SÃO PAULO - Com o baixo poder competitivo até mesmo no mercado interno, a indústria brasileira aguarda o ano de 2015 com ansiedade, depois da constatação de que a política de incentivo a determinados setores tem dado cada vez menos resultados. Proteger-se de um mundo nada amistoso nas práticas comerciais com o acirramento de uma estratégia de isolamento é, no fundo, uma tendência suicida.
Milton Lourenço (*)
O que fazer? As próprias lideranças industriais, que já manifestaram sua decepção e desconfiança com o atual modelo econômico, vêm pedindo há muito uma mudança de rumo em busca de maior produtividade para o setor a fim de que seja possível enfrentar a pressão dos produtos importados. Para tanto, é preciso que haja mais tecnologia, investimento, preparo da mão de obra e, enfim, inovação, o que só será possível com maior inserção do País no mundo por meio de acordos mais amplos com outros países e blocos.
Só assim o Brasil poderá produzir mais e, em consequência, exportar mais. Em troca, terá de importar mais, inclusive equipamentos para modernizar o seu parque fabril. E até mesmo engenheiros e operários especializados porque nossa mão de obra está defasada em relação à dos países mais desenvolvidos. Basta conversar com qualquer diretor de fábrica multinacional para se ouvir queixas a respeito do desperdício e da falta de compromisso do operário brasileiro.
Isso passa também pela ausência de um ensino profissionalizante mais antenado com as novidades tecnológicas e por mais incentivo das indústrias para que o trabalhador brasileiro estude mais e vire técnico especializado ou engenheiro.
Nas atuais circunstâncias, nem mesmo as multinacionais instaladas no País podem usar suas fábricas para produzir com vistas ao mercado externo. E por quê? Porque o nível da automação é baixo e o de tecnologia da informação e de inovação nos processos industriais está longe do que se vê no mundo desenvolvido. Além disso, a mão de obra apresenta muitas carências e deficiências.
Portanto, é inadiável que o Brasil busque maior integração mundial, principalmente com a União Europeia e os Estados Unidos, antes que sejam formalizados os chamados acordos megarregionais - o Acordo de Associação Transpacífico (TPP) entre Estados Unidos e países da Ásia-Pacífico, inclusive Chile Peru e México, e o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) entre Estados Unidos e União Europeia -, que, fatalmente, irão determinar os padrões do comércio global tanto a nível fitossanitário, regulatório e tarifário, de legislação aduaneira e de questões ambientais. Ficando fora desses acordos e dos grandes blocos, ao Brasil só vai restar cumprir as regras do jogo, sem participar de suas discussões e decisões.
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(*) Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: [email protected]. Site: www.fiorde.com.br.
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