Pobreza na América Latina e o Caribe: novos retrocessos?
Havana, (Prensa Latina) Quatro em cada 10 lares na América Latina e o Caribe são economicamente vulneráveis e os 30,7% dos habitantes do área vive em condições de miséria, estimaram organismos internacionais.
Em anos recentes, teve 'avanços significativos', mas a frequência dos choques naturais e daqueles criados pelo homem 'ameaçam com regressar a milhões de pessoas à pobreza, a não ser que acelerem-se os esforços por mitigar e enfrentar estes riscos', julgou o Banco Mundial (BM).
A julgamento do organismo, os desastres naturais, o crime, a violência e as epidemias, representam um desafio considerável para a população vulnerável, sobretudo no atual contexto de baixo crescimento econômico e aumentados déficits públicos.
Apesar dos grandes avanços em termos de prosperidade durante os últimos anos, 'muitas pessoas na América Latina e o Caribe estão tão só a um desastre de regressar à pobreza', disse o vice-presidente do BM para a região, Jorge Familiar.
Em opinião do especialista, 'os países devem ser preparados melhor e fortalecer sua resiliência ante os choques, para assim não perder em um dia o que lhes tomou anos construir'.
Cálculos da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal) assinalaram que em 2016 a pobreza atingiu ao 30,7 por cento da população e a percentagem se manteria estável neste ano.
O relatório da Cepal, publicado em dias recentes, corroboro que a pobreza e sua expressão extrema aumentaram como média regional em 2015 e 2016, depois a mais de uma década de redução na maioria das nações.
Segundo o documento, em 2014, 28,5% da população encontrava-se em situação de pobreza (168 milhões de pessoas); a proporção subiu a 29,8 em 2015 (178 milhões) e a 30,7 em 2016 (186 milhões).
Enquanto a pobreza extrema passou de 8,2% em 2014 (48 milhões de habitantes) ao 10% em 2016 (61 milhões).
Não obstante, o resultado foi positivo desde uma perspectiva a médio prazo, pois a pobreza reduziu-se 15,2 pontos percentuais de 2002 a 2016, propôs o relatório Panorama Social de América Latina 2017, apresentado pela secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena.
Durante esse período também alejou a divergência de rendimentos: o coeficiente de Gini passou de 0,538 em 2002 a 0,467 em 2016 (nesse cálculo zero representa ausência de desigualdade e um a desigualdade máxima).
Para Bárcena, 'a experiência recente indica-nos que o aumento dos rendimentos nos lares de menores recursos tem sido imprescindível para a redução tanto da pobreza como da desigualdade de rendimentos'.
A esse crescimento, avaliou, contribuíram as políticas distributivas e redistributivas dos países, como reformas tributárias, salários mínimos, pensões e transferências vinculadas às estratégias de reduzir a pobreza e expandir os sistemas de proteção social.
O chamado, expressou, 'é a fortalecer as políticas trabalhistas e de proteção social, mais ainda em períodos de baixo crescimento econômico, e a implementar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável a partir de uma mudança estrutural progressivo'.
Conforme com os dados da Cepal, os mais prejudicados continuam sendo os setores de sempre: Em 2016, exemplificou o reporte, a pobreza afetava ao 46,7% das crianças e adolescentes entre zero e 14 anos de idade e a extrema pobreza a 17%.
Em quase todos os territórios, acrescentou a análise, as mulheres em idade de retiro têm menores níveis de cobertura nos sistemas de pensões, e as brechas monetárias nas prestações que recebem superam os 20 pontos percentuais em 10 de 17 países analisados, podendo atingir os 40 pontos percentuais.
Por sua vez, o BM assegurou que 'praticamente quatro em cada 10 lares seguem sendo conceituados como economicamente vulneráveis, correndo o risco de voltar à pobreza'.
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