O nome do General Humberto Delgado foi proposto, por várias entidades regionais e nacionais, para a nova Ponte da Ajuda, entre Elvas e Olivença, aquando da sua inauguração em Dezembro de 2000.
Porém, face à oposição do Estado que administra Olivença, as autoridades portuguesas conformaram-se como lhes é habitual e não deram seguimento à proposta. Passados nove anos é altura, sem tibiezas que nos envergonhem, de retomar a iniciativa e dar o nome do «General Sem Medo» à ponte que reaproximou as duas parcelas de território alentejano e português.
A ligação de Humberto Delgado ao Alentejo era das mais profundas, tal como o era à alentejaníssima Terra das Oliveiras, ele que foi co-fundador do Grupo dos Amigos de Olivença e seu dirigente nos anos 50 e que, por amor à Liberdade e com o desassombro que lhe era conhecido, se levantou contra o regime de Salazar. Atraído à cilada de Badajoz, foi morto já no termo de Olivença - onde decerto aceitara deslocar-se por acreditar que ali obteria apoio dos portugueses oliventinos - e, já cadáver, a caminho de Vila Nova do Fresno, cruzou todo o território oliventino que tanto amava.
Havendo grandes alentejanos e regionalistas que muito têm contribuído para o restabelecimento da ligação de Olivença a Portugal, não haverá outro português que mais dignifique, com o seu nome, a nova ponte e a especialíssima relação histórica e cultural entre aquelas duas margens do Guadiana: a de Elvas, sentinela sempre viva da Portugalidade e a de Olivença, terra alentejana e portuguesa roubada ao nosso convívio.
Tendo presente a especial delicadeza de tudo o que se reporta à relação de Olivença com Portugal, as manifestas implicações político-diplomáticas que rodeiam o caso não podem ser impedimento eterno à atribuição de nome à nova Ponte. Que se pronunciem as instituições locais e que se ouçam as populações de ambos os lados do Guadiana.
Enfim, escutando-se a Cultura, a História e as vozes dos antepassados de todos, sustente-se um nome, o do General Humberto Delgado, para a Ponte que reabriu a Olivença as portas de Portugal.
António Marques
Almada, 24-06-2009.
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