Filme de enganação é sucesso em Locarno

Não se trata de uma previsão mas de uma antecipação - o filme Vijay and I, tem sucesso garantido no Brasil por ser uma saborosa comédia, calcada no disfarce ou na arte de enganar com boas intenções.

O título, a foto para a publicidade e o trailler mostrando Nova Iorque já constituem uma enganação, pois sugerem ser um filme indiano ou em coprodução da Índia com americanos, pois o nome do diretor , Sam Barbarski, sugere ser de americano de origem polonesa.

Mas não é nada disso, Barbarski é um alemão que emigrou para a Bélgica e o filme um puro produto da União Européia, numa coprodução alemã-luxemburguesa-belga. E o ator Moritz Bleibtreu, mesmo com turbante siki, nada tem de indiano.

Para se entender a outra enganação, é preciso se contar o filme. Porém, isso não atrapalha o prazer de quem for ver Vijay and I, porque não se trata de um policial com suspense mas de uma deliciosa comédia envolvendo um amigo do peito e uma esposa que se julga viúva e uma filha, que logo descobre não estar orfã.

Os espectadores sorriem o tempo todo, cúmplices que se tornam de Wilder e seu fiel amigo Rad, esse sim de origem indiana, mas nascido na Itália.

A história começa mostrando um ator americano de programa infantil, com corpo e rosto cobertos por um disfarce cafona de coelho, frustrado por desejar ser um ator de verdade. No dia de seu aniversário de 40 anos, num 13 sexta-feira, nem a mulher e nem a filha se lembram da data apenas recebe seus parabéns de uma publicidade por telefone. E ainda por cima, lhe roubam o carro.

Sentindo-se desmoralizado e mal amado, Bill vai se refugiar na casa do amigo Rad e, na manhã seguinte, vê na televisão a notícia de sua morte, pois seu carro tinha sofrido um acidente e queimado no incendio. Em lugar de telefonar para a esposa e dizer estar vivo, Bill decide se fazer de morto e mesmo ir ao entêrro, disfarçado num indiano siki, para saber o que dele pensavam seus amigos e sua esposa.

Ora, a suposta viúva fica encantada pela figura do indiano Vijay e sua mudança de identidade e de personalidade se torna um sucesso. Mesmo a paixão sexual se acende na bela viúva, que passara dois anos sem fazer amor com o ridículo marido, cujo disfarce como coelho para a televisão matava qualquer tesão.

Moral do filme - um bom disfarce pode salvar muitos casais da rotina e do menosprezo provocado pelo cotidiano.

 

Rui Martins

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey