Provavelmente mais de 60 por cento do alvo tem sido de vítimas que estavam na cena do crime, de peito aberto para o armamento sofisticado dos matadores profissionais.
Dos mais de 10 mil mortos desde o início da invasão, mais de 6 mil são inocentes. É importante lembrar que a maior parte da população iraquiana possui menos de 18 anos.
De libertadores do Iraque, conforme as bravatas proferidas pelos americanos, nas palavras do equilibrado Bush, o mundo assiste outra verdade inconteste: são os exterminadores do Iraque.
Estes crimes estão sendo cometidos agora, aos olhos de toda humanidade. A ironia é avassaladora quando Kofi Anan e outros líderes mundiais confessam sua omissão na mortandade de Ruanda, dez anos atrás.
Sem dúvida, é necessário mais 10 anos à frente para novamente se confessarem pelos crimes cometidos no Iraque.
Um fato é lutar contra um exército fardado, facilmente identificado. Outro fato é subjugar uma população inteira, contra sua vontade, tomando seu petróleo, seu futuro, suas expectativas, suas tradições, suas vidas.
Como o soldado pode ter certeza que a criança, a mãe, o idoso não traz uma arma ou se transverte em bomba humana? Simples. Por conclusão óbvia, matam-se todos.
E a questão fica resolvida. É justo? É aceitável? É justificável?
Os que não compreendem este quadro estão errados.
Enquanto Bush, Blair, Berlusconi estiverem no poder, com o poder de apertarem o gatilho e determinarem o que querem, como querem, onde querem, é temerário supor compreensões transparentes.
John Kerry, o candidato democrata às próximas eleições norte-americanas, quer desamericanizar a invasão ao Iraque com se fosse possível apagar do mapa os holocaustos, os massacres, os crimes contra a humanidade. Propõe a saída honrosa pelas portas do fundo.
A coalizão deve responder a um tribunal internacional por ter invadido um país sitiado economicamente desde a primeira guerra do golfo, vigiado pelos olhos implacáveis dos norte-americanos e ingleses, sem qualquer argumentação ou justificativa plausível perante o direito internacional. Deve responder pelas destruições proporcionadas. Deve repor danos e perdas. Deve indenizar as famílias enlutadas.
Enquanto isto, vamos discutir quem vai julgar as mortes inocentes. Será que existem esperanças? Onde esconderam a justiça? Orquiza, José Roberto, escritor, [email protected]
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