PRAVDA: Compartilhe seu CV. Quanto tempo no jornalismo? Nasceu em?
Nasci em Brasília e depois fui para Goiânia, distante 200 km da capital brasileira. Cursei jornalismo na Universidade Federal de Goiás de 1986 a 90. Em Goiânia trabalhei em rádio e nos três jornais que existiam à época. Depois fui para São Paulo. Nessa época trabalhava com assessoria de imprensa em um banco e fiz uma pós graduação em Comunicação Empresarial. Em 1997 voltei para Brasília e passei a trabalhar na Rádio Senado. Há seis anos dedico-me à TV. Nesse ínterim, morei em Barcelona, na Espanha, onde comecei a aprender a língua espanhola um processo que nunca tem fim e cursei pós graduação em Comunicação e Educação. E lá se vão duas décadas de estrada.
P: A primeira reportagem, se lembra? Foi difícil? Quantas reportagens no histórico do Romolo? Pode chutar o número?
ROMOLO: Infelizmente não consigo me lembrar da primeira reportagem. Fiz muitas já na faculdade e não parei mais. Mesmo quando trabalhava com assessoria de imprensa escrevia muitos releases que às vezes eram publicados na íntegra. Não saberia quantificar tudo o que produzi até hoje.
P: Faz quanto tempo acompanhando as Sessões do Parlamento MERCOSUL? O primeiro parlamentar entrevistado? Onde aconteceu a primeira reportagem em Montevidéu?
ROMOLO: Acompanho as sessões do parlamento do Mercosul desde a instalação no Senado brasileiro, em dezembro de 2006, e depois a inauguração em Montevidéu, em maio de 2007. Antes disso, porém, já cobria as sessões da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, que antecedeu a Instituição. A primeira reportagem em Montevidéu aconteceu justamente quando da abertura do Parlamento, no Palácio Legislativo. Não me recordo quem foi o primeiro entrevistado.
P: O que mais gosta da Capital do MERCOSUL? Teve tempo para conhecê-la? Agora as Sessões estão acontecendo no Edifício MERCOSUL, mas faz tempo tinha rodízio parlamentar. No Palácio Legislativo, no Salão Azul da Prefeitura de Montevidéu e até o Edifício MERCOSUL?
ROMOLO: O que mais gosto em Montevidéu é das pessoas, sempre muito simpáticas e educadas. Apesar de já ter ido muitas vezes, não posso dizer que conheço realmente a cidade. Geralmente, chegamos no domingo e partimos na quarta-feira. O Parlamento tem sessões às segundas e terças. Assim, sobra muito pouco tempo para passear pela cidade. Conheci o Palácio Legislativo na abertura do Parlamento. Achei o edifício bonito e imponente. Depois tivemos sessões no anexo do Palácio, na Prefeitura de Montevidéu e, finalmente, no Edifício Mercosul. Foi uma fase de adaptação e consolidação do Parlasul.
P: O que conhece do histórico do prédio do Edifício MERCOSUL na hora que foi o CASINO PARQUE HOTEL? Tem aprofundado no histórico da capital do MERCOSUL? Mostrou para os fãs do programa?
ROMOLO: Aos poucos vamos conhecendo mais uns aos outros. Já li que o Edifício Mercosul data do início do século passado e que o projeto original é de autoria do arquiteto francês Pierre Lorenzi. Também soube que o local foi importante centro da vida social de Montevidéu. Hoje, além de ser sede administrativa do Mercosul, o edifício abriga a OEA e a Unesco. Em cada uma de nossas viagens à Capital do Mercosul aprendemos um pouco mais sobre a história e a vida dos montevideanos e uruguaios. O panteão do General Artigas, o Cerro, o Parque Rodó, a roseira, cada vez vamos aprendendo sobre um lugar. O tempo é pouco e a cobertura do trabalho legislativo do Parlasul nos envolve completamente. Além do factual, aproveitamos para fazer entrevistas com parlamentares e outras autoridades. Já entrevistamos, por exemplo, o presidente José Mujica após a eleição e antes de sua posse. Está em nossos planos uma reportagem especial sobre Montevidéu, a capital do Mercosul. Infelizmente ainda não tivemos a oportunidade de produzi-la. Teremos que nos deter alguns dias mais na cidade para realizá-la. Mas está na agenda.
P: TV SENADO é o meio de imprensa que leva mais a sério os assunto do MERCOSUL? No mínimo sempre participam. Qual é o nome do programa que reflete tudo quanto aconteceu no Parlamento MERCOSUL? Da para assistir aos programas? Como se faz?
ROMOLO: A mídia privada divulga muito pouco as atividades do Parlasul. E geralmente se interessa apenas pelos desentendimentos entre os países ou pelos encontros presidenciais. A TV Senado, por não ser um veículo comercial, tem espaço para esse trabalho único de divulgação do Parlamento. Além disso, 09 dos 18 parlamentares brasileiros são senadores e os assuntos do Mercosul frequentemente têm repercussões no Congresso Nacional. Além do Jornal do Senado, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 21 horas, tudo isso é divulgado no programa Diplomacia, a revista mensal de política internacional da TV Senado. O Diplomacia pode ser visto e baixado na página da TV Senado: www.senado.gov.br/tv .
P: Quantas horas de gravação levam para o Brasil? A escolha das reportagens fica contigo ou é mais um nessa engrenagem da TV SENADO? Quem faz parte da turma «montevideana» da TV SENADO?
ROMOLO: O número de horas de gravação é variável. Depende muito do que estiver acontecendo e se fazemos uma entrevista exclusiva. Creio que, em média, levamos de quatro a seis horas de gravação a cada viagem. É material bruto que depois de editado rende várias reportagens. Os temas dependem muito do que está na agenda do Parlamento. Mas também escolhemos assuntos que têm a ver com as diversas vertentes dos processos de integração regionais Mercosul, CAN, Unasul. Normalmente a equipe é composta por um cinegrafista (Josenir Melo, Tony Brown ou Rogério Alves), um auxiliar (Wagner Augusto, João Gil, Diogo André) e um produtor (Sara Reis, Carla Caldas, Bruno de Castro). Na reportagem nos revezamos eu e o Chico SantAnna. Todos são da TV Senado. Também temos colegas da Agência Senado, o Marcos Magalhães e a Rita Nardelli, e da Rádio, onde os repórteres sempre se revezam.
P: Fora tudo quanto envolve o convívio com o Parlamento MERCOSUL. Acabam-se montando outras reportagens de interesse na área da Cultura?
ROMOLO: A integração pretendida pelos países do Mercosul não se restringe aos temas econômicos e sempre que aparece uma pauta interessante e temos disponibilidade vamos atrás. O programa Diplomacia tem todo um bloco dedicado à cultura, com colunas de literatura (com Maurício Melo), cinema (com César Mendes) e música (com Deraldo Goulart), além de artes plásticas. Existe uma decisão pela divulgação preferencial das artes dos países vizinhos, dos lusófonos e de todos aqueles que compartilham raízes com o Brasil. Mas acabamos produzindo muita coisa no Brasil, pois, como disse, o tempo disponível aqui é curto para tudo o que pretendemos e, portanto, devemos privilegiar o trabalho legislativo do Parlamento do Mercoul.
P: Falando em Cultura. Qual é o relacionamento com os Departamentos de Cultura das Embaixadas que integram o MERCOSUL?
ROMOLO: Os Departamentos de Cultura podem oferecer boas oportunidades para que os povos do Mercosul se conheçam melhor. Particularmente, acho que começam a haver algumas atividades culturais nesse sentido, mas ainda são muito tímidas. É preciso promover mais. Divulgar mais. Acho que ainda não nos relacionamos tanto quanto poderíamos. No Diplomacia, sempre que há ações por parte das embaixadas dos países do Mercosul, divulgamos.
P: Tem reportagens coordenadas com antecedência à saída do Brasil? Na pior hipótese, pode fazer reportagens aos parlamentares brasileiros voltando no Brasil tendo como alvo o que acabou de acontecer na Sessão do MERCOSUL?
ROMOLO: Algumas ideias já vêm alinhavadas do Brasil. Sempre busco saber as opiniões dos parlamentares do Mercosul a respeito de determinados temas a fim de compor reportagens especiais que vão ao ar no Diplomacia. Outras surgem no decorrer das sessões. Tudo depende do que estiver na agenda de discussão regional e internacional. Pode ser crise na América Central, relação dos países sulamericanos, crise internacional, acordo entre Mercosul e União Europeia, migração, etc. Isso, claro, sem deixar de lado as matérias aprovadas pelos parlamentares.
P: A reportagem marcante até agora? Ainda não houve socos nas Sessões como as vezes acontece nas Câmaras dos diferentes países? Porque? Trata-se de um ambiente bem mais descontraído?
ROMOLO: O ambiente do Parlamento do Mercosul é bastante cordial. Uma única vez houve protestos do Fórum de Advogados da Venezuela em plenário. Eles queriam ser ouvidos pela Comissão de Direitos Humanos, mas como a Venezuela ainda não é membro pleno, não houve possibilidade. Em geral, os parlamentares manifestam suas diferenças e tem havido uma busca pelo nem sempre tão fácil consenso. As culturas parlamentares de nossos países são diferentes e aos poucos nossos representantes começam a se conhecer e a se reconhecer. A língua também representa uma certa barreira que dificulta a aproximação. Agora começam a ser criados os blocos políticos e uma nova configuração do Parlasul pode surgir: menos nacionalista e mais ideológica. A definição da proporcionalidade pelo Conselho do Mercado Comum, que irá possibilitar as eleições diretas em todos os países, também deverá ser um grande passo para o Parlamento do Mercosul.
P: Como está integrado o Parlamento MERCOSUL? Como é o dia-a-dia com os parlamentares? Convívio bom?
ROMOLO: O Parlasul é composto por 18 parlamentares de cada um dos 04 países, com direito a voz e voto. A Venezuela também participa, mas sem direito a voto. O Paraguai é o único país até o momento que elegeu seus representantes pelo voto direto. Os demais foram indicados pelos parlamentos nacionais. Todos eles são políticos bastante reconhecidos em seus países e experimentados nos mais diversos temas. Obviamente, há propensões de parlamentares para temas específicos, como economia, direitos humanos, assuntos internacionais etc. O convívio é sempre cordial e profissional. Os parlamentares conhecem o trabalho de divulgação realizado pela TV Senado e sempre estão dispostos a contribuir para que o cidadão do Mercosul fique a par do processo de integração.
Correspondente PRAVDA.ru
Gustavo Espiñeira
Montevidéu Uruguai
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