Generais no poder: a praga golpista que gerou elementos do tipo gal. Braga Netto
por Arialdo Pacello (*)
O grande humorista brasileiro Bemvindo Sequeira, atualmente residindo em Portugal, em mais uma de suas imperdíveis exposições performáticas no seu canal do Youtube, trata do "despudor da declaração do gal. [assim, diminuto] Braga Netto", em que este afirma que, se as eleições programadas para acontecerem em outubro próximo não atenderem às regras ditadas pelo "motociático" presidente Jair Bolsonaro, não haverá eleição.
Na "peça" intitulada BRAGA NETTO, O VICE-REY DO GOLPE CONTRA AS ELEIÇÕES, que tem como protagonista o gal. Braga Netto, pré-candidato a vice-presidente na chapa do desvairado fascista e genocida Jair Bolsonaro, Bemvindo Sequeira trata de "um país com mais de 200 milhões de habitantes, geograficamente, em tamanho, a quarta nação do mundo, uma potência agrícola e, em tese, industrial e comercial, uma liderança regional". Nesse ambiente, "Vem um general e diz que não haverá eleições se não obedecerem ao que deseja o presidente de plantão. Pode isso?", questiona Bemvindo Sequeira, dirigindo-se a "amigas e amigos em defesa da democracia, do estado de bem-estar social e contra o fascismo".
Assista a mais um desses momentos em que Bemvindo Sequeira competentemente combina o mais fino humor com uma incisiva crítica à caótica desestruturação das instituições que sustentam os princípios democráticos em nosso País. São 6 minutos de libelo satírico, instrumento artístico-cultural com que o autor costuma desnudar o "rei" e desbancar o seu séquito de generais golpistas.
Use o link
https://www.youtube.com/watch?v=KxhmAwNf6ZE&t=58s
O general Braga Netto é filiado ao PL – Partido Liberal – . Curioso é como no Brasil a mídia hegemônica consolida as distorções sobre os significados de certas palavras, os desvirtuamentos que a política faz com o sentido de determinados vocábulos – “liberal”, por exemplo, é hoje, no Brasil, uma dessas palavras-ônibus, serve para definir muitas coisas e nenhuma delas.
O que significa “Liberal” para o PL e para o gal. Braga Netto, elemento apologista de sistemas ditatoriais e vocacionado para aplicação de golpes de estado?
Nos EUA, o termo liberal refere-se à orientação ideológica de esquerda, geralmente adotada por pessoas que se opõem às ideias liberais clássicas; enquanto no Brasil, ao contrário, os extremo-direitistas, apologistas da ditadura, apossaram-se do vocábulo e distorceram o sentido natural dessa palavra empregada para designar o liberalismo econômico, doutrina que defende a não-intervenção do Estado na economia e, se possível, deixa por conta da iniciativa privada a elaboração de regras casuísticas, formais e informais, baseadas não em princípios universais, mas tão somente em casos específicos que lhes sirvam de "jurisprudência", o suficiente para salvar mega empresas deficitárias com ações governamentais que reabilitam seus lucros, enquanto os trabalhadores arcam com os prejuízos.
Quanto à palavra "governo", no conto futurista "Saudades do Apocalipse", do escritor alagoano Fernando Soares Campos, o personagem central, vivendo no ano 2053, faz a seguinte observação: "Há muito tempo não se usa o termo governar; mas, sim, gerenciar".
Ver mais em
https://port.pravda.ru/sociedade/41318-saudades_apocalipse/
Só mesmo no Brasil
Em que outro país um general com nítida vocação ditatorial filia-se a um partido tido como liberal? Ora, essa é fácil: no Brasil, onde um elemento viciosamente mentiroso, contumaz agressor de quem se posicionar contra seus devaneios, conseguiu chegar à Presidência da República. Só mesmo no Brasil, onde as denominações de alguns partidos são formas de enganar o eleitor. O PSDB, supostamente o Partido da Social Democracia Brasileira, por (mau) exemplo, teve início sob a falsa condição de "partido socialista", hoje não passa de um ajuntamento de golpistas neoliberais (seja lá o que isso possa significar em nosso Pais).
Diante das truculências vomitadas pelo desgoverno bolsonarento (a personificação daquilo que é odiento), pergunto com insistência: Para que servem as Forças Armadas no Brasil? Eu mesmo respondo: É, ou, no caso brasileiro, seria para defender a pátria da voracidade insaciável dos abutres autóctones, entreguistas a serviço do decadente império do Ocidente, hoje conduzido pela "força da grana que ergue e destrói coisas belas" (Caetano em "Sampa"). Ou as armas dessas forças sevem apenas para interferir em assuntos sobre os quais não têm o mínimo conhecimento e são, portanto, incompetentes para administrá-los? O gal. Braga Netto e o ministro da Defesa (em defesa de quem ou do quê?), Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, vivem se intrometendo em assuntos completamente estranhos e alheios às suas funções, tais como eleições e urnas eletrônicas. Ora, estes assuntos são da alçada do TSE ― Tribunal Superior Eleitoral ―, instituição legalmente criada e capacitada para exercer tais funções. Por que esses generais não se preocupam em executar os seus misteres? Por que não vão enfrentar e combater os criminosos, os assassinos, os grileiros, os invasores das terras públicas e das terras indígenas, os que incendeiam e destroem a floresta , poluem as águas e fazem o que bem entendem na nossa Amazônia Legal?
O Brasil atual
O Brasil está atravessando – mais uma vez – um período bastante sombrio, mais nuvens escuras avançam fazendo o lado mórbido da história de nossa Nação. Uma das causas é que os generais do Planalto, em vez de cumprirem com suas obrigações em defesa da pátria brasileira, contra a ganância dos abutres internos e externos, metem-se em questões para as quais não têm nenhuma competência para lidar com elas.
Generais do Planalto: São os generais das Forças Armadas (alguns de pijama, outros da ativa), com salários que chegam a ser três vezes mais que o teto constitucional, e, para usufruir de tão generoso privilégio, eles se submetem aos desmandos, à insensatez do atual presidente da República, cuja trajetória de delinquência já está mais do que comprovada desde os anos 1980, quando já era criticado pelos seus superiores militares, os que apontavam sua agressividade e ambição de enriquecimento material, desprezando suas obrigações nas FFAA e dedicando seu tempo ao garimpo clandestino de ouro.
Militares de alta patente, como o general Geisel, o coronel Pellegrino e o coronel Jarbas Passarinho, todos eles foram unânimes em afirmar que “Jair Bolsonaro foi um mau militar”. Chegou a ser preso. Mas, segundo o coronel Jarbas Passarinho, “ele só não perdeu o cargo de capitão porque tinha um general amigo no Superior Tribunal Militar”. O episódio foi tão sério e desmoralizante para as Forças Armadas que o então Ministro do Exército, general Leônidas Pires, rompeu com esse general amigo de Bolsonaro, conforme afirmou o próprio coronel Jarbas Passarinho.
Entre os milhares de militares graduados plantados no Planalto, sugando as verbas públicas, eu destacaria: Augusto Heleno, Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, Eduardo Pazuello, Villas Bôas, entre outros.
As Forças Armadas existem em quase todos os países. Umas, para defendê-los das garras dos invasores externos e dos abutres internos. Outras, ao contrário, só servem para apoiar invasores externos e internos e dar suporte a latifundiários, grileiros, madeireiros, mineradores e pescadores ilegais. Gente bandida, organizações criminosas.
Nem todos nas FFAA são golpistas
Quando do golpe civil-militar deflagrado em 1964, dando curso à ditadura civil-militar que durou 21 anos, mais de 6,5 mil oficiais e praças foram presos, perseguidos e torturados enquanto durou o regime ditatorial. O Capitão Lamarca foi perseguido, caçado e assassinado.
A repressão aos militares começou logo após o golpe, com a cassação, prisão e constrangimento de oficiais e militares que divergiam do grupo que tomou o poder.
Em 1964, o brigadeiro Moreira Lima foi deposto do comando da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, por ser considerado democrata e ter abertamente se colocado contra o golpe militar que depôs o presidente João Goulart no 1° de abril daquele ano e estabeleceu um regime autoritário. Moreira Lima foi preso, aposentado compulsoriamente e teve a família perseguida. Logo em seguida, o brigadeiro foi sequestrado por sargentos do Exército a mando do Doi-Codi. Ficou três dias preso e foi submetido à privação de sono. "Passei três dias nessa masmorra lá. Para ir fazer as necessidades os soldados ficavam me olhando, apontando a metralhadora", contou.
Os militares foram perseguidos de várias formas: mediante expulsão ou reforma, sendo seus integrantes instigados a solicitar passagem para a reserva (aposentadoria); sendo processados, presos arbitrariamente e torturados. Quando inocentados, não eram reintegrados às suas corporações; se reintegrados, sofriam discriminação por parte de alguns colegas de farda. Por fim, outros, como o Capitão Lamarca, foram mortos, como denuncia o relatório da Comissão Nacional da Verdade.
Leiam e confirmem:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46532955
Bolsonaro está fazendo o mesmo com os militares que se recusaram a submeterem-se aos seus desplantes, à sua insensatez. Demitiu todos que se negaram a colaborar com as suas falcatruas. Tudo sob o silêncio omissor do gal. Heleno e do gal. Villas Bôas.
Os Abutres internos e externos, atualmente e mais do que em qualquer outra época, são bandidos, frios assassinos, delinquentes a serviço de latifundiários-grileiros, madeireiros, mineradores e pescadores clandestinos. Eles hoje "governam" a Amazônia, transformando-a em cartel das drogas, terra sem lei. Fazem lá o que bem entendem, sem serem molestados por nenhuma instituição fiscal, muito menos pelo ministério da Defesa (em defesa de quem ou do quê?). Bolsonaro desmantelou o IBAMA, a FUNAI, o ICMBio, o INPE, instituições criadas para defender e proteger o meio ambiente, as terras indígenas, a floresta, o ar e as águas. O psicopata-mentiroso-corrupto afastou técnicos, cientistas e funcionários concursados ― colocou, no lugar destes, militares absolutamente ignorantes, incompetentes e omissos.
Completamente indiferentes à defesa da Soberania brasileira, esse “presidente” psicopata, antipatriota e corrupto, juntamente com os seus serviçais generais do Planalto ainda demitiram Ricardo Galvão, diretor do INPE, considerado “cientista do ano” pela revista científica inglesa NATURE, e entregam a Amazônia ao empresário norte-americano Elon Musk, o homem mais rico do mundo, para que ele possa rastrear e explorar as reservas de metais preciosos que utiliza nos seus carros elétricos e nos foguetes espaciais cuja única utilidade é levar milionários excêntricos para passeios espaciais.
Repórter Brasil
"Depois do ouro, garimpeiros ilegais agora miram outros produtos valiosos no subsolo indígena, como a cassiterita, de onde se extrai o estanho, metal cujo valor passa por forte valorização no mercado internacional e é usado até na tela de celulares" ("Cassiterita, o mineral que é a nova ameaça aos Yanomami" - Por Emily Costa e Sam Cowie, da Repórter Brasil, em 14/04/2022).
Resta saber se nossas Forças Armadas estão a serviço da soberania nacional, defendendo a pátria dos invasores externos e dos abutres internos (grileiros, latifundiários, madeireiros e mineradores clandestinos) – ou se preocupam apenas em combater “comunistas” imaginários. O que realmente resta saber é se as FFAA brasileiras estão a serviço do povo (que paga seus salários) ou se estão a serviço das elites dominantes (latifundiários, grileiros, que roubam as terras públicas e invadem as terras indígenas; e banqueiros privados, que cobram os juros mais criminosos do mundo).
O Brasil é um país de dimensões continentais e está entre os cinco países que têm mais terras agricultáveis do mundo. Ironicamente, é um dos países onde acontece a mais injusta distribuição de terras do planeta. Aqui, cerca de 500 latifundiários detêm mais terras agricultáveis do que 4 milhões de pequenos e médios agropecuaristas juntos!
O Brasil figura entre os cinco países mais injustos e perversos do Planeta.
“Em um ano, salta de 19 milhões para 33,1 milhões o número de pessoas que não têm o que comer. Em 2022, mais da metade da população brasileira ― 58,7% ― vive com algum tipo de insegurança alimentar.”
“Fome se alastra no Brasil: 6 em cada 10 famílias NÃO têm acesso pleno a alimentos. ”Enquanto isso, os generais Braga Netto e Paulo Sergio Nogueira de Oliveira ocupam seu tempo fazendo ameaças aos ministros do TSE, atentando contra o sistema a ser adotado nas eleições.
Não posso acreditar que esses generais do Planalto representem as Forças Armadas Brasileiras. Eles desmoralizam a instituição. Eles servem às elites dominantes; mas as Forças Armadas foram criadas para defender a Pátria e o Povo.
Arialdo Pacello, advogado, servidor público aposentado do Banco do Brasil
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