ivan Ramires, o anúncio espanhol de que "é quase seguro" que a doença chegue ao país vizinho podia ser feito pelas autoridades portuguesas, já que "ao chegar a Espanha é muito provável que chegue a Portugal".
Mas o ministro Jaime Silva prefere sublinhar que "Portugal é em média o país da UE que mais análises faz a aves suspeitas". Só este ano já foram realizados 1101 testes. Em 2005, "as melhores expectativas foram superadas, com mais de seis mil animais examinados". Enquanto presidente da Comissão de Acompanhamento da Gripe Aviária, Agrela Pinheiro afirmou ainda que "as medidas de biossegurança aplicadas nas 19 zonas de risco não vão sofrer alterações". Isto porque "não há motivo para se alterar nada do que se tem vindo a fazer".
Também a subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou que "o problema continua a ser do foro veterinário, não existindo, portanto, riscos para a saúde pública". "Teoricamente, quanto mais casos de infecção por H5N1 houver maior é a probabilidade de o vírus adquirir capacidade de se transmitir entre humanos e de dar origem a uma pandemia", diz Graça Freitas. Na prática, "ninguém sabe como é que H5N1 se vai comportar".
Segundo Diário de Notícias
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