Mídia brasileira esconde assassinatos de jornalistas pelos terroristas sírios
A correspondente da rede "Ao Ajbariya" Yara Abbas morreu por um disparo de "terroristas" nas proximidades do aeroporto de Al Dabaa, nos arredores de Al Qusair
ENTREOUVIDO NA REDAÇÃO DO PÁTRIA LATINA.
Inúmeras ditaduras existem no Oriente Médio e todas elas parceria dos EUA. Mas do jeito que é o noticiário covarde e conivente da mídia nacional, dos alexandres, dos wallace e cia, fica no ar a impressão de que Bashar al Assad é um ditador temido e sanguinário. Enquanto isso, jornalistas são assassinados diariamente de montão pelos rebeldes sírios e os sacripantas aqui no Brasil raramente noticiam as mortes de companheiros de profissão.
Ô, raça!
Damasco (Prensa Latina) Um franco-atirador dos grupos de extremistas islâmicos que atuam na Síria escolheu como alvo Murhaf Ruaa, uma jornalista do canal Al-Alam, quem cobria os combates no país.
A má pontaria do terrorista da Al-Qaeda possibilitou que Ruaa salvasse a vida, ainda que, ferida, tivesse que ser internada em um hospital.
Outros repórteres que cobrem a guerra desatada contra a Síria por potências como os Estados Unidos, Arábia Saudita, Turquia e Catar, entre outros países, tiveram pior sorte.
Com particular sanha, os mercenários armados centram-se em co-responsáveis da televisão síria, pois suas emotivas reportagens desnudam de uma maneira gráfica inegável os desmandes da chamada oposição armada. Assim, em abril de 2012, membros da Frente Al -Nusra, ramo da rede Al-Qaeda, sequestraram o jornalista e apresentador da TV síria Mohammed Al-Sayed. Um mês mais tarde o decapitaram e publicaram a notícia na Internet, em um ato que agências ocidentais costumam qualificar de simples "excessos".
Na localidade de Qusseir, os extremistas islâmicos fizeram uma emboscada contra Yara Abbas, co-responsável do canal noticioso sírio Al-Ikhbariya, assassinando-a junto com seu câmera. Ela tinha conquistado os corações dos telespectadores com suas reportagens das frentes de combate, onde previamente tinha sido ferida.
Também o jornalista Hassam Mhena, estabelecido pela Al-Ikhbariya na cidade de Alepo ao norte, foi alvo dos armados: matou-o um suicida enquanto cobria com sua equipe de filmagem uma festa escolar em honra a uma estudante que tinha aprovado o bacharelado com boas notas. Não foi a única vítima desse atentado.
Em julho deste ano, os mercenários armados mataram ademais os documentaristas iranianos Esmail Heidari e Hadi Baqbani nos arredores de Damasco, onde em setembro de 2012 esses grupos tinham assassinado Maya Naser, co-responsável da PressTV.
Outro repórter atacado, mas com melhor fortuna, foi William Parra, da TeleSul, a quem lançaram um balaço em um joelho em setembro passado. Realmente atiraram-lhe bem mais, mas teve a oportunidade de proteger-se enquanto o Exército Sírio ia resgatá-lo.
Meses antes, estouraram um carro-bomba embaixo do apartamento de um profissional da informação sírio, e ainda que tenha salvo sua vida, a explosão matou vários civis em seu bairro.
E em suas tentativas de calar as vozes que lhes são adversas, os terroristas também apontam a alvos coletivos. Em junho de 2012 um atentado contra a sede da Al-Ikhbariya causou a morte de oito trabalhadores e a destruição de todo o local.
Vários ataques com morteiros contra a agência SANA, bem como o lançamento de dois carros bombas conduzidos por suicidas em outubro contra o edifício da televisão síria, agregam-se a essa longa lista.
Inclusive, vários jornalistas assassinados ou sequestrados na Síria tinham penetrado de maneira ilegal no país para reportarem do lado dos irregulares armados, contra o Governo.
UMA POLÍTICA CALCULADA
Os motivos de semelhante política de terror contra os meios de informação e seus principais protagonistas, os jornalistas, podem rastrear-se até o início do conflito em 2011.
Por essa época, junto com a entrada de mercenários e extremistas islâmicos por nações vizinhas, desatou-se uma intensa guerra mediática contra o governo sírio, ao qual muitos meios de imprensa e canais de satélite como a Al-Jazeera tentavam apresentar como autor dos massacres e outros atentados contra a população do país.
Nessa frente, os grupos de extremistas islâmicos jogavam seu papel: enquanto por uma parte colocavam suas mensagens e relatos de combates favoráveis a eles nas redes sociais, por outra tratavam de "silenciar" os jornalistas e comunicadores que divulgavam a outra cara da moeda. Preparava-se assim à opinião pública mundial para qualquer tentativa posterior de invasão militar a grande escala. Dessa maneira, de acordo com um recente relatório do Repórteres Sem Fronteiras (RSF), na Síria morreram depois de dois anos de guerra 25 jornalistas, enquanto outros 16 permanecem sequestrados por grupos jihadistas.
Em seu relatório "Jornalismo na Síria - Missão impossível?", essa organização, com uma agenda pouco objetiva dobrada aos interesses de potências ocidentais, qualifica a Síria como o país mais perigoso para o trabalho jornalístico em todo mundo nestes momentos.
E ainda que algumas agências de notícias e o próprio RSF persistam em responsabilizar a Damasco por parte dessas mortes, a realidade é obstinada, e revela, cada vez mais, a verdadeira autoria desses fatos.
http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=4b4984066015df12cfc4e8f6d60b7147&cod=12836
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