Ex-presidente soviético, Mikhail Gorbachev, em um artigo publicado no jornal Novaya Gazeta sugeriu a realização de um referendo na Rússia sobre a reforma constitucional e a destruição da autocracia de Putin, criada pelo "vertical do poder".
"Eu estou prevendo o surgimento na Rússia de um novo e forte partido democrata, que pode tomar a iniciativa de atualizar a Constituição que é ditada pela própria vida", diz Gorbachev no artigo intitulado: "Pois é , um referendo popular !".
O caminho real para isso é um referendo. É o que diz a lei sobre o referendo: "O referendo, juntamente com eleições livres é a expressão suprema direta do poder do povo", nota o autor.
"O referendo pode conter só uma pergunta: " Se apoia as reformas políticas e constitucionais que elimine a "soberania" da autocracia e garanta a soberania do povo?", escreve Gorbachev.
Neste contexto o ex-chefe da União Soviética acredita que as autoridades "foram definidas na sua estratégia: manter o status quo e garantir a eleição do presidente Vladimir Putin. E para isso usam todos os mesmos recursos administrativos e ferramentas de mídia de divulgação". E ,enquanto isso, até mesmo recusam aceitar uma simples e clara exigência de manifestantes — cancelar eleição fraudada e nomear a nova", acrescenta.
Analistas políticos consideram Gorbachev estar tentando voltar para a arena política. No entanto, os especialistas são céticos sobre essa tentativa.
"Neste artigo, Gorbachev está procurando não ficar para fora da atualidade política por se juntar à oposição moderna. Ele tenta manter-se com a política atual, mas é pouco possível", comrntou o diretor do Centro da Conjuntura política, Dmitry Abzalov. " As declarações que o presidente da ex-União Soviética está fazendo neste artigo são muito radicais. Porque agora quanto o mais radicalmente soam propostas, a maior resposta evocam", acrescentou. Segundo Abzalov a proposta de Gorbachev é completamente inadaptada à vida e, além disso, ameaça a vida pacífica da Rússia.
"Não se esqueçam que o referendo é um caminho direto para a repetição de Maidan ucraniano. Mesmo os políticos mais radicais não o oferecem, portanto, se questionar o poder legislativo, o país poderá cair no caos", — disse o analista.
O diretor do centro de Informação Política, Alexei Mukhin, considera que na onda das manifestações de oposição o primeiro e o último presidente da União Soviética está procurando marcar pontos. "Eu detesto ler tais pensamentos de Gorbachev, o homem que contribuiu muito para o colapso da União Soviética. Porquê está tentando me ensinar a democracia? Gorbachev destruiu o grande Estado que não foi construído por ele. Simplesmente não tem o direito moral para ensinar o que e como fazer ", disse.
Algumas ONGs , revelando a intenção da sociedade russa, ainda estão tentando incentivar um processo penal contra Gorbachev, o político mais respeitável no Ocidente e o menos - na Rússia.
Assim, em janeiro de 2012 a organização "União de cidadãos russos" apresentou ao Comitê de Investigação da Rússia uma declaração exigindo um processo criminal contra Mikhail Gorbachev sobre o fato de traição. "É bem possível que possamos, além da declaração ao Comitê de Investigação, também iniciar o processo num tribunal, e apelamos a todos os cidadãos a se juntarem a nós", disse o porta voz da ONG, Nils Johansen à agência "Interfax".
Mas Gorbachev é perseguido e no espaço pós-soviético. A Rússia havia recusado um pedido da Lituânia para interrogar Gorbachev no caso de colisões em Vilnius em 1991. Em maio de 2011, Procuradoria-Geral da Lituânia enviou um apelo ao governo russo com um pedido para interrogar ex-presidente soviético no caso dos eventos de 13 janeiro de 1991 na Torre de TV Vilniusas quando as tropas soviéticas invadiram a estação de televisão de Vilnius, a rádio da comissão e, em seguida, o telégrafo. Como resultado foram mortos 13 pessoas. Apelos parecidos têm feito os parlamentares do Azerbaijão.
Em março de 2011 o famoso dissidente russo, Vladimir Bukovsky, exigiu a prisão de Mikhail Gorbachev, em Londres, onde ele ficava por ocasião do seu 80 º aniversário.
Bukovsky acusou o presidente da ex-União Soviética por crimes contra a humanidade. Se trata dos episódios trágicos da perestroika, quando o exército soviético esmagou sobre cidadãos pacíficos em Tbilisi, Baku e Vilnius. Dia 30 de março Bukowski entrou com uma reclamação no Tribunal de Magistrados, em Londres. O tribunal indeferiu o processo, mas Bukowski vai apelar da decisão.
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