A página inglória do governo Lula

Lula, esbanjando iniqüidades, fez discurso na abertura da Bienal do Livro, em São Paulo. Talvez o presidente não conheça a obra do escritor mineiro João Guimarães Rosa, o encantado, homem que como ele aprendeu e fez escola ouvindo e convivendo com o povo simples, com os verdadeiros filhos da pátria. Mas, ao contrário de Lula, Guimarães Rosa construiu uma grande obra, levando o Brasil Rural e analfabeto para as maiores universidades do mundo, os maiores centro intelectuais do planeta.

Em uma das suas maravilhas, o livro Tutaméia, Guimarães Rosa, que ainda não conhecia o desgoverno de Lula e asseclas, profetizava: "Tudo se finge, primeiro; germina autêntico é depois".

No começo o governo Lula dizia que tudo era pela governabilidade do país, que precisava de tempo, que não queria errar e que sua ‘construção’ tinha que ser muito bem feita. Agora, vimos o que ele construiu no centro do Planalto Central: uma casamata onde se abrigam os verdadeiros inimigos da pátria, os algozes do povo brasileiro, que não pensam um só minuto em lesar e roubar a pátria. É a waldomirização da nossa política nacional.

Na semana passada, uma ala que se dizia progressista dentro do PT e contrária à política assumida até aqui por Lula e pares, se reuniu em São Paulo - lá, sempre lá, para fazer um novo balanço e cobrar mudanças e resultados do governo. Eles, posando de verdadeiros esquerdistas, herdeiros do trabalhismo, falaram isso, aquilo e no fim declararam: estamos totalmente engajados no governo Lula e defendemos ardorosamente a política apátrida de Palocci e Meirelles. É o sepultamento da esperança pelo medo de serem alijados do poder governamental. O principio do fim. Será que era só isso que o PT depois de 20 de história e lutas tinha para nos apresentar, uma via crucis de decepções repetidas?

Sinceramente, não dá para admitir. É a página rasgada da história, a cusparada na cara do eleitor, o perdigoto da imoralidade no prato do brasileiro. Que vergonha! É agora que vamos conhecer realmente as verdadeiras convicções petistas, os seus verdadeiros deuses. Para um deles, o FMI, o presidente já até ofereceu um churrasco, onde foi assada a esperança dos brasileiros. Agora vem assando outras, a cada dia, uma nova.

Para ultrajar os direitos civis conseguidos por anos de lutas do povo, o novo governo não respeita nem a Constituição, como advertiu o procurador-geral da República, Claudio Lemos Fonteles, que encaminhou um parecer ao Supremo Tribunal Federal sugerindo à Corte que declare inconstitucional a cobrança previdenciária dos servidores aposentados e dos pensionistas. Os militares faziam isso aí por meio da força, o governo Lula faz por meio da chantagem e das negociatas baratas. Será que é por isso que eles estão querendo submeter à justiça a um controle externo?! É a ditadura às avessas, new-PT.

Para recolher dinheiro fácil dos aposentados e pensionistas para encher as burras dos banqueiros e do FMI, Lula quer passar por cima até da Constituição Federal. Agora, aumentar o salário mínimo dos míseros R$ 240 para R$ 256 ele pede calma, adia a decisão para ouvir o que dizem os seus verdadeiros patrões. Que subserviência. O pior é lembrar que estes mesmos que não querem aumentar o salário mínimo de 240 para R$ 256,00, cobravam do ignominioso governo fernandista um salário mínimo de R$ 300,00. Será que era esta a mudança que o PT alardeava durante a campanha?!

Pelo pouco poder aquisitivo do salário mínimo o consumo das famílias brasileiras caiu em 3,3% no ano passado, em relação a 2002. Isso causou a destruição de 897 mil postos de trabalho, de emprego. Somando esses empregos perdidos com os que seriam criados se o consumo tivesse acompanhado o crescimento médio anual de 1,3% da população, o total de novos empregos poderia atingir 1,262 milhão de postos de trabalho. E o que diz o Palocci Filho sobre esta realidade? ‘Não podemos mudar”. FHC, o homem que elegeu Lula, deve adorar Palocci, seu mais fiel e ardoroso seguidor, que vem de uma dinastia de tempos bem remotos, quando isso aqui era (sic) ainda uma colônia.

Por isso foi triste, lamentável, ver que no dia 21 de abril, Lula, temendo o povo que o elegeu, que lhe deu o poder, não compareceu em Ouro Preto, Minas Gerais, para as comemorações do dia de Tiradentes. Foi o primeiro presidente a ter esta atitude covarde. Lula sabe que Tiradentes, o Zé da Silva, escreveu o seu nome numa página de glória da nossa história, com fios de ouro. Ele, ao melhor estilo Silvério dos Reis, escreve, com o sangue e suor dos brasileiros, o seu nome numa página inglória, dos vendidos, dos que foram vencidos pelos 'ventos' da história.

Petrônio Souza Gonçalves

é jornalista e escritor e-mail: [email protected]

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