Estudei jornalismo, estou desempregada

Caros Senhores

Decidí seguir o jornalismo e por isso tirei um curso em Lisboa, onde estudei durante quatro anos. Agora, dois anos mais tarde, continuo desempregada e só me aparecem empregos de ganhar entre 350 e 450 Euros. Eu pergunto-me, eu estudei quatro anos para ganhar tanto como uma empregada de limpeza?

Poderiam ajudar-me por favor?

Célia Rodrigues Amadora Portugal

Olá Célia

Desde já, parabens por ter tido a iniciativa de nos contactar, o que demonstra espírito e vontade de ganhar sua posição na sociedade.

Na sua situação estão milhares de pessoas pelo mundo fora, alguns trabalhando em regime de pert-time, outros com contratos, que é um pseudo-desemprego mas que não conta para as cifras do estado.

Dois anos é muito tempo para estar sem trabalhar, especialmente depois de ter feito um curso. Decidí responder publicamente a si por causa de haver tanta gente na sua situação.

Como fazer?

No seu caso, vou-lhe oferecer uma posição de estagiária na Pravda.Ru durante seis meses para ganhar alguma experiência e publicar algum material e depois veremos como lançá-la neste mundo do teclado e da entrevista.

Para as outras pessoas, contactem os jornais, sejam quais forem, para ganharem alguma experiência. Escrevam artigos e enviem para publicação. Mesmo se não pagarem (o que é de esperar), ganham experiência e ganham nome. Contactem os jornais no Internet (visitem o www.thepaperboy.com e cliquem em COUNTRY) depois verão todos os jornais do mundo. Perguntem se querem um correspondente em (Lisboa, Porto Alegre, Luanda).

Contactem as firmas e ofereçam seus serviços como consultor de imprensa, escrevendo os seus Press-Releases e colocando-os no foro público. Se não souberem fazer isso, perguntem nas vossas faculdades. Assim as firmas pagariam pouco dinheiro como avença mas muitas avenças se traduzem numa possibilidade de fazer disso uma profissão. Como sabem os que gostam de escrever, não há nada mais gratificante do que ser pago para fazer o que gosta...é como ser um profissional de futebol!

Lembrem também que o jornalismo é uma profissão que se pode exercer em part-time. Eu próprio levei 20 anos a trabalhar como freelancer para várias publicações até aparecer aqui na Pravda.Ru e não ganhava a vida só a escrever artigos.

Por último, nunca tenham vergonha de um emprego honesto. Eu trabalhei como jardinheiro, trabalhei nas bombas de gasolina, trabalhei numa livraria, trabalhei na construção civil, trabalhei num supermercado a limpar, trabalhei noutro a colocar as latas nas prateleiras, fui futebolista, escrevi canções, escrevi poemas e limpei os corredores dum hospital enquanto estudava para sair daquele mundo. Mas não tenho vergonha dele.

Até tenho saudades do meu tempo como jardinheiro, quando estou no meu escritório e o sol está a brilhar lá fora, os passarinhos estão a cantar e em vez de eu ter de pesquisar a venda de crianças em Moçambique, poderia estar a apreciar a natureza e o amor pela vida. No entanto, como jornalista, não basta isso para fazer bater meu coração. Como jornalistas, vocês têm de procurar algo que lhes dê essa possibilidade.

Se eu consegui fazê-lo, vocês também podem.

Um abraço colectivo a todos que estão nesta situação

Timothy BANCROFT-HINCHEY Director e Chefe de Redacção

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