Governo é incompetente e bom apenas em se contradizer

Governo é incompetente e bom apenas em se contradize

 Rui Daher/Carta Capital

O que fizemos foi voltar à pré-história e aos homens das cavernas

Discute-se muito nas folhas e telas cotidianas o fato de Jair Bolsonaro ter sido eleito presidente por uma massa de eleitores que via nele "o novo". Como se o todo político, econômico e social anterior, sobretudo o lulo-petismo, representasse "o velho". Ele não é novo nem mesmo entre os militares de estirpe, que há muito tempo conhecem o pensamento tosco bolsonarista e até já o sentiram na pele.O que fizemos foi voltar à pré-história e aos homens das cavernas, travestidos de presidente, vice, ministros, filhos, Olavo "Biruta" de Carvalho. À barbárie, enfim.

Acabariam os troca-trocas de cargos em todos os escalões. Não vejo.

Seria o fim dos privilégios aos setores financeiros, produtivos e mercantis que mais puseram recursos nas campanhas do capitão da reserva e sua trinca de filhos. Neca de pitibiriba.

Queiroz seria investigado, Adélio "Faca Mole" esclarecido, certo conje se pronunciaria sobre os 80 tiros. Nada.

De concreto, aí sim, uma nova forma de favorecimento ao topo da pirâmide, num troca-troca confuso, ultrajante, até pornográfico.

Funciona assim: a mão esquerda tira ou ameaça tirar um pouco dos privilégios das elites econômicas apoiadoras dos 17, enquanto a mão direita devolve a elas carradas de benefícios.

Mas e a óbvia decepção com os 100 dias? Reagem: "Uma merda, mas com o PT seria pior".

Já para o estrato trabalhador e pobre tudo é feito de forma explícita, como nas leis trabalhistas, o congelamento do salário mínimo, na ansiada reforma da Previdência e a extinção de importantes aparelhos de saúde (SUS e Mais Médicos).

Começa a liberalização dos preços de medicamentos isentos de prescrição médica. Quem mais os usa? Vocês que extraem suas receitas dos consultórios próximos aos hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein, em São Paulo, ou na rede D'Or carioca? Não.

Então, em quem irá arder? Nos que têm dor de cabeça, ressaca, hemorróidas, etc. Nos pobres à mercê do lobby da indústria farmacêutica.

O general nazista Joseph Goebbels (1897-1945) dizia: "Acuse o outro lado de tudo que se achar culpado". Como sabemos, ele era de esquerda.

O secretário-executivo da CMED, Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, pontua: "Renuncia-se à regulação, mas vamos reforçar o monitoramento (...) e coibir movimentos que prejudiquem o consumidor".

Então tá, secretário. Conhecemos bem a capacidade do governo de monitorar. Execute um tomar ...

Se compararmos os preços autorizados dos medicamentos com a inflação pelo IPCA geral e o do setor farmacêutico, veremos que em 2001 estavam em níveis de 9%, 8,5% e 2%, respectivamente. Cresciam 50% ao ano até Lula ser eleito em primeiro mandato.

A partir daí e até 2007, os índices caíram, na mesma sequência acima, para 0,5%, 0,5% e 4,5%. Entre 2007 (crise mundial) e 2015 a curva voltou a ser ascendente, mas em níveis civilizados, acompanhando a inflação geral e do setor.

É quando o Estado é bom para os pobres e não quebra a indústria. No liberou geral que se pretende, a indústria passará a ganhar mais e os pobres a gastarem mais.

Passemos à agropecuária, obrigação minha, embora de pouco destaque. Da mesma forma, tiram com uma mão e dão com a outra.

"Fim dos juros controlados para o pré-custeio da safra", jornal Valor, em 10/04. Taxas livres para todos encararem bancos públicos e privados. Ora, ora, quem com mais poder de barganha? Os bancos, os grandes produtores ou a agricultura familiar?

Danaram os pequenos, deram muito aos bancos, e tiraram um pouquinho dos grandes, a quem já irão compensar. Como?

O Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) foi criado em 1971, quando era presidente o comunista Emílio Garrastazu Médici (1905-1985). Trata-se de um fundo rural voltado para contribuição social, de recolhimento obrigatório, e essencial para que o empregado rural possa aposentar.

Jair Bolsonaro deu sinal verde para a votação de um projeto que faz a remissão das dívidas do Funrural pelo Congresso Nacional. Perda estimada de R$ 17 bilhões para o Tesouro Nacional, em sonegação. Órgãos técnicos do governo alertaram para as proibições orçamentárias de implementar a medida, pela Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a mesma que gerou o impeachment de Dilma Rousseff, que garantiria recursos para o Plano Safra 2015/16.

Também, houve alerta dos órgãos técnicos. "É possível fazer a remissão, mas existem condicionantes. O artigo 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal diz que, se houver renúncia, tem que existir medida de compensação", mas o representante da Receita Federal, Marcos Hubner Flores, passou o pito: "A remissão de dívidas vai contra o cenário de necessidade da reforma da Previdência e dos ajustes fiscais".

Fato é que todos no atual governo são incompetentes. Bons, apenas, em se contradizerem. Tanto com FHC e o PSDB como com o PT de Lula e Dilma nunca se formou equipe de governo tão medíocre.

Soframos nós. Inté.

 

 

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