Deus Verdadeiro

E os padrões são tristes: limitam-se à posse de coisas, objetos, aparências. Tudo que o dinheiro consegue comprar. A maioria vive para o dinheiro, exclusivamente.

As respostas são sempre as mesmas. Preciso trabalhar para ganhar dinheiro, senão eu não vivo. Preciso de dinheiro para sair de férias, para comprar um novo carro, para um novo tênis, e mais dinheiro, mais dinheiro, mais dinheiro.

O dinheiro é o deus do universo dos incluídos. Sem dinheiro não conseguem saúde, moradia, alimentação, transporte, e tudo o que se possa imaginar.

Limitam os filhos pela possibilidade de dinheiro. Se meu dinheiro é suficiente para um filho, vou ter um filho apenas. Quem manda é o dinheiro e ninguém mais.

Sob o império do deus dinheiro, os humanos vivem em eterno e permanente processo de competição. Olham para aqueles de seu círculo de referência e comparam. Comparam tudo. Até o novo acessório de roupa, o novo batom, o novo sapato.

Neste processo de comparação crônica trocam todos os valores. Não conseguem enxergar a verdade da vida que existe por trás de cada um. Fica tudo maquiado nos big brothers da vida. Quanto mais ligado no processo de comparação, melhor.

Meu filho já está na universidade, e o seu? Meu filho passou no concurso federal, e o seu? Minha filha está na Europa, e a sua? Ah, ela foi para o Jalapão? É Jalapão mesmo, no Brasil, na Bahia.

Até a lápide do túmulo é comparada com a do morto vizinho. Você viu? O nosso túmulo é muito mais bonito que o da dona Rosinha. Coitada. Ela mereceu.

E nesse fantástico jogo de alienação colocaram um deus santo, uma religião, uma reza. É para as pessoas acreditarem que depois da morte vão ser recompensadas pelos gestos de bondade, arrependimento, humildade.

Sem o deus dinheiro ninguém faz nada. Fica sem luz, sem água, sem comida, sem carro, sem gasolina, sem telefone, sem Internet, sem personalidade.

Sete Brasil de pessoas, ou 850 milhões vivem deste jeito. Sem comida, sem teto, sem transporte, sem nada.

Na tevê passa a propaganda do novo desodorante. Indispensável. Depois passa a mulher de corpo bonito batendo na tecla dos que precisam emagrecer para entrar no padrão de aceitabilidade. E o pior de tudo é que a própria pessoa deixa se levar por esta paranóia. Aliás, normal. Paranóico sou eu escrevendo estas baboseiras.

Quando vamos conseguir enxergar a vida que pulsa atrás das aparências, escondidas pelo deus dinheiro? Quando vamos poder sentar no chão, encostando-se à crosta do planeta terra, de 40 mil quilômetros de circunferência, 13 mil quilômetros de diâmetro, 6 quilômetros e meio de raio e perceber sua vibração?

Eu sei quando. Quando a luz da vida começa a tremular. Quando percebemos que trocamos a vida inteira pelo deus dinheiro. Resta pouco tempo de vida verdadeira. Quero acordar. Quero me tornar independente e livre do deus dinheiro. Quero ver a vida que existe por trás de todo jogo de encenação.

Por pensar assim, sou louco. Existe limite para pensar?

Em nome do deus dinheiro, deus petróleo, deus poder, os senhores Bush, Blair e Aznar invadem qualquer lugar do planeta acusando as pessoas de pertencerem ao deus do mal. Matam milhões e milhões. Despejam suas bombas inteligentes, modernas e tecnologicamente fantásticas. Caçam ratos humanos que se escondem em buracos. Estão certos. O povo do Iraque não vale nada. O resto do mundo fica calado. Estes senhores podem assassinar a vontade. Possuem o passaporte da impunidade.

Os humanos precisam se repensar. Estamos todos feitos escravos virtuais. Sem dinheiro, meu amigo, você é ninguém. Ou será o contrário?

Quem são os humanos? Uma praga? Um terrível vírus? Preciso aceitar a sina da humanidade. Ó deus dinheiro, protegei o mundo inteiro de tanta desgraça. Olhai por nós. Amém.

Orquiza, José Roberto 52 anos, consultor de marketing, autor dos livros Jogo da Vitória, Editora Juruá; Dez Lições de Sucesso, Editora Posigraf; Fato ou Boato, Você Decide, Ieditora. Formação: Filosofia e Ciências Econômicas.

Especialização: Análise Empresarial. Contato: [email protected] ou [email protected]

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