Rússia desenvolve sector turístico

Segundo previsões para este ano, o sector do turismo pode crescer 3,3 por cento - ou seja, um pouco menos que na Alemanha que se preocupa bastante com o desenvolvimento deste sector. No quinquénio seguinte (até ao ano de 2010) os analistas predizem o crescimento do sector turístico na ordem de 7 por cento.

Segundo o Conselho Mundial, dentro de 10 anos um em dez postos de trabalho na economia russa será relacionada de uma ou de outra forma com a indústria de turismo. No país o turismo pode vir a ser um ramo dinâmico, capaz de impulsionar o desenvolvimento dos transportes, comunicações, serviços à população. Calcula-se que este ano a indústria do turismo da Rússia irá movimentar cerca de 87 mil milhões de dólares, situando o país no 14.º lugar à escala mundial.

O desenvolvimento rápido do turismo russo deve-se, antes do mais, às viagens particulares. Este crescimento é menos vulnerável e dependente dos ziguezagues da conjuntura económica e, subsequentemente, mais estável. Surgiu uma outra tendência prometedora: ao compreenderem as vantagens do turismo, as regiões da Federação Russa começaram a promover em massa os seus brands turísticos.

"Os recursos turísticos do nosso país são colossais - disse o Presidente Vladimir Putin em Julho do ano passado, ao intervir na reunião do praesidium do Conselho de Estado, dedicada exclusivamente a este sector. - Existem imensos recursos em todo o território do país, desde a península de Kamtchatka no Extremo Oriente até São Petersburgo, desde as regiões de Velikiy Novgorod e Pskov no noroeste do país até ao Território de Krasnodar no sul". No entanto, o Chefe de Estado destacou que "este rico e abundante potencial histórico, cultural e natural é aproveitado em apenas 20 por cento" (segundo os cálculos dos economistas). Na opinião de Vladimir Putin, as causas deste subaproveitamento residem no facto de, por tradição, os turistas estrangeiros escolherem sempre os mesmos itinerários.

As rotas mais populares entre os estrangeiros são as relacionados com a cultura e centros culturais da Rússia. Segundo o dirigente da Agência Federal de Turismo, Vladimir Strjalkovski, 37 por cento dos turistas estrangeiros querem visitar Moscovo e 39 por cento São Petersburgo. No terceiro lugar classifica-se a rota chamada Anel de Ouro, que começa em Moscovo e percorre Serguiev Possad, Rostov, Yaroslavl, Vladimir, Suzdal. Os templos, catedrais e fortalezas destas cidades são suficientes para elaborar uma Enciclopédia de Arquitectura.

Todas as cidades do Anel de Ouro têm o seu Kremlin e muitos museus. Por exemplo, Suzdal é uma cidade-museu com muitos templos e igrejas. Passeando por esta localidade histórica fica-se com a impressão de que você se transferiu numa máquina do tempo para uma época de 200-300 anos atrás. Na Igreja da Assunção da cidade de Vladimir, que serviu como protótipo para o seu análogo no Kremlin de Moscovo, podem-se ver ícones e frescos do genial pintor da Rússia medieval, Andrei Rubliov. Convém mencionar aqui mais um monumento impressionante da cidade de Vladimir, antiga capital da Rússia, que é o Portal de Ouro.

São muito solicitadas entre os turistas estrangeiros as viagens pelos rios com a passagem pela ilha de Kiji, na República da Carélia no noroeste do país, pelo rio Volga, pela parte Setentrional e Noroeste da Rússia, com paragem no arquipélago de Valaam, em Arkhangelsk, Vologda, Velikiy Novgorod e Pskov. O arquipélago de Valaam surpreende todos não só com a sua história antiga e singulares, obras arquitectónicas mas também com o seu clima local: apesar de se situar no norte, neste arquipélago de 50 ilhas crescem numerosas árvores de fruto. Um outro milagre daquele local são as árvores de crescem nas pedras. Nesta rota impressiona também a navegação pelo lago Ladoga, o maior da Europa, dando aos turistas a impressão de se encontrar no alto mar.

Os cruzeiros pelo rio Volga, o maior rio da Europa, têm grande procura. Estas viagens duram de 7 a 16 dias, com paragens nas cidades antigas e um vasto programa de excursões. O programa das viagens mais curtas inclui diversões e pic-nics no meio da natureza. Nos navios há de tudo: saunas, solários, salões de música, cafés e bares. As viagens são animadas por artistas profissionais, sendo frequentes os shows e espectáculos.

Na parte europeia e no noroeste da Rússia há muitas quintas e propriedades rurais de escritores e aristocratas russos. Os turistas podem visitar a quinta de Leão Tolstoi em Yasnaia Poliana, nos arredores da cidade de Tula, a 200 km da capital ou a Pushkinskie Gory, a 120 km da cidade antiga de Pskov, que tem 1100 anos. A Pushkinskie Gory pertencia ao grande poeta russo do século XIX Aleksander Pushkin, sendo um local venerado pela elite intelectual russa. Após ter sido desterrado, o poeta escreveu nesta quinta uma boa parte das suas obras.

No caso de Moscovo, em 2004 a entrada de turistas estrangeiros aumentou 17 por cento relativamente ao ano anterior, tendo constituído cerca de 3 milhões de pessoas. De acordo com o dirigente do Comité de Turismo de Moscovo, Grigori Antiufeev, esta tendência positiva já se mantém há 5-6 anos. Em comparação com o ano de 1999, a entrada de turistas duplicou. "Segundo as nossas previsões, até ao ano de 2010 o número de turistas estrangeiros pode chegar a 5 milhões por ano", disse. Acrescentou ainda que "com a dinâmica actual de desenvolvimento da capital, esta meta poderá ser alcançada dois anos antes".

Em Moscovo estão em vias de realização dois projectos ambiciosos que têm como objectivo aumentar a atractividade da capital: "O Anel de Ouro de Moscovo" e "Quintas Russas". Em conformidade com o primeiro projecto, na parte histórica da cidade serão visivelmente ampliadas as zonas pedonais, construídos novos hotéis, centros turísticos, restaurantes, lojas de lembranças, restaurados os monumentos históricos. A atenção dos autores deste projecto é dispensada não só aos monumentos famosos como o Kremlin, Galeria de Pintura Nacional Tretiakov, Museu das Belas Artes Pushkin, Mosteiro Novodevitchiy, mas também aos novos. Na capital surgem cada vez mais parques e jardins onde os moscovitas e os estrangeiros se podem divertir.

São Petersburgo e os seus arredores históricos também foram alvo de intervenção para o 300.º aniversário da fundação da cidade, recentemente assinalado. A segunda capital da Rússia é especialmente apreciada pelos turistas estrangeiros: o palácio do Ermitage, o Museu Russo, a Kunstkamara (Câmara de Curiosidades), os fortes e fortalezas, os palácios de aristocratas, parques e jardins - tudo isto atrai bastante os turistas. Os alemães, norte-americanos, franceses, britânicos e escandinavos são os turistas que mais visitam a Rússia. Contudo, ultimamente verifica-se um interesse cada vez maior pela Rússia por parte de turistas de países distantes, como por exemplo a Austrália e a Argentina. Por tradição, a Rússia continua a ser um destino atraente e popular entre os chineses - comunica o dirigente do Comité de Turismo de Moscovo, Grigori Antiufeev.

Os turistas do Ocidente e do Oriente de um modo geral são pessoas que já viajaram e estiveram em muitos países, existindo no mundo poucos "locais inexplorados, desconhecidos". "Deste ponto de vista, a Rússia como país multinacional, com imenso território e diversidade geográfica, tem neste sentido grandes vantagens - observa o presidente da União Russa de Indústria Turística, Serguei Chpilko. - No país há muitos territórios inexplorados e esta "terra incógnita" não é conhecida de muitos russos sem falar dos estrangeiros".

No país existem regiões de natureza absolutamente selvagem onde os animais nem sequer viram seres humanos, são muito exóticas as zonas polares, como por exemplo a ilha de Vrangel com a sua tundra árctica, ursos brancos e bisontes. "Os turistas podem viajar de canoa pelos caudalosos rios siberianos, pescar no lago mais limpo do mundo, o Baikal, contemplar os géiseres da península de Kamtchatka, atravessar as florestas inexploradas da república dos Komis, percorrer de bicicleta as imensidões da Carélia, subir às montanhas do Cáucaso ou dos Urais, andar de cavalo pelas serras do Altai, praticar o mergulho nas águas polares - enumera Serguei Chpilko. - Para o turismo desportivo e de aventura a Rússia é um paraíso. Na Rússia sobreviveu um artesanato "sui generis" com tradições seculares, como digamos peças em osso e madeira no Extremo Norte e Sibéria. Na Sibéria podem-se comprar singulares lembranças típicas, o que é muito raro actualmente na nossa sociedade de massas. Em muitas regiões os costumes e tradições populares mantiveram-se na sua forma original e primitiva. Na Sibéria os turistas têm a oportunidade de conhecer os rituais pagãos, os cantos primitivos, as crenças dos povos antigos, as pinturas rupestres! Até podem viver em igloos e iurtas (casas primitivas dos povos do Extremo Norte e da Sibéria - N. do Tr.).

Ide ao sul e vereis a cidade de Derbent, no Daguestão, fundada por um rei iraniano no século V e abundante de fortes e fortalezas! Exemplos destas raridades etnográficas não faltam".

"A República da Iacútia-Saha, na Sibéria Oriental, é um verdadeiro paraíso turístico - prossegue Serguei Chpilko. Nesta região de grande exotismo etnográfico existem paisagens fantasticamente diversas, caça e pesca excelentes. Pode-se comprar lá diamantes e ver cemitérios de mamutes".

Povoados antigos, eremitas e celas de monges, a famosa igreja Spasso-Preobrajenski (igreja de Transfiguração do Nosso Senhor), o parque natural Valaam e muitas outras coisas interessantes estarão à disposição dos turistas que empreenderem uma viagem em torno do lago de Ladoga e da península da Carélia. Diga-se de passagem que o noroeste da Rússia é mais um brand turístico cada vez mais popular. Não foi por acaso que na reunião dedicada às perspectivas do turismo na Rússia o Presidente Vladimir Putin referiu a necessidade de criar uma nova rota - o Anel de Prata por analogia com o Anel de Ouro. "Aqui são grandes as possibilidades para o turismo radical e cultural - refere o dirigente da União Russa de Indústria Turística, Serguei Chpilko. - Tais cidades como Pskov, Novgorod, Ladoga comemoraram há pouco os 1250 anos da sua fundação possuem uma enorme quantidade de monumentos históricos e religiosos". Nesta região desenvolve-se rapidamente o turismo automobilístico. No norte da Rússia desenvolve-se o turismo de aventura, com caça e pesca nas ilhas Solovetski e na península de Kola.

O turismo poderia desenvolver-se mais dinamicamente se não fossem os preços e os problemas das infra-estruturas - defende o director da Agência Federal de Turismo, Vladimir Strjalkovski. Para um europeu, a viagem de duas semanas a Moscovo ou São Petersburgo sai por volta de 1500 dólares - ou seja, duas vezes mais do que a qualquer capital europeia. "Se proximamente a correlação preço-qualidade não mudar, a Rússia vai perder a atracção para os turistas ocidentais", prognostica o chefe da Agência Federal de Turismo.

A Rússia tem poucos hotéis de duas ou três estrelas, ao passo que os de cinco estrelas e de luxo, incluindo apartamentos, não faltam. Para resolver este problema a Rússia estuda atentamente a experiência da Espanha, França, Áustria onde são criadas redes de hotelaria nos monumentos arquitectónicos e históricos. Na opinião de Vladimir Strjalkovski, é necessário ampliar a geografia das viagens, prolongar e diversificar as temporadas turísticas, desenvolver o turismo balnear, captar mais e mais investimentos para a indústria de diversões. Neste último caso subentende-se a zona sul da Rússia. As cidades de Sotchi, Guellendjique, Krasnaia Poliana já se converteram zonas turísticas de elite. Até o Presidente Vladimir Putin mostrou interesse pela luxuosa estância Krasnaia Poliana, visitando-a com frequência para esquiar. Em Guellendjique foi construído um parque aquático e centros de diversões.

Mesmo assim, no litoral do Mar Negro as infra-estruturas hoteleiras não são suficientes. Neste sentido não seria demais utilizar a experiência das estâncias balneares do Mediterrâneo, onde os turistas se podem deliciar com torneios medievais, shows, espectáculos e outros programas diversos. Novas diversões poderiam dinamizar tanto as marcas turísticas tradicionais como as mais recentes. Os transportes necessitam de modernização urgente.

Nos últimos anos têm melhorado sensivelmente os serviços turísticos, serviços de restauração e, dum modo geral, toda a infra-estrutura do sector, o que não passa despercebido aos convidados estrangeiros - refere em conclusão o director da Agência Federal de Turismo, Vladimir Strjalkovski. E esta melhoria foi possível graças à cooperação com especialistas da Grã-Bretanha, Estados Unidos, França, Alemanha e outros países desenvolvidos.

Olga Sobolevskaia observadora RIA "Novosti"

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