P.O.R.R.A. "Pedimos Obséquio Recebam Reclamação Atrasada"

P.O.R.R.A. "Pedimos Obséquio Recebam Reclamação Atrasada"

Com a duração excepcional de 6 horas, a 10 de Agosto de 1975, expectantes os açorianos (ainda nem todos, devido a condições sócio-económicas), faziam audiência à primeira emissão da então chamada RTP -AÇORES, Primeiro timidamente. Mas criando a confiança que é hábito nos açorianos em qualquer tipo de iniciativa, foram-se criando as condições necessárias quer em equipamento, ambiente e sobretudo no complemento referente ao seu pessoal que desde o principio demonstraram o seu profissionalismo na especialidade e, a sua capacidade de iniciativa em levar longe a recém-criada "nova janela açoriana para o mundo". Tínhamos a nossa Televisão...

Sim! A nossa televisão, no seu comando, açorianos. Na sua investigação, programação, serviço de reportagem e jornalismo... açorianos. A selecção dos "enlatados" vindos da capital eram escolhidos e seleccionados com aquilo que mais interessaria ao telespectador açoriano. A Diáspora exultava com a televisão açoriana. Lembramo-nos de quantas vezes nas nossas deslocações, por motivos pessoais e profissionais a Lisboa, não eram raros os elogias que alguns dos nossos interlocutores nos mimoseavam pela programação da nossa TV - Açores, em detrimento da, com a que a RTP lhes servia do pequeno almoço ao jantar. (entre parêntesis relembrar o que se ouvia também, sempre que necessitávamos de usar o livro de cheques do Banco Micaelense perante o descalabro que começava a atingir a banca portuguesa.)

De referir que a inauguração da RTP-Açores foi quase completamente ignorada pela imprensa portuguesa da época, mais atenta e virada pelos acontecimentos "PREC" honra feita ao jornalista Joaquim Letria que no semanário O Jornal, fez uma pequena menção ao assunto. Não esquecer a interferência e o interesse do General Ramalho Eanes então à frente da administração da RTP, quanto ao tomar forma, a televisão nos Açores.

De estúdios improvisados num edifício da Estação Agrária, em São Gonçalo, após algumas obras de adaptação. começou a ser distribuído o sinal para São Miguel e para a Terceira, indo abrangendo aos poucos o resto do arquipélago (fins dos anos 80). Seguiu-se a transferência para novas instalações para a Rua Ernesto do Canto, feita por etapas de conformidade com as necessárias adaptações. Daquela data até 04 de Dezembro de 2017 momento de casamento de conveniência, com a RDP, passa para o edifício dessa, os novos estúdios da RTP Açores em Ponta Delgada. Mexidas e remexidas, acertos e desacertos

Desde o começo, do processo televisivo nos Açores, recordamos o esforço do então quadro profissional da Televisão Regional (?) no caminhar dos tempos, mostrando através da "Janela" que acima referimos, os Açores aos açorianos e ao mundo.

Melhor do que ninguém, Emanuel Carreiro no seu livro "1975-2005 30 anos de RP - Açores" Traz-nos a panóplia desses nossos heróis e competentes obreiro da nossa comunicação televisiva.

O nosso PORRA -  Pedimos Obséquio Recebam Reclamação Atrasada, vem na sequência da redução da RTP Açores a "janela" (não aquela que nos fez rejubilar no longínquo Agosto de 1975" mas àquela a que se transformou, depois de lhe transformarem o visual de estúdio e, apresentação da sua permitida emissão de 4 horas (no seu inicio eram de 6) nem regressar ao passa é! Se mudança s tivesse a haver seriam co base na verdadeira e autêntica regionalização ou melhor, numa verdadeira autonomização da mesma. (aí assobiam para o lado os nossos responsáveis políticos e, o nosso poder legislativo)

Assistimos violentados, a uma RTP3 senhora quase absoluta do sinal televisivo que nos pertence. Temos em relação à TV, como costumamos referir à presença mediática das Forças Militares portuguesas, uma psico-social de presença diária a entrar pelas nossa casas dentro. Assiste-se a um ostracismo cada vez mais acentuado da cultura açoriana da presença televisiva do nosso Povo. Com que direito no passado domingo fomos obrigados a levar com a volta à França em bicicleta durante toda a manhã quando as grandiosas festas do Espirito Santo eram razão da nossa existência cultural e religiosa?

 Hoje e sempre defenderemos os Açores contra o oportunismo colonialista que se encapota sobre o que chamam solidariedade e outras formas de adjectivação.

Para terminar gostaríamos de saber se os valores cobrados através da EDA - Electricidade dos Açores respeitantes a uma taxa chamada de "Audi-Visual" e valor de Iva aplicado à mesma, não dariam para o reforço das necessidades orçamentais para Açores manterem a sua própria TV?

Olhem que não é tão pouco como nos querem fazer parecer, senão vejamos: +- 128.000 facturações a 2,85 por taxa/mês e 0.11 cts. de IVA = € 4.546.560.00.

E porque quem pergunta não ofende... haja quem esclareça ....

"Compreender que há outros pontos de vista é o início da sabedoria"

                                                     (Thomas Campbell)

José Ventura

Ribeira Seca RGR

Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico.

Por José Luís Ávila Silveira/Pedro Noronha e Costa - Obra do próprio, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=3172476

 

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