Tratado FCE – Altura de acabar a hipocrisia

A reacção da OTAN à decisão da Rússia impor uma moratória no Tratado sobre Forças Convencionais na Europa, Tratado ratificado por Rússia mas não pela OTAN, é um sinal de hipocrisia – ou estupidez? Enquanto a Federação russa constantemente fez ofertas para abrir portas de conversa e janelas para diálogo, OTAN expandiu para leste, construindo bases militares e agora tem planos instalar um sistema estratégica nas suas fronteiras.

No dia 14 de Julho, Presidente Vladimir Putin emitiu um decreto suspendendo o Tratado de CFE com efeitos 150 dias depois de notificação aos estados assinantes, até que a OTAN ratifique o Acordo de Adaptação do FCE, que até hoje só foi ratificado pela Federação Russa, Bielorússia, Cazaquistão e Ucrânia. O Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa emitiu uma declaração ao mesmo tempo, explicando que Moscou continua a estar aberta a diálogo.

As razões dadas pelo Kremlin por esta medida são o tratado FCE não reflete a situação geopolítica atual no que diz respeito à segurança da Rússia e ações necessárias no caso de emergência. O Tratado FCE não leva em conta as dissoluções do Pacto de Varsóvia e da União Soviética, nem a OTAN ratificou o Acordo de Adaptação assinado em 1999 e ainda por cima, as posições recentes da Washington, de insolência e intromissão nas fronteiras da Rússia, evidentemente tiveram suas conseqüências.

A cada ação, há uma reação.

Os tratados

O Tratado original FCE foi assinado em 19 de novembro de 1990 em Paris pelos estados de membro de OTAN e do Pacto de Varsóvia, com o objetivo de limitar as forças convencionais na Europa, procurando estabelecer um equilíbrio. Entrou em força em 1992. O Acordo de Adaptação foi assinado na Cimeira de Istanbul em 19 de Novembro de 1999, tomando em conta mudanças geopolíticas que tiveram lugar durante os anos 90.

No entanto, quase oito anos mais tarde, ainda não foi ratificado pela OTAN, que continua a mudar o equilíbrio geopolítico em seu favor por instalações das tropas, estabelecimento de bases e agora, a implementação planejada de sistemas estratégicos de armas.

A agressividade da OTAN, a posição diplomática da Rússia

A posição da OTAN tem sido que não pode haver uma ratificação do Acordo de Adaptação até que Rússia se retire completamente da Geórgia e Moldávia, ao mesm tempo que esta organização sem qualquer razão de existor continua a expandir ao leste. A Rússia por outro lado claramente expressou seu compromisso a uma retirada faseada desses dois antigos estados Soviéticos, honrou todos seus compromissos sob o Tratado FCE, ratificou o Acordo de Adaptação, destruiu uns 15,700 itens militares fora dos auspícios do Tratado FCE, tem avançado soluções de proferido sugestões constantemente para superar tensões e recentemente, propôs a abertura de um sistema global de defesa anti-míssil russo as seus parceiros na Comunidade Internacional. Se isto não é boa vontade, o que seria?

Portanto a descrição da OTAN da decisão da Rússia: "um passo decepcionante na direcção errada" - é hipócrita, ou idiota? Se a Rússia ratifica um Tratado e OTAN não, se a Rússia é suposta retirar as suas tropas enquanto OTAN expande (hoje os três Estados Bálticos, Polônia, Eslováquia, República Checa, Hungria, Romênia e Bulgária são todos membros de OTAN), se OTAN pretende montar um sistema balístico estratégico de míssil na soleira da Rússia, a Rússia responde por oferecer uma alternativa mais válida e mais eficiente, e a OTAN recusa, o que é que a Rússia é suposta fazer?

O ABC político da Washington, arrogância, beligerância e chauvinismo é claramente uma política de intromissão, insolência e ingerência calculada a introduzir elementos estruturais de confrontação na Europa, com as suas chamas claramente abanadas pelos falcões neo-conservadores que agarraram a política externa da Washington pela garganta para satisfazer os interesses da panelinha de elitistas corporativos que gravita ao redor do regime de Bush e dita a política dos Estados Unidos de América, no seu interesse.

O que é que os Fundadores da Nação teriam a dizer se estivessem vivos hoje?

As opções da Rússia

O vector militar na situação atual não deve ser realçado, e aqueles que desejam colocar um ângulo tipo reatamento da Corrida às Armas/Guerra Fria nesta história estão errados. A questão é claramente política, não militar, desde que Rússia facilmente poderia anular qualquer vantagem estratégica tentada pelos EUA, pela instalação em larga escala de Misséis Balísticos Inter-Continentais RS-24 com ogivas nucleares múltiplas, mísseis Bulava-30 (lançados no mar) e a instalação de mísseis de curta distância Iskander-M em Kaliningrad, no coração da União Européia.

Na sexta-feira, Rússia testou com êxito seu novo sistema de mísseis S-400 Triumf, que eliminou todos os alvos. O nome e código na OTAN é SA-21 Growler. É uma melhora do S-300 e tem um alcance de duas vezes mais que o MIM -104 Patriota da OTAN, pode liquidar alvos aéreos num alcance de 400 quilômetros.

Timothy BANCROFT-HINCHEY

PRAVDA.Ru

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