Phillippe Noiret, um dos rostos mais conhecidos do cinema francês das últimas décadas, faleceu ontem vítima de cancro, informou o seu agente artístico, Artmedia. Era casado desde 1962 com a comediante Monique Chaumette, 79 anos.
Nascido em Lille, há 76 anos, Noiret fez carreira no cinema desde 1956. Viveu quase exclusivamente do cinema, tendo atuado em 125 produções. Contracenou com os melhores actores e actrizes do seu tempo, além de ter sido dirigido por alguns dos grandes nomes da realização cinematográfica. Noiret atuou com as estrelas francesas Catherine Deneuve, Romy Schneider e Simone Signoret, e nas comédias italianas de Mario Monicelli, Tomara que Seja Mulher (1986), Quinteto Irreverente (1982) e Meus Caros Amigos (1975). De Alfred Hitchock fez, Topázio (1967). Em A Comilança (1973), de Marco Ferreri, teve atuação memorável, ao lado de Ugo Tognazzi, Marcello Mastroianni e Michel Piccoli. Dramático e com humor negro, pode-se dizer que é seu papel-síntese.
Muito antes de "Cinema Paraíso", que tornou o seu rosto "familiar" a milhões de espectadores, Noiret era já um actor de primeiro plano, tão à-vontade na comédia como no drama. São da sua carreira filmes como "A grande paródia" ou "Zazie no metro". Hollywood chegou a tentá-lo por mais do que uma vez - participou em "Topaz", filme de Alfred Hitchcock, de 1969 -, mas quase toda a sua vastíssima cinematografia foi construída na Europa, sobretudo em países como França e Itália.
No teatro, trabalhou em vários papéis até entrar para a trupe Teatro Nacional Popular, onde ficou de 1953 a 1960. Participou des papéis secundários e protagonizou Alexandre, o Felizardo (1967), de Yves Robert. Participou em dezenas de peças e viu as suas capacidades de representação serem várias vezes reconhecidas, nomeadamente quando obteve dois Césares (o equivalente francês dos Oscars) de interpretação - em 1976, em "Le vieux fusil", de Robert Enriço, e, em 1990, em "La vie e rien d'autre", de Bertrand Tavernier. Actor-fétiche de Bertrand Tavernier, participou em alguns dos mais emblemáticos filmes deste realizador, como são disso exemplo "Que la fête commence" ou "L'horloger de Sain-Paul".
Para a crítica, Phillippe Noiret sempre foi sinónimo de elegância e hedonismo, passeando a sua classe em papéis tão diversificados como os de sedutor, poeta, gangster - ou pedófilo.
"Restam-me já poucas ilusões sobre a natureza humana, pelo que não é fácil enfurecerem-me. Sou um alegre desolado", confidenciou certa vez este apreciador de James Ellroy e Victor Hugo.
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