A Organização Internacional do Trabalho (OIT) está informando, através de relatório, que o desemprego mundial, agravado pela crise, disparou e atingiu 212 milhões de pessoas ao redor do mundo em 2008. Segundo o relatório, em 2009 houve um aumento de 34 milhões de trabalhadores, se comparados com os números de 2007, início da crise mundial, o significa dizer que o índice do desemprego cresceu 0,9%.
Temendo um maior aumento no índice, a OIT pede aos países que encontrem mecanismos capazes de provocar a abertura de novos empregos no mercado de trabalho, visando absorver a mão-de-obra ociosa.
Por conta das estimativas econômicas do Fundo Monetário Internacional (FMI), a OIT acredita que em 2010 o desemprego irá se manter num nível alto. Nos países desenvolvidos e na União Européia espera-se que outros 3 milhões de trabalhadores fiquem sem trabalho neste ano. Em outras regiões, espera-se que o nível atual se estabilize ou diminua levemente.
O relatório também assinala que o número de jovens desempregados no mundo aumentou em 10,2 milhões em 2009, o maior desde 1991. Ao mesmo tempo, o relatório mostra grandes variações em nível regional e por país, tanto em termos do impacto da crise como da recuperação do mercado de trabalho.
De acordo com a OIT, as medidas de estímulo conseguiram evitar uma catástrofe social e econômica bem maior, entretanto, no mundo, milhões de pessoas ainda não têm trabalho, benefícios de desemprego ou acesso à proteção social.
No momento em que o Foro Econômico Mundial se reúne em Davos, fica claro que a prioridade política hoje em dia é evitar uma recuperação sem trabalho. Precisamos aplicar a mesma decisão política que salvou os bancos para salvar e criar postos de trabalho e ajudar as pessoas. Isto pode ser conseguido através da forte convergência entre as políticas públicas e o investimento privado, enfatizou o diretor-geral da OIT, Juan Somavia.
Somavia afirmou, também, que com 45 milhões de mulheres e homens jovens ingressando anualmente no mercado de trabalho no mundo, as medidas de recuperação devem apontar para a criação de empregos para os jovens.
De acordo com a OIT, estima-se que o percentual de trabalhadores com empregos vulneráveis (a soma de trabalhadores por conta própria e trabalhadores familiares) em nível mundial supera a 1,5 bilhão de pessoas, o que equivale a mais da metade (50,6%) da força de trabalho do planeta. Os números revelam que o número de pessoas com empregos vulneráveis aumentou em mais de 110 milhões em 2009, comparado a 2008.
O relatório da OIT assinala, ainda, que 633 milhões de trabalhadores e suas famílias viviam com menos de US$ 1,25 por dia em 2008, e outros 215 milhões de trabalhadores estavam em risco de cair na pobreza em 2009; e adverte para a necessidade de se estabelecer uma ampla cobertura de proteção social básica para os pobres dos efeitos devastadores causados pelas fortes flutuações da atividade econômica.
No Brasil
O relatório enfatiza que antes do início da crise econômica, em setembro de 2008, o crescimento econômico do Brasil foi robusto, com média de 4,4% anual em termos reais durante o período 2004-2007 e de 6,4 % de crescimento acumulado nos três primeiros trimestres de 2008. Além disso, houve uma recuperação importante dos níveis salariais e uma expansão do emprego, particularmente do emprego formal.
O desemprego caiu de 9% em 2004 para 7,7% em 2008. O percentual de trabalhadores que contribuem para o sistema de seguridade social ultrapassou os 50 % em 2007, atingindo 52,1% em 2008. Entretanto, a crise mundial de 2008 interrompeu o crescimento econômico e teve um impacto imediato e visível sobre o emprego.
O relatório da OIT diz também que o crescimento do PIB do quarto trimestre de 2008, em relação ao mesmo período do ano anterior, reduziu-se para 1,3% (o que implicou uma redução de 3,4% em relação ao trimestre anterior, ajustado sazonalmente) e houve uma perda líquida de 634 mil empregos formais no primeiro trimestre, em comparação com um ganho líquido de 10.400 empregos formais no quarto trimestre de 2007.
Como resultado da recessão, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas pesquisadas na Pesquisa Mensal de Emprego (PME) aumentou de 7,3% no quarto trimestre de 2008 para 8,6% no primeiro e segundo trimestres de 2009.
No terceiro trimestre de 2009, no entanto, o crescimento econômico foi retomado e a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas (para os quais existem dados disponíveis) voltou aos níveis pré-crise (7,9% no terceiro trimestre de 2009) em comparação com 7,8% no terceiro trimestre de 2008).
Além disso, registros da criação de empregos formais mostram que houve crescimento do emprego líquido desde fevereiro de 2009 e abril de 2009 no setor industrial, que foi o setor mais duramente atingido pela recessão.
Ainda segundo a OIT, entre janeiro e outubro de 2009, 1,2 milhão de empregos formais foram criados, o que representa um ganho de 3,6% sobre o estoque de emprego de 2008. Além disso, os dados do emprego doméstico, com base no levantamento do PME de seis principais áreas metropolitanas, também demonstra um crescimento positivo do emprego, e em outubro de 2009 a taxa de desemprego de 7,5% foi equivalente à taxa de outubro de 2008.
ANTONIO CARLOS LACERDA
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