A Polônia bloqueou ontem as negociações de um novo acordo de cooperação entre a UE e a Rússia .
As raizes de tais ações da Polônia encontram-se na sua posição ambiciosa, acredita o professor da Universidade de São Petersburgo, Vatanhar Yagia.
Ao ser integrada na Nato e UE , a Polónia tinha em conta aumentar sua influência à política europeia e mundial , porém os primeiros passos a essa direção não tiveram éxito, disse ele a BBC.
Segundo Yagia , Varsóvia, não consegiu fazer avançar na UE seu programa Dimensão oriental de acordo de qual a Polônia pretende evitar a formação de uma nova Cortina de Ferro entre os países que estão entrando na União Européia e as antigas repúblicas soviéticas que ficaram do outro lado, ainda sob forte influência russa.
Também não foi compreendida pela UE por apoiar a guerra no Iraque.
A Polônia vingou não só a Rússia , mas também a França e a Alemanha , que têm as relações particulares com a Rússia, disse o professor . Muitos dos novos membros da UE consideram que Berlim e Paris frequentamente ignoram seus interesses , efetuando com Russia os projetos comerciais na base das relações bilaterais.
O Kremlin tambem reagiu hoje ao evento. O representante do Kremlin para as relações com a União Européia (UE), Sergei Yastrzhembsky, afirmou que confia em que o bloco superará suas diferenças e chegará a um consenso para a negociação de um novo acordo de cooperação com a Rússia, comunica EFE.
"Confiamos em que os membros (da UE) conseguirão resolver suas divergências e chegarão a um acordo sobre um mandato de negociação. No entanto, se isso não acontecer, também não será um drama", disse Yastrzhembsky, citado pela agência "Interfax", em reunião da União de Industriais e Empresários da Rússia.
Yastrzhembsky minimizou assim a decisão da Polônia desta segunda-feira de manter bloqueado o mandato para o começo das negociações UE-Rússia sobre um novo acordo de cooperação.
A decisão polonesa se deve a dois motivos: a proibição russa à importação de plantas e carne procedentes da Polônia e a insistência desse país para que a Rússia ratifique primeiro a Carta Européia da Energia.
"Há alguns membros (da UE) que pretendem levar à União Européia problemas de nível nacional, envolver a UE nas dificuldades que enfrentam em suas relações com a Rússia, o que para nós é inadmissível", disse Yastrzhembsky.
O representante do Kremlin acrescentou que as reações da UE ao veto da Polônia mostram que existe a compreensão de que as reivindicações polonesas são assuntos de ordem bilateral.
Yastrzhembsky lembrou que o atual acordo de cooperação UE-Rússia será estendido de maneira automática, mas afirmou que, ao mesmo tempo, Moscou está interessada no início rápido das negociações para a assinatura de um novo acordo.
"Estamos interessados na mesma medida em que a União Européia está interessada. Se não houver uma iniciativa de avanço por parte da UE, continuaremos tranqüilos, pois a interação só é possível em meio ao respeito dos interesses mútuos e da compreensão de que a linguagem da chantagem e do ultimato é inadmissível", disse.
Na segunda-feira, a comissária européia de Relações Exteriores, Benita Ferrero-Waldner, disse estar confiante em que a resistência polonesa acabará antes da cúpula UE-Rússia, prevista para 24 de novembro em Helsinque, na qual a Presidência rotativa finlandesa quer iniciar as negociações para o acordo.
"Esperamos ter uma posição comum na cúpula", expressou a comissária, que afirmou que a reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e os principais representantes da UE acontecerá "com ou sem" acordo entre os 25 países.
No entanto, fontes diplomáticas comentaram nos últimos dias que, se não houver uma posição comum da UE, a cúpula de Helsinqui "não terá sentido".
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