Na passada segunda-feira (26 de Janeiro), num restrito grupo de amigos e colegas, perguntaram-me a minha opinião sobre a pós-eleição na Grécia e os efeitos do Syriza no seio da União Europeia (UE). Como sabem que sou um crítico da UE e do Euro, enquanto ambos forem dominados e subjugados por um ou dois países europeus (Alemanha, principalmente, e França)...
Na altura disse - e mantenho - que ou a Europa compreende as eleições e os pontos de vista dos gregos, independentemente de todas as falcatruas feitas anteriormente por estes para entrarem no Euro - diga-se com o claro e interessado apoio da banca alemã e da Goldman Sach - ou os gregos provocarão a bancarrota do país com o necessário impacto e descrédito do Euro.
Ora isso só iria dar razão àqueles que afirmam que o Euro está sobre - demasiado - sobrevalorizado. Recordo as constantes dúvidas dos britânicos e do reconhecido especulador George Soros.
O Euro e o Banco Central Europeu (BCE) não têm a mesma capacidade que o FED norte-americano e o Bank of England nem a sua total independência face ao poder político. São estes dois que determinam a vida económica dos seus Estados/Países ao contrário do BCE que, na maior parte dos itens está subjugado às políticas de Berlim e de Frankfurt.
E na sequência desta minha visão - provavelmente catastrofista para alguns e infantil para outros - perguntaram-me no caso da tal bancarrota para onde os gregos se virariam. E aí afirmei e continuo a fazê-lo - as reações posteriores vêm confirmando a minha posição - que os gregos (e não seriam os primeiros a ameaçarem fazê-lo; já os cipriotas o tinham feito) voltar-se-iam para os russos e para a sua "ajuda desinteressada".
Achavam, os meus interlocutores, que isso era impossível até porque Moscovo vive numa incerteza económica muito forte e porque a Europa e os norte-americanos estão a "asfixiarem" a Rússia com sanções políticas e económicas, em grande parte devido à questão Ucrânia.
Talvez, mas...
Uma das primeiras medidas do novo premiê grego, Alexis Tsipras, foi, além de colocar em causa algumas das medidas da troika, como travar certas privatizações e repor o ordenado mínimo nacional, declarar-se contra as novas medidas sancionatórias contra a Rússia e ao povo russo.
Ou seja, ou a Europa se recorda que há umas dezenas de anos um país viu a sua dívida ser perdoada em 60% - com o apoio, e não foi pequeno, também dos gregos - e hoje é a maior potência económica da Europa, no caso, a Alemanha, ou Bruxelas, Paris e Berlim verão a União Europeia e o Euro estilhaçarem totalmente devido a uma "criancice" muito nacionalista só porque os eurocratas não compreendem os Povos nem as virtudes das suas dissemelhanças na unidade.
E a Rússia tornar-se-á no foco, indirecto, de uma nova crise política, de uma nova e quente Guerra-Fria, como vem denunciando, e com certa insistência nos últimos tempos, o senhor Mikhail Gorbachev.
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Publicada por ELCAlmeida às Pululu a 1/29/2015 05:38:00 da tarde
Eugénio Almeida
Eugénio Costa Almeida, Ph.D (DSSc)
Investigador/Researcher at the Center for International Studies (ISCTE-IUL) and CINAMIL (Portugal's Military Academy Centre for Research, Development and Innovation)
http://elcalmeida.net
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(Academia.edu: http://iscte.academia.edu/Eug%C3%A9nioCostaAlmeida)
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