por Elisseos Vagenas [*]
Organizar o contra-ataque! Este artigo foi escrito durante a importante (48 horas) greve geral à escala nacional de 28-29 de Junho, a qual abrangeu todos os lugares de trabalho. As manifestações grevistas da Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME), que congregou os sindicatos que atuam com base numa orientação de classe, foram sem precedentes.
As manifestações e comícios em massa do PAME são diferentes daquelas das lideranças sindicais comprometidas das federações de sindicatos do sector privado (GSEE) e do sector público (ADEDY). A razão é não só a participação maciça dos trabalhadores, sua militância e as medidas para a sua proteção como também o fato de que eles não procuram meramente impedir o novo "pacote" de medidas anti-povo mas avançam com a necessidade de entrar em conflito pleno com a UE e a exploração capitalista como um todo.
Em contraste com as manifestações dos chamados "cidadãos indignados", os quais gritam o apelo à "neutralidade" através do slogan enganoso de "ladrões, ladrões" em frente ao parlamento, o slogan que prevalece nas manifestações maciças do PAME é: "Nenhuma engrenagem pode girar sem os trabalhadores. Os trabalhadores podem atuar sem os patrões!"
A linha de combate do partido comunista e do trabalho e do movimento sindical com orientação de classe torna-se cada vez mais importante sob as atuais condições quando o povo grego experimenta as conseqüências da crise capitalista que traz pobreza, desemprego e privação para as famílias da classe trabalhadora e quando o governo do PASOK juntamente com a UE e o FMI implementam um programa anti-povo selvagem com o objetivo de reduzir o preço da força de trabalho e o aumento da competitividade e da lucratividade do capital.
O KKE enfatizou desde o primeiro momento que a crise capitalista, a qual está a ser experimentada pelo povo grego, exprime a agudização da contradição principal entre o caráter social da produção e do trabalho, por um lado, e a apropriação capitalista privada dos seus resultados, por outro. Além disso, lutou contra a campanha enganosa era alegadamente subserviente ao FMI ou a potências estrangeiras, revelando que o memorando anti-trabalho exprimiu escolhas concretas da burguesia grega referentes a alianças que assegurassem a sua lucratividade nestas condições específicas.
O KKE refutou as posições social-democratas e oportunistas que são propagadas pelas forças do chamado Partido de Esquerda Europeu (European Left Party, ELP) bem como por outros, posições que atribuem as causas da crise à gestão neoliberal porque elas escondem a atividade das leis do sistema explorador; elas escondem que as crises estalam independentemente da gestão social-democrata ou liberal com o aguçamento das contradições do sistema: a anarquia e a desigualdade que caracterizam a produção capitalista, a super acumulação de capital a qual verificou-se no período de crescimento econômico devido à exploração da força de trabalho e não pode encontrar um caminho que lhe assegure uma alta taxa de lucro.
Ao longo dos últimos dois anos houve multifacéticas lutas com orientação de classe contra o assalto do capital, a política anti-povo do governo liberal da ND anteriormente e do governo social-democrata do PASOK hoje, o qual é apoiado pelas outras forças políticas burguesas e as lideranças do sindicalismo subjugados ao governo e ao patronato.
Mais de 20 greves gerais à escala nacional foram organizadas com êxito no período 2010-2011; além disso uma série de greves em sectores e companhias, comícios em massa, ocupações de edifícios públicos e de outros edifícios também, lutas maciças com a participação de centenas de milhares de trabalhadores e forças populares.
O KKE e o PAME, o movimento do trabalho com orientação de classe, os comícios militantes apoiados pelo nosso partido nos movimentos dos agricultores, dos auto-empregados, das mulheres e da juventude desempenharam um papel importante nestas lutas.
A linha de luta do KKE e do movimento com orientação de classe deu uma contribuição especial para o conflito com o capital e a política anti-povo quando clarificou desde o princípio que a crise, o déficit e a dívida são um produto do desenvolvimento capitalista, da estratégia que apóia os grupos monopolistas e que os responsáveis não são responsáveis por isto. Cada vez mais trabalhadores vê hoje este fato quando comparam a dívida do estado (350 mil milhões de euros) com os depósitos dos capitalistas gregos, os quais na Suíça montam a 600 mil milhões de euros.
Cada vez mais trabalhadores estão a abandonar os partidos burgueses (PASOK-ND), abrem os seus olhos para as avaliações e as propostas do KKE uma vez que os comunistas se demonstraram corretos pelos desenvolvimentos verificados. O KKE denunciou o governo e a UE porque eles chantageiam o povo com o não recebimento da 5ª prestação do empréstimo a menos que aceitem as novas medidas anti-trabalho.
Os comunistas na Grécia apóiam firmemente que é a plutocracia que deve pagar pela crise pois é a responsável pela mesma. Ao mesmo tempo, o KKE acredita que a luta por todo problema do povo deve desenvolver-se na direção da organização, concentração e preparação de vastas forças populares e da classe trabalhadora não só para criar melhores condições para a venda da força de trabalho como também para o derrube do sistema explorador de modo a abrir o caminho para o poder do povo e a economia do povo, para o socialismo.
[*] Membro do CC do KKE e responsável pela Secção de Relações Internacionais. Este artigo foi publicado em Socialist Voice, publicação mensal do Partido Comunista da Irlanda.
O original encontra-se em http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-06-30
Este artigo encontra-se em http://resistir.info
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