Mergulhadores fizeram uma descoberta sensacional durante o exame do transatlântico Lusitânia que afundou em 1915. Eles confirmaram a versão de acordo com a qual a Grã-Bretanha e os Estados Unidos usaram navios de passageiros civis para contrabandear armas, colocando em risco a vida de milhares de civis. Os passageiros do navio foram na prática usados como escudo humano para a eventualidade de o navio ser atacado pela marinha alemã.
Os escafandristas encontraram suprimentos de guerra a bordo do transatlântico Lusitânia, que afundou em 7 de maio de 1915 ao largo da costa da Irlanda. A maioria dos passageiros - 1.198 pessoas, inclusive 139 cidadãos estadunidenses - perdeu a vida na tragédia. O evento, que a mídia descreveu como o maior crime militar da história, despertou numerosos protestos no mundo e fez com que os Estados Unidos se envolvessem na Primeira Guerra Mundial.
No limiar da Primeira Guerra Mundial, a Europa descobriu-se no meio de uma corrida armamentista. A Grã-Bretanha tentou desinformar o inimigo a respeito de seu poderio militar. O país estava construindo navios de guerra tanto convencionais quando de reserva, disfarçados de navios civis. Esses últimos incluíam grandes transatlânticos, que a Grã-Bretanha planejava usar dentro da estrutura de sua marinha em caso de necessidade. O Lusitânia, com 31.000 toneladas, era um dos maiores navios da época.
Na verdade, plataformas para canhões e guindastes para munição foram montados no Lusitânia e em outros navios logo que a guerra eclodiu. Entretanto, a Grã-Bretanha foi forçada a desistir da idéia original para seu uso devido ao temor da 'mais nova arma alemã' - os submarinos, para os quais um transatlântico constituía alvo muito bom. De início mobilizado para propósitos militares, o Lusitânia voltou à condição de simples, embora enorme, transatlântico de passageiros.
A indústria britânica percebeu que não estava preparada para a guerra mundial e ser incapaz de atender às exigências da área de defesa do país. Os transatlânticos foram finalmente usados como navios de contrabando. O Lusitânia partiu, em sua letal viagem, de New York rumo a Liverpool em 1o. de maio de 1915. Uma semana depois, um submarino alemão torpedeou o navio.
A mídia alemã imediatamente escreveu que havia substâncias explosivas e equipamento militar a bordo do navio. Grã-Bretanha e Estados Unidos rejeitaram a afirmação.
Excusado é dizer que a verdade a respeito do transatlântico teria permaneceido um mistério, pois era extremamente difícil submergir a uma profundidade superior a 100 metros, onde repousava o Lusitânia. As coisas, hoje, mudaram. Revelou-se que o navio estava carregando muitas caixas de balas Remington.
Um estreito círculo de historiadores profissionais não achou a descoberta surpreendente. A informação a respeito da carga a bordo do navio naufragado apareceu originalmente como resultado da investigação independente conduzida pelo jornalista britânico Colin Simpson. O jornalista concluiu que o navio estava transportando explosivos fabricados nos Estados Unidos. O britânico descobriu, particularmente, que havia 3.800 caixas de "queijo" em meio à carga a bordo do transatlântico. As caixas estavam registradas em nome do cidadão estadunidense A. Frazer, o qual, veio-se a saber, era um devedor sem direito a comércio nos termos da lei estadunidense. Portanto, as autoridades o usaram como testa de ferro para contrabandearem os produtos militares feitos pela DuPont.
Em segundo lugar, Londres oficialmente reconheceu que havia um pequeno estoque de balas a bordo do navio naufragado. Entretanto, esse reconhecimento não mudou em nada o estatuto civil do navio.
Todos os fatos acima mencionados comprovaram que havia carga militar a bordo do transatlântico.
Jornais dos Estados Unidos escreveram pouco antes de o Lusitânia partir em sua última viagem que era perigoso para cidadãos dos Estados Unidos permanecerem a bordo de navios de passageiros britânicos. Essa advertência foi originalmente feita pela Embaixada Alemã nos Estados Unidos. A embaixada fora informada de que o Lusitânia transportaria grande carga militar.
Os passageiros do transatlântico foram informados de que nenhum navio alemão poderia alcançar aquele transatlântico de alta velocidade, e de que navios de guerra britânicos protegeriam o Lusitânia de possível ataque de submarinos. Ninguém escoltou o navio, e o Lusitância afundou.
Por que isso aconteceu? A resposta é simples. De um lado, a Grã-Bretanha estava importando cargas militares usando como disfarce cidadãos de países neutros. Era um jogo vantajoso para a Grã-Bretanha, mesmo que a Alemanha destruísse um de tais navios. A Grã-Bretanha queria que os Estados Unidos se envolvessem na guerra.
O ministro do exterior britânico perguntou a uma alta autoridade dos Estados Unidos, na primavera de 1915, o que os Estados Unidos fariam se a Alemanha afundasse um navio com cidadãos estadunidenses a bordo. A autoridade respondeu que isso seria o bastante para que os Estados Unidos se envolvessem na guerra. A guerra foi "adiada" pelos Estados Unidos até 1917, quando a Alemanha já havia sido enfraquecida.
Numa palavra, a Grã-Bretanha providenciou passageiros dos Estados Unidos no navio para facilitar a guerrapara si própria.
O enorme navio afundou em apenas 18 minutos devido à pesada carga. O capitão do submarino alemão U-20 Schwieger disse que ordenara o disparo de apenas um torpedo, embora o ataque resultasse em duas grandes explosões, que esmigalharam o compartimento de carga mais baixo e o convés do navio. Este afundou rapidamente quando a munição explodiu em seus compartimentos de carga.
Mesmo se dois torpedos tivessem atingido um navio imenso como o Lusitânia, este teria permanecido na superfície da água por pelo menos duas horas. Por exemplo, submarinos alemães despejaram seis torpedos ao atacar o barco a vapor Justicia em 1918. O barco torpedeado permaneceu à tona por mais um dia, enquanto o enorme Lusitância afundou em apenas questão de minutos.
A Embaixada da Áustria-Hungria nos Estados Unidos reconheceu, em junho de 1915, que havia informado a Alemanha a respeito da carga secreta a bordo do Lusitânia. Os diplomatas austro-húngaros temeram que o fato pudesse levar a uma guerra entre Viena e Washington e tentaram encontrar desculpas ingênuas.
É digno de nota que o então Secretário de Estado William Bryan condenou a política do presidente, que estava ciente do transporte de suprimentos de guerra dos Estados Unidos a bordo de vasos britânicos, o que era séria violação da neutralidade dos Estados Unidos.
A evidência a respeito do naufrágio do Lusitânia foi subsequentemente roubada da Representação Consular austo-húngara. Os documentos só foram encontrados nos anos 1990, e foi revelado que a operação havia sido planejada pelos serviços especiais dos Estados Unidos.
O caso do Lusitância é mais um fato a comprovar que a elite política tanto da Grã-Bretanha quando dos Estados Unidos não leva em conta princípios morais ao consumar suas metas egoístas. Ela está pronta a jogar com a vida de seus próprios cidadãos em benefício de interesses momentâneos.
Sergei Balmasov
Tradução Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme
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