Persistir na Solução Política e no Poder Popular Constituinte

Isto, em termos singelos, significa converter a guerra em seu contrário dialético: na política [Solução Política ao conflito armado] e continuar enfrentando o Poder Constituído com um novo Poder surgido do povo trabalhador [que vive de seu trabalho] até convertê-lo num Poder Popular Constituinte. Esse é o Plano estratégico original e fundacional, que se deve levar até sua finalização.

Por Alberto Pinzón Sánchez

Fuente: anncol.eu

O Plebiscito, como mecanismo referendário do acordo definitivo de paz que está próximo a se firmar em Havana, é e tem sido uma ideia exclusiva de JM Santos com sua equipe política governante e do plenipotenciário em Havana. De ninguém mais.
 
Santos, com sua rica experiência eleitoreira do bipartidarismo e convencido de que era um mecanismo ideal para derrotar "nas urnas" aos adversários do processo de paz de Havana, vale dizer Uribe Vélez e seus rapazes, desde um princípio impôs este ponto nos diálogos de paz como um elemento central para a referenda do acordo final, até finalmente conseguir privilegiá-lo no acordo prévio recentemente firmado.

O fez com fina e clara consciência de sua classe: Primeiro que tudo, para defender o Poder Constituído ou regime de dominação oligárquico-imperial encarnado no bloco de Poder Contra Insurgente atualmente dominante, de uma possível caixa de pandora [este foi seu argumento básico] que representaria uma Assembleia Nacional Constituinte impulsada desde seus inícios pela insurgência das Farc-EP. Quer dizer, para evitar a legitimação e a legalização do Poder Popular Constituinte e alternativo numa nova Constituição democrática e popular para a Colômbia que pudesse derrogar a Constituição neoliberal e contra insurgente de 91, convocada, com todo o cinismo do caso, por Cesar Gaviria [atual chefe do Plebiscito referendário] no mesmo dia em que seu ministro Pardo Rueda [atual ministro do pré-pós-conflito] iniciava a guerra integral do bombardeio à Casa Verde, obviamente com a clara intenção política de que as Farc-EP não estivessem naquela Assembleia Constituinte. 

Visão classista compartida pelo Congresso da República com a lei sobre o Plebiscito referendário expedida e pela Corte Constitucional com o recente laudo probatório sobre a lei plebiscitária que lhe foi consultada.

Segundo, porque se algo caracterizou a JM Santos é sua "marcada sensibilidade" pelo LO anglo-saxão [relembremos sua amizade com o genocida Tony Blair e sua especial relação com Obama] como um intento sério de consolidar a Transnacionalização financeira que representa dentro de sua fração de classe e como rechaço ao tradicional paroquialismo violento dos caciques latifundiários, o que terminou por enfrentá-lo acirradamente com seu melhor expoente Uribe Vélez, o fraudador do Ubérrimo, quem habilidosamente conseguiu converter a convocatória ao Plebiscito referendário numa polarizada refrega eleitoreira provinciana, como se se tratasse de umas eleições de Mitaca [Mitaca é o termo dos latifundiários cafeicultores para designar a colheita da safra de metade do ano], tirando-lhe a dimensão Global e a implicação tão transcendental que para TODA a Comunidade Internacional tem a referenda do acordo final de Havana, e que a oligarquia colombiana em sua pompa paroquiana, embelezada olhando pro próprio umbigo, descarta como uma coisa sem importância, que não lhes interessa. Já veremos o importante que vai resultar!

Terceiro, porque sua estreita concepção de LO democrático se reduz à representação, isto é, ao como [eleições para eleger os representantes] e não ao que ou a sua essência o para que, que por definição é o governo do Demos grego.

Quarto, porque seu rudimentar esquema teórico que está na base da prática centenária eleitoreira da classe dominante colombiana de que "o Centro é o que ganha as eleições, enfrentando tanto a direita como a Esquerda", o levou sempre a tratar de desvincular-se e situar-se acima da direita representada por Uribe Vélez e, claro, sobre a aquarela da chamada esquerda colombiana, objeto unicamente de cooptação ou de divisão. De nada mais.

Quinto, porque com suas ambiguidades e vaivéns e seu escasso domínio do idioma castelhano, introduziu no léxico político colombiano a confusão terminológica do inglês que não diferencia entre Alternativa e Opção, que em nosso idioma são bem distintos [quem tenha dúvida pode consultar o dicionário da Real Academia Espanhola da Língua] o Plebiscito referendário é uma Alternativa [entre várias] e não uma Opção [única] como o vêm sustentando seus válidos.

De maneira, pois, que só há duas possibilidades: se o Plebiscito referendário ganha, pois, se passa à seguinte fase da Solução Política e à luta e mobilização social por fazer cumprir o acordado e abrir passagem a uma Abertura Democrática frustrada com o extermínio da União Patriótica.

Se, pelo contrário, a refrega eleitoreira polarizada Santos-Uribe Vélez, e pelas razões acima expostas se chegasse a perder, haverá várias alternativas por considerar: Uma delas será recorrer aos organismos internacionais e à Comunidade mundial garantidora e espectadora para que o acordo que tem caráter de Tratado Internacional se cumpra sem fanfarronices santanderistas nem adiamentos.

Outra, que a realidade imporá sobre qualquer desejo de fazer retroceder a história, será convocar imediatamente uma Assembleia Nacional Constituinte e desatar todas as potencialidades contidas [por séculos reprimidas] do Poder Popular Constituinte "para mudar o rumo do País". Relembram da palavra de ordem com a qual as Farc-EP convocaram a nona conferência?

Então o dito: há que persistir na Solução Política e no Poder Popular Constituinte, como guias Estratégicos, para alcançar uma paz democrática e soberana na Colômbia do futuro.

 

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