Vigília no 24º dia da greve de fome de Claude Mangin, esposa de preso político saharaui
Apoiantes de Claude Mangin-Asfari, esposa de Naama Asfari preso político saharaui, que mantém uma greve de fome, desde 18 de Abril, realizaram ontem uma vigília com velas em frente da Câmara Municipal de Ivry sur Seine, que acolhe a grevista em protesto contra a proibição do governo marroquino de a deixar entrar no país e visitar o seu marido, em detenção desde 2010.
O 24º dia da greve de fome coincidiu com o aniversário da Sra. Mangin que recebeu já centenas de cartas de apoio de todos os continentes e cujo caso tem sido seguido na imprensa francesa.
"Até 2016 eu pude ver o meu marido com alguma regularidade, mas desde então foi-me recusada a entrada em Marrocos quatro vezes", contou Claude Mangin.
Durante a sua greve tem tido o apoio incondicional de Philippe Bouyssou, presidente da Câmara Municipal de Ivry e da Associação de Amigos do Povo saharaui (AARASD).
Philippe Bouyssou dirigiu-se no inicio da greve de fome à residência pessoal de Mohamed VI em Paris onde entregou uma carta apelando a reconsideração da decisão do Reino Alauita.
Régine Villemont presidente da AARASD realça que o recurso à greve de fome não foi uma decisão fácil e não é de todo uma forma de acção que costumam utilizar. "Enviamos cartas, tentamos sensibilizar a opinião pública e os decisores de poder político, realizamos sessões de esclarecimento e projeções de documentários, mas de facto este caso é especial. Necessitava de uma atenção especial. Claude não é a única estrangeira expulsa de Marrocos e do Sahara Ocidental, é uma prática muito comum das autoridades marroquinas. Claude está a sofrer represálias por defender o seu marido e por dizer o que pensa, mas ela está em frança, tem o direito de ter uma opinião e falar publicamente."
Em 30 de abril, o presidente Emmanuel Macron pediu ao ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, num comunicado que tomasse providências sobre o assunto. Há três dias Claude Mangin recebeu a visita de dois emissários do governo que a informaram que até ao momento não havia reação por parte de Marrocos mas que o assunto seguia a ser tratado e esperavam obter uma resposta em breve.
Após o inicio da greve de fome também o seu esposo foi vitima das represalias arbitrarias das autoridades marroquinas que lhe retiraram a mesa e cadeira que tinha na cela, ficando sem nada a dormir no chão.
Em 2016 foi publicada a condenação do Comité contra a Tortura contra o Reino de Marrocos por tortura em relação a Naama Asfari, condenado a 30 anos de prisão.
O grupo de Gdeim Izik é composto actualmente por 19 detidos, do qual Naama faz parte, estes activistas de direitos humanos saharauis foram acusados culpado de assassinato e formação de quadrilha armada num julgamento que os observadores internacionais e várias organizações não governamentais como Human Rights Watch e Amnistia Internacional consideram injusto e que denunciam a falta de provas sendo as convicções com base em confissões obtidas sob tortura policial.
Os restantes membros do grupo tem sido também eles vitimas constantes de maus tratos e torturas, sendo que se desconhece o paradeiro de Sidi Abdallahi Abbahah que foi "transferido" para lugar desconhecido, descalço vitima de maus tratos na madrugada de 7 de Abril desde a prisão de Kenitra.
Mangin-Asfari, está em greve de fome em protesto a para poder voltar e visitar o marido, esta acção foi uma forma de envolver também as autoridades francesas a posicionar-se como mediadores com Rabat. Aparentemente esse objectivo foi alcançado e sem dúvida a cidadã francesa conseguiu mobilizar a sociedade civil que tem vindo a manifestar o seu apoio diariamente de forma espontânea como o envio de flores e mensagens, mas também com a recolha de mais de 4000 assinaturas em poucos dias que se destinam ao governo francês.
Isabel Lourenço
Paris
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