Pequenos municípios, grandes desafios

Os pequenos municípios são e continuarão a ser, por muito tempo, um grande desafio para o PT, sob vários aspectos, a começar pela imprecisão do termo - "pequeno", nesse caso, significa o que exatamente?

O PT considera municípios de pequeno porte os 4.615 que nas eleições de 2002 tinham menos de 20 mil eleitores. Apesar de constituirem a maioria (83%) do universo de 5.565 municípios existentes naquele ano, reunem apenas 28% dos eleitores.

Há uma parcela considerável desses pequenos, 2.018 para ser exato, com menos de 5 mil eleitores, e, desses, muitos, muitos mesmo, têm menos de 2 mil eleitores. Como classificá-los - muito pequenos? Apenas a título de ilustração, há 60 municípios com menos de 2 mil eleitores no Rio Grande do Sul, enquanto Sergipe tem apenas um. Os "muito pequenos" somam 6,3 milhões (5,47%) dos eleitores.

Nas faixas de 5 mil a 10 mil eleitores, há 1.477 municípios, com 10,6 milhões de eleitores, e 1.120 municípios de 10 mil a 20 mil, totalizando 15,6 milhões de eleitores. Esses quase 2.600 municípios, com 26,2 milhões de eleitores, seriam mais apropriadamente os de "pequeno porte".

Os "muito pequenos" municípios, em sua esmagadora maioria, não possuem diretório do PT. Essa realidade muda pouco entre os municípios com até 5 mil eleitores, e um pouco mais naqueles com mais de 10 mil eleitores.

Há quem defenda que o PT dê prioridade aos pequenos municípios, do ponto de vista eleitoral. Mas os números de eleitores e a realidade da estrutura partidária indicam que a prioridade deve ser para os 801 médios municípios (20 mil a 100 mil eleitores), com 30,4 milhões de eleitores no total, e onde o PT está organizado, tem estrutura e resultados eleitorais crescentes.

Não faz sentido priorizar os muito grandes (62 com mais de 200 mil eleitores) e os grandes (87 com 100 mil a 200 mil) e "saltar" a faixa dos médios e onde há PT etc, para priorizar os pequenos e muito pequenos. A análise detalhada dos números de eleitores dos municípios, estado por estado, revela uma situação de elevado potencial eleitoral para o PT a nível nacional, em especial nos grandes e médios, com a possibilidade concreta, em muitos estados, de darmos "um banho" (ressalve-se que essa análise trata do momento atual, é evidente a sua concretização dependerá muito da evolução da conjuntura...).

O PT Nacional priorizar os 950 municípios de 20 mil a mais de 200 mil eleitores significa investir sobre 83 milhões (67% do total) de eleitores, concentrando os parcos recursos humanos e financeiros, dentro da mesma lógica vigente da profissionalização máxima do processo eleitoral. Ou, na linguagem pragmática, investir onde é possível obter a melhor relação custo-benefício.

Como ficarão os os pequenos e muito pequenos? Onde há PT haverá campanha e os diretórios estaduais farão a sua parte, com resultados compatíveis com o grau de organização partidária e os resultados eleitorais, principalmente das campanhas de 2002. Imagino que conseguiremos candidaturas a prefeito(a) em grande parte dos municípios com mais de 5 mil eleitores, elevando a cobertura a algo próximo a 100 milhões de eleitores, algo fantástico.

Isso não significa deixar de lado os pequenos e muito pequenos municípios. O PT Nacional pode fazer muito por eles, se combater com eficácia, desde já, a compra de voto. Se há algo que que pode continuar diminuindo nosso desempenho eleitoral, é a criminosa prática de compra de voto, dominante nesses municípios, em especial no que diz respeito à eleição de vereadores(as). Podemos até conseguir eleger prefeitos(as), mas com pouquíssimos vereadores ou até nenhum.

Milton Pomar é "campanheiro" desde 1986, foi secretário de Comunicação do PT-SC e atualmente integra o GTE Nacional

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