“Corrupção nos EUA é legalizada”, diz cientista político na UFSC

O cientista político norte-americano Augustus Bonner Cochran palestrou sobre Crise Financeira Internacional e Democracia nos Estados Unidos no Centro Sócio Econômico da Universidade Federal de Santa Catarina, na tarde da terça-feira (16). Augustus é professor do Agnes Scott College, em Atlanta, e foi convidado a palestrar pelo Programa de Pós-Graduação em Relacões Internacionais da UFSC.

Bem humorado e com um inglês carregado pelo sotaque do Sul dos EUA, ele comentou sobre as fronteiras entre a economia e a política do país para o auditório lotado.

Para o cientista, “hoje em dia, os EUA superou o pior da crise de 2008, mas a economia ainda não funciona muito bem. Funciona bem para os acionistas, investidores e corporações. Porém, para o cidadão comum, os tempos econômicos ainda são duros. Ainda temos três problemas: a recuperação tem sido lenta, o que é evidenciado pela alta no nível de desemprego, os postos de trabalho criados são precários e a renda ainda não foi recuperada”. Além disso, em decorrência do endividamento dos agentes microeconômicos, a correção da demanda enfrenta dificuldades.

A crise de 2008, que começa com as hipotecas e se estende aos bancos, instituições financeiras, dívida pública e atinge a economia mundial, é encaixada por Augustus no chamado ciclo de crise-reforma-estabilidade da Teoria da Regulamentação. “A economia requer várias instituições políticas e sociais para apoiar seu funcionamento. Nesse sentido é que surgem regras de propriedade, políticas monetárias e fiscais, direito do trabalho e regulamentação de mídia”, afirma.

Em oposição à estabilidade proposta pela teoria ortodoxa capitalista ou a ruptura do socialismo clássico, a teoria propõe reformas para contornar a crise. “Apesar de reformista, a Teoria da Regulamentação enfatiza a continuidade. Tenho problema em imaginar uma ruptura total”. Neste sentido, o cientista político vê a crise enfrentada atualmente como tempos de reformas estruturais na economia política e nas instituições políticas dos EUA. “Trata-se de um problema estrutural. Como um carro: o problema não é quem pode dirigir, mas qual tipo vamos ter e onde nós vamos”.

A respeito das reformas, o financiamento privado de campanhas políticas, também em discussão no Congresso brasileiro, foi problematizado na palestra. Há, na concepção do cientista, um esvaziamento da democracia pelo poder do capital, o que é nocivo para a democracia política e econômica. “Desde 1966, temos apenas uma eleição que não tem um Bush ou Clinton, exceto 2012. É mais aristocracia que democracia. O problema é que, nas eleições de 2015, se você vota para os republicanos ou para os democratas, está ciente de que votará em políticos corruptos. A corrupção nos EUA é legalizada”, pondera.

 

Fonte: UFSC

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