Ônibus 499: "Uma passageira falava: "ora, reza e pensa em coisas boas...".

Até 20 anos de prisão pode receber André Luiz Ribeiro da Silva, 38 anos, que manteve a ex-mulher, a técnica de enfermagem Cristina Ribeiro, 36, e outros passageiros como reféns no ônibus 499 (Cabuçu-Central), na Via Dutra, sexta-feira.

 André está sob a   vigilância reforçada na cela que divide com outros quatro presos, que espondem por falta de pagamento de pensão alimentícia. O temor da polícia é que ele tente suicídio. "Ele ainda está muito nervoso e abalado com tudo", diz o delegado. Em breve, quando estiver mais calmo, o André deverá se juntar a acusados de crimes mais graves nas celas comuns.


Por enquanto, André apresenta um comportamento de alguém sem a exata noção de seus atos. Pergunta por que está preso e diz sentir saudade da ex-mulher, a quem agrediu violentamente no ônibus, e dos filhos. "Ele ainda está muito nervoso e abalado com tudo o que aconteceu. Também pede desculpas aos filhos e agradece a Deus por não ter ocorrido o pior", diz seu advogado, Flávio Fernandes, que ontem esteve na delegacia.

André recebeu pela primeira vez a visita dos irmãos Carlos Eduardo da Silva e Rosimary Maria da Silva Costa. "Ele está muito arrependido", garante a irmã.

Dois dias depois de ter sido fisicamente e psicologicamente maltratada pelo seu ex-marido e primo, André, Cristina Ribeiro tem o pescoço imobilizado e traz uma pequena fratura no maxilar.

Em entrevista dada no domingo (12), Cristina ainda mostrava sentir muitas dores por causa das  agressões sofridas durante o drama vivido por ela na sexta-feira. 

“Foi difícil, meu pescoço estava muito dolorido de tanto que ele sacudia a minha cabeça. Uma passageira falava: ‘ora, reza e pensa em coisas boas...’”.

Cristina diz que não sente raiva de André mas pena. Quanto se é capaz de perdoar o pai de seus três filhos, Cristina responde:

“Só Deus perdoa”.

A técnica em radiologia diz que André é extremamente ciumento e que ele se sentiu traído logo após o nascimento do filho caçula, hoje, com quatro anos.

“Desde que meu filho nasceu que ele diz que o menino não é dele. Se for preciso, faço o teste de DNA”.

O comportamento possessivo de André Ribeiro fez com que ela fosse 15 vezes à delegacia. Três  queixas foram registradas contra o camelô.

Três acusações
O primeiro registro de ocorrência de Cristina contra André foi em 9 de julho de 2001 (RO 1918), com acusação de lesão corporal e ameaça, por ele ter tentado estrangulá-la. A Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) instaurou inquérito e o enviou ao Juizado Especial Criminal no dia 25 de dezembro de 2001.

Dia 6 de agosto deste ano, a mãe de Cristina foi à Deam para registrar queixa de cárcere privado contra André (RO 2795). Ela contou que a filha tinha desaparecido dia 2 de agosto, quando ia trabalhar na Clínica Ortopédica Nova Iguaçu. Ela soube por uma amiga de Cristina que a filha teria ligado de um Motel em Nova Iguaçu dizendo que foi levada à força por André. Na ocasião, os dois já estariam separados há dois meses.

Dia 11 de setembro, Cristina retornou à Deam para registrar nova queixa contra André, desta vez por coação no curso do processo (RO 3301). Ela contou que André estava com uma arma de fogo e a cercou na porta do colégio dos filhos, obrigando-a a retirar a queixa de cárcere privado na Deam.

 Fonte: O Dia, G-1

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Author`s name Lulko Luba