Luciana Genro: Governo só é ágil para atender aos banqueiros


Pronunciamento de Luciana Genro em 9 de dezembro na Câmara Federal

Estive em Santa Catarina visitando as áreas atingidas e me chamou a atenção a força de vontade daquelas pessoas diante de uma tragédia de tamanha dimensão. Elas perderam familiares, amigos, seus bens... Só não perderam a esperança, apesar da demora do governo federal em reconhecer a gravidade da situação, e diante de medidas que soam como uma piada, como a oferta de linha de crédito com juro 1% menor para aqueles que comprovarem que perderam tudo.


Há uma ausência absoluta do sentido de urgência por parte do governo, tão diligente nas medidas para atender aos interesses do capital financeiro diante da crise econômica mundial, editando medidas provisórias para o setor. Não temos uma resposta do governo sobre para onde irão as pessoas que perderam suas casas. É a solidariedade dos brasileiros que está salvando as vítimas de Santa Catarina. Só vemos o governo operar com urgência em defesa do capital financeiro.


As MPs tentam dar uma resposta à crise econômica, mas de forma equivocada, pois só interessam ao capital financeiro e à estabilidade dos mercados, quando precisamos lutar pela estabilidade do povo, que está apreensivo, particularmente quem trabalha em empresas que anunciaram demissões e férias coletivas. São os trabalhadores, mais uma vez, as vítimas da crise. São eles os chamados a pagar a conta de uma crise provocada pelo sistema capitalista, e que é resultado das imperfeições do próprio sistema.


Esta crise é de uma gravidade que só encontra similar na de 1929, e que hoje se junta à crise ambiental, que mostra suas conseqüências no exemplo de Santa Catarina, aqui bem perto de nós. Queremos que esta crise econômica e os seus efeitos no Brasil sejam respondidos com medidas que interessem à classe trabalhadora. Por que o governo não toma nenhuma medida para evitar as demissões que não seja dar mais dinheiro para montadoras e bancos?


A proposta do senador Paulo Paim, de reajuste para os aposentados, não deve ser descartada por conta da crise. O governo despeja dólares e mais dólares nas mãos dos capitalistas, e o que resta ao povo? Restam cortes, altas taxas, baixos salários, serviços públicos cada vez piores... Não aceitamos essa lógica, assim como não aceitamos a paralisia do governo diante de catástrofes como a de Santa Catarina. Nós, do PSOL, pretendemos colaborar no processo de mudança para que tenhamos um dia um governo que de fato pense nos interesses da maioria.

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey