Os efeitos drásticos das mudanças climáticas são muito bem demonstrados na nova edição do conceituado Atlas Mundial publicado pelo jornal britânico "Times". Alguns mapas tiveram que ser completamente redesenhados por causa de alterações atribuídas, em grande parte, ao aquecimento global.
Entre as mudanças percebidas desde 2003, quando foi publicada a edição anterior do atlas, uma das mais drásticas diz respeito ao lago do Chade, no continente africano, que hoje é 95% menor do que em 1963. Mas as mudanças vão além do tamanho de lagos e mares. O curso de alguns rios e o desenho dos litorais também sofreram alterações.
"Os desastres ambientais vão literalmente se revelando diante dos nossos olhos", disse o editor-chefe do atlas, Mick Ashworth. Nos quatro anos que separam as duas publicações, os cartógrafos registraram a ampliação das cidades, com a construção de casas e indústrias impactam de forma visível o meio ambiente. Segundo Mick Ashworth, a África e a Ásia passaram pelas mudanças mais impressionantes.
Para se ter uma noção da industrialização vivida pelos dois continentes, estima-se que, em 2008, pela primeira vez na História, existam mais pessoas vivendo em áreas urbanas que em áreas rurais nas duas regiões.
Em conseqüência disso, muitos rios têm sido desviados para abastecer as novas cidades. As águas dos lagos e mares também são usadas à exaustão. Como resultado, o mar Aral, na Ásia central, teve seu tamanho reduzido em 75% nos últimos 40 anos e o mar Morto perdeu cerca de 25 metros em meio século.
Imagens de satélite mostram o desmatamento em Iguacu em 1973 (E) e em 2003 - The Times Comprehensive Atlas of the World.
Mas os efeitos diretos do aquecimento global também provocam mudanças radicais. Em Bangladesh, o aumento do nível do mar e as fortes chuvas de monção registradas nos últimos anos vêm "devorando" a costa do país, alterando perceptivelmente o formato do litoral. Além de alterar a geografia de alguns países e continentes, o avanço do mar também pode levar à inclusão de algumas cidades na categoria "fantasma" - que atualmente inclui apenas cidades ameaçadas por atividade vulcânica e ex-campos de extração de pedras e ouro.
Os cartógrafos acreditam que a primeira cidade a ser incluída nesta categoria será Shishmaref, no Alasca. O degelo já causou um aumento do nível do mar de cerca de 3 metros em um ano.
"É uma questão de se manter atento às mudanças. Ciente de que as transformações estão cada vez maiores", disse Mick Ashworth.
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