Indonésia não quer compartilhar seu vírus aviário com OMS

A Indonésia parou de enviar amostras do vírus para a Organização Mundial de Saúde (OMS),  porque está negociando um contrato para vender tais amostras para uma empresa de vacinas americanas, disse um oficial da OMS na última terça-feira, segundo informa New York Times.

As espécies do vírus H5N1 circulando na Indonésia, o pais mais afetado pela gripe aviária, são consideradas cruciais no desenvolvimento de vacinas atuais e mutações futuras do vírus. O oficial, dr. David L. Heymann, disse que a agência está "claramente preocupada" com o desenvolvimento e passa atualmente por negociações com a Indonésia.

Heymann, chefe de doenças transmissíveis da agência, disse não culpar a empresa envolvida, Baxter Healthcare de Deerfield, Illinois. "Mas agora que isso aconteceu", disse, "precisamos nos sentar e tentar encontrar um jeito de retificar o ocorrido".

A Indonésia assinou um memorando de acordo com a Baxter na quarta-feira.

Um porta-voz da Baxter declarou que a empresa não exigiu que a Indonésia parasse de cooperar com a OMS. Acrescentou que o acordo em negociação não daria acesso exclusivo ao vírus indonésio pela empresa.

 Ao mesmo tempo, a ministra indonésia da Saúde, Siti Fadilah Supari, disse hoje que a OMS e outras organizações internacionais poderão ter acesso às amostras caso assinem um compromisso de que não será feito uso comercial delas. Não estava claro se a proposta indonésia solucionaria o impasse.

A ministra fez os comentários depois de assinar um termo de entendimento com a companhia farmacêutica americana Baxter Healthcare Corp para o desenvolvimento de uma vacina contra a variante humana do vírus causador da gripe aviária. A produção será local e não será feito uso comercial.

O vírus ainda não se transformou em uma espécie facilmente transmissível entre humanos. Mas já infectou 81 pessoas na Indonésia, provocando 63 mortes. Matou mais pessoas em 2006 do que no ano anterior e está fora de controle entre as aves na Indonésia, Egito e África ocidental.

A decisão da Indonésia desordena o padrão de fabriacação de vacinas de gripe sazonais - ao escolher entre centenas de amostras enviadas voluntariamente por todo o mundo - e poderia dar um perigoso exemplo para outros países. A Indonésia e outros países pobres se sentem menosprezados pelo sistema - e com razão, segundo alguns especialistas - porque as amostras que enviam são usadas para produzir vacinas que não podem pagar.


Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter

Author`s name Lulko Luba