Condenado no processo do mensalão, Henrique Pizzolato foi o único réu que conseguiu fugir.
Valendo-se de documento falso, refugiou-se na Itália, onde também tem cidadania. Não era encontrado, até que a polícia italiana o localizou, ocasião em que mostrou documento de irmão já falecido. Segundo o apurado depois, com o mesmo nome do irmão, votou no Rio de Janeiro.
Ora, além do crime de falsidade cometido pelo antigo diretor do Banco do Brasil, que se encontra em situação penal delicada na Itália, o fato mostra bem quem são os componentes do maior crime já cometido no Brasil, em termos de organização. A prisão por uso de documento falso demonstra a real situação dos outros condenados na ação penal 470.
Alegam todos eles que estão presos por razões políticas. Técnica de disfarce, pois foram condenados por peculato, corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha. Nenhum destes crimes é político. Tudo o que não poderia acontecer com o ex-diretor do BB era ser preso por falsidade. Mostra bem o seu caráter, pois sendo participante do grupo dos condenados, tira de vez a razão que estavam usando, quando afirmavam que os crimes são políticos.
Mais. Mostra a audácia do fugitivo em apresentar documento falso à polícia italiana, acostumada a combater a maior organização criminosa do mundo, a Máfia.
Seu advogado pediu sua liberdade, enquanto aguarda julgamento naquele país. Não poderia ser outra a decisão da juíza. Negou o pedido, alegando que quem já fugiu de um país pode perfeitamente fugir de outro.
Pizzolato certamente vai ser condenado pela justiça italiana, pois tudo leva a crer que a extradição para o Brasil não vai ser concedida. Condenado por crime comum e que envolve falsidade material e moral. A mesma que utilizou quando participou do escândalo do executivo brasileiro.
Tirou em definitivo a desculpa dos condenados de que estão presos por razões políticas. Que não convencia ninguém, mas era uma tentativa de justiçar a punição.
Jorge Cortás Sader Filho é escritor
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