Homenagem à Mártir: Levante-Se Para Sempre, Meena!

Homenagem à Mártir: Levante-Se Para Sempre, Meena!

Friba. representante da Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão (RAWA, na sigla em inglês), solicitou uma vez mais* a Edu Montesanti que compusesse tributo à Meena para ser lido na solenidade em Cabul, em memória dos 33 anos do martírio** da heroína afegã. Mais uma dedicatória do jornalista brasileiro ao povo afegão que tanto ama, e de quem tem recebido tantas palavras de carinho e apoio nos últimos anos

A foice covarde que atravessava o caminho de Meena era insignificante para ela: Meena é o pão compartilhado em uma terra dividida entre pessoas corajosas que derrotaram historicamente grandes potências em nome do povo afegão, e insípidos fantoches, personagens sem sentido que carecem de pátria e de alma, insistindo em lutar contra o que há de melhor do Afeganistão.

O ódio nos olhos de alguém, a agressividade na boca dos outros, a violência em diversas mãos nunca assustaram Meena, pelo contrário: a adversidade costumava incentivar ainda mais a heroína solitária de Cabul, que valia mil senhores de guerra, uma jovem que cresceu transformando ameaças e caminhos trancados, em oportunidades e em prática incansável.

Nada nem ninguém poderia deter a Payam-e-Zan*** (Mensagem de Mulher) de Meena. Nada nem ninguém pôde impedir a propagação da Payam-e-Zan de Meena, 33 anos após seu martírio.

Payam-e-Zan de Meena nunca passará, pois sua luta pelos oprimidos, famintos, com frio, pelas estupradas, não foi um ato de caridade mas um profundo senso de justiça, causa que veio do fundo do coração de Meena. Faz parte da alma de Meena.

Aos pobres, camponeses, trabalhadores que vivem do seu suor, aos explorados, aos jovens que, sem saber, morrem em guerras: de Paropamisus a Dasht-e Margoh, de Wakhan a Selseleh-ye Safīd Kūh, as mãos estendidas de Meena para eles, sempre se apressavam em socorrer seu amado povo.

Um gemido clama das cavernas afegãs pelo sangue de Meena, ao longo dos anos. E o sangue de Meena, para todas as vítimas afegãs, constantemente clama.

"Existem pessoas que lutam um dia e são boas, outras lutam um ano e são melhores, e há quem lute muitos anos e seja muito bom, mas há quem lute a vida toda, e esta é indispensável", Bertold Brecht costumava dizer. Tão corajosa e doce como todo herói de verdade, a mártir Meena Keshwar Kamal é um exemplo vivo de que o amor pode realmente existir; Meena viveu como acreditava. Meena lutou a vida toda. Toda sua vida foi uma luta.

"Os que morrem pela vida não podem ser chamados de mortos, por isso é proibido chorar por eles agora!", cantava o compositor venezuelano Ali Primera. É proibido chorar por Meena hoje!

Alegre-se, Afeganistão! Meena vive! Encorajem-se, povos de todo o mundo: a luta de Meena é por solidariedade e justiça social, contra o poder do dinheiro e todo tipo de domínio. A luta de Meena não tem fronteiras.

Levante-se para todo o sempre, Meena, meu amor!



* Leia a homenagem de Edu Montesanti a Meena nos 30 anos de seu martírio, em 2017: Meena, Inspiração para Toda a Humanidade, em Pravda Brasil;

** Meena foi assassinada em 4 de fevereiro de 1987;

*** Meena fundou a revista Payam-e-Zan (Mensagem de Mulher) em 1981, em dois idiomas: pashto e parsa.

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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