No Brasil, confronto entre polícia e bandidos faz do Rio de Janeiro, sede da próxima Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, uma 'praça de guerra'
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
Correspondente Internacional
RIO DE JANEIRO/BRASIL (PRAVDA.RU) - Cantada em versos e prosas como a 'Cidade Maravilhosa', capital mundial do carnaval e do futebol, das belas praias do Leblon, Barra da Tijuca e Copacabana, com mulheres de singular beleza, a cidade do Rio de Janeiro, no Sudeste do Brasil, sede da Copa do Mundo da Fifa, em 2014, e dos Jogos Olímpicos em 2016, foi transformada em 'praça de guerra' entre a polícia e bandidos.
Bandidos interditam ruas e avenidas, incendeiam carros, atiram contra populares, veículos e cabines da polícia foram metralhados. Encurralada dentro de sua própria residência, a população do Rio de Janeiro se sente impotente e sem proteção diante de tanta violência que parece não ter fim.
Os ataques contra a polícia e a população estão acontecendo na cidade do Rio de Janeiro e em todos os municípios próximos. Para dar segurança ao povo, a polícia chegou a colocar todo o seu efetivo nas ruas, mas os bandidos não se intimidam, ante a impotência (ou incompetência) do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Um dia depois que a Polícia Militar reforçou a segurança nas ruas do Rio de Janeiro, mais de 12 novos ataques de criminosos foram registrados, em diferentes pontos do Estado, além da própria cidade do Rio de Janeiro.
Segundo a polícia, os crimes aconteceram na Rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro à cidade de São Paulo, na Baixada Fluminense e na própria Região Metropolitana da Cidade do Rio de Janeiro.
Em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, só nesta madrugada, dois ônibus foram incendiados. Segundo a polícia, os bandidos interditaram a Avenida Automóvel Clube e atearam fogos nos veículos, mas ninguém ficou ferido.
Em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, mais dois carros foram incendiados por criminosos em São Gonçalo, na Região Metropolitana. A polícia não conseguiu prender os bandidos responsáveis e o incêndio foi controlado.
Ainda na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, na cidade de Niterói, quatro carros foram incendiados, e ainda não há informações sobre feridos. Segundo o Corpo de Bombeiros, o incêndio foi provocado por criminosos, que conseguiram fugir.
Em Duque de Caxias, também na Baixada Fluminense, um carro foi encontrado em chamas na Rua França Júnior, no bairro Parque Lafayete, e outro no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste. Segundo a polícia, em ambos os casos, o incêndio também foi provocado por criminosos, e ainda não há informações sobre feridos.
Um ônibus, lotado de passageiros, foi incendiado na Rodovia Presidente Dutra, na altura de Engenheiro Pedreira, na Baixada Fluminense. O ônibus seguia do Rio de Janeiro para São Paulo, quando foi parado por três homens armados, mas ninguém ficou ferido.
O crime aconteceu no Km 199, os bandidos mandaram os passageiros e o motorista saltarem do veículo, atearam fogo e fugiram em seguida.
Na Zona Norte do Rio de Janeiro, um carro foi incendiado na Avenida Paulo de Frontin, no Rio Comprido. O fogo foi ateado por um grupo de bandidos armados, que interditaram a avenida, próximo a um centro de convenções, e fugiram em seguida, mas ninguém ficou ferido.
Encurralados e em desespero, alguns motoristas de carros que passavam pela via tentaram voltar na contramão, e a polícia reforçou o patrulhamento na região.
O ataque dos bandidos aconteceu próximo ao local onde, na noite de segunda-feira (22/11/2010), um carro também foi incendiado na Rua Zamenhofe, no Estácio, no Centro do Rio de Janeiro. Segundo a polícia, o fogo também foi ateado por criminosos, que fugiram. Perto do veículo foi encontrado um galão de combustível. Ninguém ficou ferido e a polícia ainda está investigando o caso para descobrir os responsáveis.
Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, uma cabine da Polícia Militar foi atacada por criminosos e metralhada por um grupo de homens armados num carro, mas ninguém ficou ferido.
O crime aconteceu na Praça da Emancipação, conhecida como Praça do Relógio, no Centro de Duque de Caxias. Nenhum policial que estava de plantão foi atingido, e a cabine ficou com várias marcas de tiros.
A Polícia Militar confirmou que oito homens foram presos, e outros dois, mortos, durante operações realizadas na terça-feira (23/11/2010), em favelas do Rio de Janeiro. Em nota oficial, a Polícia Militar, afirmou que dois menores foram detidos na região de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. As ações aconteceram após uma série de ataques de criminosos registrados nas últimas 48 horas na cidade.
As prisões, de acordo com a Polícia Militar, ocorreram nas regiões de Copacabana; da Vila Cruzeiro, na Penha, no subúrbio; em Manguinhos, também no subúrbio; em São Gonçalo, na Região Metropolitana; e em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
A Polícia Militar, no entanto, não informou se os suspeitos têm envolvimento com os ataques. Entre as apreensões, ainda segunda a nota oficial da PM, há um fuzil, duas pistolas, uma espingarda, um revólver, dois artefatos explosivos, 50 kg de maconha, 2.287 sacolés de cocaína, quatro litros de gasolina e uma garrafa de coquetel molotov e 80 motos.
Os primeiros ataques começaram há quase dois meses. No início, as autoridades chegaram a negar a possibilidade dos crimes para não amedrontar a população. Em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no fim de setembro, foram três carros roubados e um homem feito refém.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro pediu a transferência de pelo menos oito detentos para presídios de segurança máxima fora do estado. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro disse que o pedido de transferência dos presos foi aceito, mas, para que os detentos sejam levados para outro estado, é preciso que a Justiça Federal do estado que vai recebê-los também aceite.
Esses detentos seriam chefes de facções criminosas importantes e precisam ser afastados do Rio de Janeiro. Autoridades da área de segurança pública do Rio de Janeiro disseram que os ataques que vêm acontecendo são uma represália à política de segurança implantada no estado, que tem como principal foco as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) instaladas nas favelas.
O governo teria recebido informações, ainda não confirmadas pelos órgãos de inteligência da polícia, de que duas grandes facções criminosas do Rio de Janeiro teriam se unido para ordenar os ataques.
A Força de Segurança Nacional poderá ser acionada. Devem ser transferidos agentes de vários estados do país, em uma mobilização que vai implicar em redução de folgas das equipes para intensificar o patrulhamento em pontos estratégicos do Estado do Rio de Janeiro.
Apesar de não revelar números, o Ministério da Justiça teria disponibilizado recursos financeiros que poderão ser usados para a compra de equipamentos e veículos.
Na articulação estratégica, que envolve ações das polícias Rodoviária Federal, Civil e Militar, ficou acertada a troca sistemática de informações entre os Centros de Inteligência de cada unidade.
O Ministério da Justiça também informou que a Força de Segurança Nacional está em 'estado de alerta' e pode ser acionada a qualquer momento a pedido do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
No entanto, a princípio, o secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro teria revelado que não pretende usar a Força Nacional para conter os atos criminosos.
ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU no Brasil.
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