Ciro Gomes: Brasil precisa ter um projeto nacional de desenvolvimento

Ciro Gomes: 'Brasil precisa ter um projeto nacional de desenvolvimento que encerre a mistificação neoliberal'

Possível futuro candidato nas eleições presidenciais de 2018 criticou agenda econômica do atual governo brasileiro

Eduardo Vasco, Pravda.Ru

Em palestra na noite desta terça-feira (6) na Universidade Federal do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), o ex-ministro da Fazenda e possível candidato nas eleições presidenciais de 2018, Ciro Gomes (PDT), afirmou que o "neoliberalismo é um marco de economia política insustentável", ao criticar a política econômica do governo de Michel Temer.

"O mercado se revelou uma força motriz muito importante para o desenvolvimento tecnológico da humanidade, porém nunca houve uma nação que tenha assistido às suas questões de desenvolvimento pela solidariedade do mercado, pois ele deixado solto tende ao oligopólio e ao monopólio, à instabilidade política, que o destrói ciclicamente", explicou. E acrescentou: "A crise de 2008 não permite mais ilusões."

"O Brasil precisa ter um pensamento próprio, dadas as especificidades da nossa realidade que são absolutamente intransplantáveis e inimitáveis", disse, ao opinar que não se pode meramente copiar modelos nem manuais teóricos. "Estamos replicando manuais estúpidos que já estão desmoralizados inclusive na academia norte-americana e no FMI e nós, de modo retardatário, estamos replicando um 'thatcherismo neoliberal' mofado que não guarda a menor coerência com a nossa realidade", analisou.

Evidentemente já adiantando seu programa político e econômico caso dispute e vença as eleições do próximo ano, Ciro Gomes ofereceu como alternativa aos "escombros que a ordem neoliberal produziu" uma maior intervenção do Estado na economia, reafirmando suas posições nacional-desenvolvimentistas e se referindo como um neokeynesiano.

"Um país [no caso, o Brasil] precisa ter um projeto nacional de desenvolvimento que encerre a mistificação neoliberal e é necessária uma economia política que imponha um governo empoderado democraticamente, convergente com a iniciativa privada nacional e com a universidade comprometida em produzir soluções reais e não a repetição de manuais externos que não se adequam à nossa vida real, para que o país celebre esse projeto", declarou.

Ele destacou a necessidade de um sistema tributário progressivo que tribute a especulação e as grandes heranças e que diminua a tributação sobre o investimento e a produção. Também defendeu a necessidade de colocar em perspectiva o futuro da previdência, não por que ela tenha uma falsa despesa deficitária, mas que acabe com privilégios. Além disso, apontou o retorno do investimento no setor público - a despesa a ser cortada são os juros, afirmou.

Segundo ele, o ajuste fiscal do governo é "impraticável", porque corta o investimento nos serviços públicos para poder pagar juros para os bancos, "para dez mil famílias abastadas que têm o governo, o banco central e o sistema financeiro como seus intermediários" e transferindo "sem precedentes na história da humanidade a renda de quem trabalha e produz para quem especula no rentismo".

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey