Os principais produtores de alimentos e varejistas da Rússia assinaram ontem (24) um acordo que estabelece o congelamento de preço para alimentos essenciais, como leite, açúcar, queijo pão, ovos e óleo de cozinha.
A medida vai ao encontro de uma campanha do governo para conter a inflação . O tratado é retroativo a 15 de outubro e vai durar até o final de janeiro. Embora seja de iniciativa estritamente comercial, o acordo foi assinado também pelo Ministério da Agricultura.
Nas últimas semanas, os preços de alimentos subiram rapidamente na Rússia, resultado de uma combinação entre tendência mundial e fragilidades no sistema de produção e distribuição no mercado doméstico.
O novo gabinete formado em setembro pelo presidente Vladimir Putin, com a meta de assegurar a estabilidade do país antes das eleições parlamentares, em dezembro, e presidenciais, em março, está sob intensa pressão para conter a alta de preço dos alimentos.
No entanto, nem todos os ministros do governo aprovam medidas como a anunciada hoje. "Congelar preços é impossível", afirmou o ministro das Finanças, Alexei Kudrin. "Isto é um mercado, e preços de mercado não se congelam. É um erro", sentenciou.
Com o aumento em todo o mundo nas cotações de vários produtos agrícolas, a inflação russa já superou a meta deste ano -que era de 8%- e deve ficar próxima de 10%. No último mês, os preços de itens como óleo vegetal, manteiga e leite subiram pelo menos 7%.
Os expertos russos acreditam que os grandes varejistas e produtores, concordando com congelamento de preço para alimentos, acabarão com prejuízo que tentarão compensar . O diretor do Instituto Escola Superior da Economia, Vassili Solodkov considera que em janeiro depois de acabar o acordo os preços logo subirão. As companhias começarão compensar os prejuízos.
Com a decisão do governo, a Rússia passa a integrar a lista de países que decidiram controlar os preços de alimentos. A China tomou a medida depois que a sua taxa de inflação em agosto foi a maior em 11 anos. O México anunciou que não reajustará o preço de combustíveis e eletricidade até o fim do ano.
Na Argentina, consumidores deixaram fazer um boicote ao tomate, símbolo da alta dos alimentos no país. Na Itália, o boicote foi contra o macarrão.
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