Menino de quatro anos morre durante circuncisão ritual

"É um grande choque para nosso hospital," disse Damira Galeyeva, porta-voz de alto nível Hospital Republicano de Kazan para Crianças. A morte de um menino de quatro anos criou bulha em toda a cidade.

Dois gêmeos de quatro anos de idade, Ilfat e Rifat Zarimovs, foram hospitalizados para operação de circuncisão ritual. As crianças foram minuciosamente examinadas antes da operação. Os médicos operaram Ilfat primeiro, e a operação foi bem-sucedida. Rifat morreu em decorrência da operação.

"Os exames conduzidos antes da operação não revelaram quaisquer contra-índicações. O médico que deu ao menino a narcose é especialista de alta categoria, com experiência de trabalho muito ampla. A qualificação dele não suscita quaisquer dúvidas. Nosso hospital tem equipamento atualizado para anestesiologia e reanimação. Os médicos passaram duas horas e meia reanimando o menino, mas não conseguiram salvá-lo," disse Galeyeva.

A médica acrescentou que será preciso recorrer a especialistas independentes para descobrir-se a causa da morte do menino.

"Recebemos permissão do Gabinete do Promotor Público para conduzir investigação especializada independente. Por ora, não há resultados oficiais da autópsia e referentes às conclusões dos especialistas em medicina legal a respeito da causa da morte e da composição química dos medicamentos usados. Os resultados poderão ser recebidos depois de investigação pormenorizada," disse Damira Galeyeva.

Incidentes de morte decorrente de operações de circuncisão são extremamente raros. Entretanto, ocorrem.

Um menininho de um mês de idade, filho do imã da Mesquita Histórica de Moscou, Ramil Sadekov, morreu em decorrência da mesma operação no ano passado. O pai do menino viu um anúncio oferecendo serviços de operação de circuncisão na rua, não longe da mesquita. Telefonou para o número constante no anúncio e convidou um 'médico' a efetuar o ritual tradicional em seu filho de um mês, cujo nome era Salikh.

O 'médico' foi ao apartamento do imã, levou a efeito o procedimento e retirou-se. Parecia que a operação havia sido bem-sucedida, sem quaisquer complicações. Entretanto, a condição do menino começou a piorar rapidamente logo depois. Ele levou várias horas para morrer.

"Ficamos ninando o menino noite a dentro. Quando eram cerca de 5 horas da madrugada notamos que o bebê começou a respirar mais devagar do que o costumeiro. Os dedos dele ficaram frios e tornaram-se verdes," disseram os pais ao jornal Komsomolskaya Pravda.

O garoto morreu em decorrência de perda de sangue antes que a ambulância chegasse.

Outro incidente semelhante aconteceu no Egito. Uma garota de 12 anos de idade morreu em decorrência de operação de circuncisão, que geralmente estipula a ablação do clitóris. A operação foi conduzida ilegalmente. A mãe da menina pagou ao cirurgião $9 pela operação. A menina morreu de dose exagerada de anestésico.

As culturas circuncisoras podem circuncidar pessoas do sexo masculino ou logo depois do nascimento, durante a infância, ou perto da puberdade, como parte de um rito de passagem. A circuncisão é mais frequente no mundo muçulmano, em partes do Sudeste Asiático, África, Estados Unidos, Israel, e Coréia do Sul. É comumente praticada nas confissões judaica e islâmica.

De acordo com a lei judaica, a circuncisão é um mitzva aseh ("mandamento positivo" para efetuar-se um ato) e obrigatória para pessoas do sexo masculino nascidas na confissão judaica, e para alguns convertidos ao judaísmo do sexo masculino. Só é procrastinada ou dispensada no caso de ameaça à vida ou à saúde da criança. É geralmente levada a efeito por um mohel no oitavo dia depois do nascimento, numa cerimônia chamada Brit milah (ou Bris milah, coloquialmente simplesmente bris), que significa "concerto da circuncisão" em hebraico. É considerada de tal importância religiosa que o corpo de um judeu incircunciso do sexo masculino é por vezes circuncidado antes do enterro.

A circuncisão é comum nas igrejas Copta, Etíope e Ortodoxoa Eritréia, e também em algumas outras igrejas africanas. Algumas igrejas cristãs da África do Sul opõem-se à circuncisão, vendo-a como ritual pagão, enquanto que outras, inclusive a igreja Nomiya no Quênia, exige a circuncisão como condição para alguém tornar-se membro. Algumas igrejas cristãs celebram a circuncisão de Cristo.

No islã, a circuncisão é mencionada em alguns hadith, mas não no Corão. Alguns eruditos Fiqh asseveram que a circuncisão é recomendada (Sunbnah); outros, que é obrigatória. Alguns citam os hadith para argumentar que a exigência de circuncisão está baseada no concerto com Abraão. Embora endossando a circuncisão para pessoas do sexo masculino, os eruditos observam que ela não constitui exigência para conversão ao islã.

A circuncisão na Coréia do Sul é, em grande parte, resultado da influência cultural e militar estadunidense depois da Guerra da Coréia. Na África Oriental a circuncisão de infantes pode ter tido significado tribal como rito de passagem ou de alguma outra natureza, no passado; hoje, em algumas sociedades nigerianas não-muçulmanas, é enfocada do ponto de vista médico ou constitui simplesmente uma norma cultural.

 Tradução Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme
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Author`s name Lulko Luba
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