Misteriosa, temida e hermética, a Rússia se prepara para ser sede da Copa de 2018, encantar e conquistar o mundo
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
Correspondente Internacional
ZURIQUE/SUÍÇA (PRAVDA.RU) - Maior país em dimensão territorial de todo o planeta, terra dos Czares, de Yashin, maior goleiro do mundo nos anos 60; berço natal do comunismo de Karl Marx e Friedrich Engels; nascedouro do Volga, o maior rio da Europa; pátria de Iury Gagarin, o primeiro homem a voar ao espaço sideral; mentora da histórica e misteriosa Cortina de Ferro; temida potência bélica mundial; país das mais belas mulheres que os olhos do homem já viram, da temida KGB, a polícia secreta da ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), do frio, que chega a cair 35 graus abaixo de zero, dos Montes Urais, marco divisor entre Europa e Ásia, dos maiores atletas olímpicos de toda a história, a hoje democrática e sorridente Rússia, que apesar de já ter sido considerada potência mundial do futebol, quer sediar, em 2018, pela primeira vez, a Copa do Mundo de Futebol, promovida pela FIFA.
Dividida entre o Ocidente e o Oriente, A Rússia, localizada no Leste da Europa, está concorrendo com Inglaterra, Espanha, Portugal, Holanda e Bélgica para receber a Copa de 2018. Para vencer essa 'guerra de poder' na FIFA, a Rússia promete abrir seus abarrotados cofres e investir cerca de 19 Bilhões de Dólares em estádios e obras de infraestrutura para superar seus concorrentes, com longa tradição no futebol.
Favorita nos bastidores para a escolha das sedes que vai acontecer no próximo dia 2, em Zurique, na Suíça, a Rússia aposta no bom momento vivido pela sua economia atualmente, que está entre as dez maiores do mundo, para desbancar seus rivais.
Os primeiros números sobre os investimentos são bastante ambiciosos. A Rússia fala em 4 Bilhões de Dólares nas construções e reformas de estádios (sete deles ainda serão erguidos, enquanto nove já existem), 3 Bilhões de Dólares para a melhoria da infraestrutura do futebol ao redor do país e 12 Bilhões de Dólares para gastos em hotéis e aeroportos.
Mas a candidatura russa prefere ir além de valores exorbitantes para se garantir como sede do torneio em 2018. Fatores como a grande diversidade cultural do país, a chance de deixar um legado para uma das maiores populações do mundo e a possibilidade de o esporte chegar a novos mercados, assim como aconteceu com os Mundiais de 1994 (EUA), 2002 (Coreia/Japão) e 2010 (África do Sul), são os principais argumentos usados para convencer a FIFA de que a Rússia é a melhor opção para organizar um evento do porte de uma Copa do Mundo.
O presidente da candidatura russa, Alexey Sorokin, disse que "A candidatura da Rússia 2018 irá fornecer à FIFA uma oportunidade histórica e monumental de realizar um torneio em um país que liga o Oriente ao Ocidente. Isso daria ao torneio uma nova perspectiva, abrindo a competição para novos mercados, criando novos empregos e dando à população e, sobretudo, aos jovens da Rússia um legado gigante'.
Ao mesmo tempo que a candidatura usa como trunfo a grande diversidade de um país com dimensões continentais, o tamanho da Rússia pode, também, representar um problema: a longa distância entre as sedes.
Com 16 estádios espalhados por 13 cidades, os russos planejam concentrar as partidas na parte ocidental do país, em cidades como São Petesburgo, Kazan e Moscou. Esta última terá quatro estádios, incluindo o Luzhniki, que recebeu a final da Liga dos Campeões na temporada 2007/08 e seria o escolhido para abrigar o jogo de abertura e a final da Copa 2018.
"O tamanho do nosso país pode ser um dos maiores problemas. Mas esse é um desafio que já estamos resolvendo. A Rússia selecionou cidades apenas no lado europeu do país. Apenas uma cidade se encontra próxima aos Montes Urais. Essa será a maior distância que será percorrida por uma seleção", disse Andreas Herren, diretor do comitê organizador da candidatura russa.
A hospitalidade russa é conhecida no mundo todo. Seria uma autêntica festa, não só para os russos, mas para os torcedores dos países visitantes, uma Copa do Mundo realizada na Rússia, que certamente ficaria na memória esportiva da FIFA, devido aos seus encantos e mistérios.
Entre os pontos fortes da candidatura da Rússia para sediar a Copa do Mundo em 2018 está o fato de um país da Europa Oriental nunca ter recebido uma Copa do Mundo.
Q ministro dos Esportes e Turismo da Rússia, Vitali Mutko, afirmou acreditar que seu país possa receber a Copa do Mundo de 2018. "Sem fé na vitória, não se pode participar de nenhuma competição, inclusive se os seus concorrentes forem fortes", disse.
"Fizemos tudo o que pudemos", ressaltou Mutko, que lembrou que, há poucos meses, ninguém dava um centavo pela candidatura da Rússia e que agora, a poucos dias da escolha, o país figura como favorito.
ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU no Brasil.
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