Neste sábado começou oficialmente a campanha eleitoral presidencial, um mês antes da votação cujos resultados já foram decididos de antemão e que devem consagrar a vitória de Dimitri Medvedev, um jovem funcionário que cresceu à sombra de Vladimir Putin, informa a AFP.
Depois de oito anos na presidência, Putin, que não pode concorrer a um terceiro mandato sucessivo, decidiu ceder seu posto a um especialista do direito romano de 42 anos, atual primeiro vice-primeiro-ministro russo, que começou a escalar os degraus do poder ao debutar como jurista em seu pequeno escritório da prefeitura de São Petersburgo nos anos 90.
Diante da falta de uma oposição forte, e levando em conta o domínio que os dois - atual e próximo presidente - exercem sobre os meios de comunicação e as regiões, as eleições de 2 de março se parecem mais com uma transferência de poderes do que com uma eleição.
A campanha eleitoral foi iniciada no sábado pela manhã, mas não deve despertar nenhuma paixão eleitoral desmedida entre os russos resignados. Em nome da estabilidade, devem votar por um homem cujo programa se reduz a uma frase: continuar a obra de Vladimir Putin, sobretudo nomeando-o como chefe de governo assim que Medvedev for investido no cargo.
Medvedev se apóia também no poderoso partido Rússia Unida, criado em 1999 para apoiar o presidente, e que neste sábado se vangloriava em página inteira do jornal Rossiisskaia Gazeta (situação) de ser "o herdeiro das tradições patrióticas e de um Estado russo milenar".
O primeiro vice-primeiro-ministro realiza há vários dias um giro pelo sul da Rússia. Neste sábado, estava em Volgogrado, para o 65º aniversário da vitória dos soviéticos sobre os nazistas em Stalingrado.
Diante de milhares de veteranos da guerra, Medvedev depositou uma coroa de flores no monumento à memória das vítimas desta batalha-chave da Segunda Guerra mundial.
"As façanhas de Stalingrado estão escritas com letras de ouro na história de nossa pátria. Devemos fazer tudo para que permaneçam vivas em nossa memória e para protegermos este monumento", declarou o candidato às agências de notícias russas.
Entrevistado depois por jornalistas de uma televisão local, Medvedev se referiu a seus dois avós, "que não combateram em Stalingrado", mas em outras regiões da Rússia.
"Para o menino que eu era, os relatos de meus avós tinham uma ressonância especial (...) É melhor que os livros ou os filmes", afirmou.
O futuro terceiro presidente da Rússia pós-URSS declarou que não participaria, oficialmente por falta de tempo, dos debates eleitorais que devem começar na segunda-feira.
Isso não quer dizer que estará ausente da campanha. Desde que começou o ano a televisão não parou de mostrá-lo, percorrendo as regiões e falando com operários e mães de família ou estudantes ou participando de encontros com chefes de Estado estrangeiros ao lado de Vladimir Putin.
A última pesquisa realizada pelo centro de pesquisas independentes Levada lhe atribuiu 82% das intenções de voto, seguido pelo líder comunista Guennadi Ziouganov (9%), do ultranacionalista Vladimir Jirinovski (8%), próximo ao poder, e de Andreï Bogdanov (1%).
A oposição liberal não conta com candidato nesta "batalha" já que a comissão eleitoral se negou a registrar a candidatura do ex-primeiro-ministro (2000-2004) que passou ao campo da oposição, Mikhail Kassianov.
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