Israel entrou na última fase de seu preparo de guerra contra o Irã. A recente renúncia do Primeiro-Ministro israelense Ehud Olmert, propositor de negociações e concessões, e diversos outros fatores, dizem tudo a respeito de guerra iminente. A recente criação, por Israel, do escudo estadunidense de defesa contra mísseis pode ser outro acréscimo à lista.
A administração dos Estados Unidos tenta também usar as forças israelenses para fazer jogo sujo contra a Rússia. A renúncia do primeiro-ministro israelense tornou-se outro motivo para suscitar-se o tema da guerra iminente entre Israel e Irã. Muitos políticos israelenses desgostam do ponto de vista de Ehud Olmert a respeito da necessidade de se conduzirem negociações com estados vizinhos, bem como da intenção dele de discutir uma oportunidade para a devolução das Colinas de Golã à Síria.
Há outros aspectos que testificam de uma possível guerra em futuro muito próximo. Os Estados Unidos estão embarcando para Israel uma estação de radar para rastreamento de lançamentos de mísseis. Além disso, os Estados Unidos pretendem usar o radar juntamente com Israel. Os Estados Unidos fornecerão a Israel informações precoces para impedimento de lançamento de mísseis, bem como ajuda técnica e financeira para a criação do sistema de defesa contra mísseis.
De acordo com o Ministro da Defesa israelense Ehud Barak, a estação de radar será assestada em Israel antes de a nova administração dos Estados Unidos assumir oficialmente a Casa Branca em janeiro de 2009.
A administração dos Estados Unidos acredita que a estação de radar é necessária para defender Israel de mísseis iranianos. Ela não empreendeu ainda o assestamento de mísseis intercipientes. Sem embargo, é óbvio que a distância até o Irã é quase a mesma que a distância até a Rússia, que se opõe veementemente ao assestamento do sistema de defesa contra mísseis dos Estados Unidos na Europa.
A estação dará aos Estados Unidos oportunidade de usar livremente seu radar voltado para a Rússia, sem quaisquer explicações ou controle. Além disso, a estação dará a Israel mais confiança em seu preparo para a guerra.
Israel atua de acordo com a lei da guerra e prepara-se seriamente para atacar os alvos nucleares iranianos. Transpirou que a alta administração israelense teve uma reunião secreta com o arquiteto da Operação Ópera, General reformado Aviam Sela. Foi Sela quem planejou o ataque aéreo de surpresa contra o reator nuclear iraquiano há 27 anos. Além da Ópera, o general também elaborou e conduziu diversas operações para destruir baterias sírias de defesa aérea no Líbano durante a Primeira Guerra Libanesa em 1982.
Autoridades israelenses vêm falando, há cerca de uma década, da ameaça nuclear do Irã. Entretanto, agora Tel Aviv considera seriamente a hipótese de usar força militar contra o Irã. A questão nuclear é obviamente a questão central na oposição entre Irã e Israel, mais há uma questão mais global, que explica por que Israel teme o Irã.
O Irã esforça-se para obter o estatuto de superpotência regional no contexto de sua hostilidade aberta a Israel. Os pontos de vista e intenções do Irã representam uma ameaça para o papel e o lugar de Israel no Oriente Médio. Os armamentos nucleares do Irã colocam em perigo a existência do Estado de Israel, mesmo que tais armamentos sejam usados para efeito exclusivamente de dissuasão.
Há bons motivos para crer-se que Israel possa chamar para si a inteira responsabilidade pelo início de uma ação militar contra o Irã, se essa ação acontecer, naturalmente. O ex-chefe da Mossad, Shabtai Shavit, disse que Israel não ficará esperando permissão dos Estados Unidos para atacar as instalações nucleares do Irã.
A administração dos Estados Unidos não tem pressa de usar sua força militar contra o programa nuclear do Irã. As autoridades dos Estados Unidos preferem conduzir guerra psicológica contra o Irã, a qual bem poderá também ser o começo de uma guerra real.
Todavia, há diversas circunstâncias que estorvam uma ação militar de larga escala dos Estados Unidos contra o Irã. A atual estabilidade política no Iraque e no Afeganistão deixa muito a desejar. Um contingente limitado de tropas da coalizão no Afeganistão obviamente não é suficiente para conduzir operações militares de larga escala no sul da nação assolada pela guerra. As tropas dos Estados Unidos e da coalizão somam cerca de 200.000 homens na região. O Pentágono não pode fornecer mais.
O Irã não perderá oportunidade de revidar atingindo tubulações de petróleo e estruturas petrolíferas de estados árabes vizinhos. Mesmo uma ação militar leve na região poderá causar sérios danos à economia mundial. União Européia, China e Índia são as que mais sofreriam com a possível crise de combustível . Os Estados Unidos não estão preocupados com competidores mais fracos, naturalmente. Não é segredo que as economias daquelas gigantes industriais dependem em grande parte de embarques de petróleo bruto do Golfo Pérsico. A guerra poderia ser uma boa razão.
Vladimir Anokhin
Tradução da verção inglesa da Pravda
Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme [email protected]@gmail.com
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